DEPUTADO MIGUEL MARTINI (PHS)
Questão de Ordem
Comenta a administração do ex-Governador Itamar Franco e do ex-Governador
Eduardo Azeredo. Comenta a aliança entre o Partido dos Trabalhadores - PT
- e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB - para garantir
apoio ao Governo Federal. Comenta a situação financeira do Instituto de
Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - IPSEMG.
Reunião
51ª reunião EXTRAORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 15/11/2006
Página 45, Coluna 1
Assunto ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL. REPRESENTAÇÃO POPULAR. PREVIDÊNCIA SOCIAL.
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 15/11/2006
Página 45, Coluna 1
Assunto ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL. REPRESENTAÇÃO POPULAR. PREVIDÊNCIA SOCIAL.
51ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA
15ª LEGISLATURA, EM 9/11/2006
Palavras do Deputado Miguel Martini
O Deputado Miguel Martini - Sr. Presidente, quero dizer ao nobre
Deputado Rogério Correia que nunca fui apoiado pelo ex-Governador
Itamar Franco. Ele foi, o partido dele foi, teve Secretaria, teve
tudo, então ele tem que fazer esse papel mesmo, tem que defender o
Governador Itamar Franco e aqueles que se deliciaram, concordaram
e apoiaram o governo Itamar Franco. Eu, não. Continuo pensando a
mesma coisa, nunca mudei e continuo dizendo aquilo que é verdade.
O Governador Aécio Neves assumiu o governo Itamar Franco com um
déficit de R$2.400.000.000,00.
E ele mistura a dívida fundada com o déficit orçamentário, mas são
coisas distintas. Na época da negociação da dívida, ela pode não
ter sido boa, e não foi boa para nenhum dos Estados, mas a
situação era muito pior, porque era preciso ir ao mercado captar
recursos para pagar juros de "overnight" para garantir a dívida
que foi herdada do passado e que também não foi feita no governo
Eduardo Azeredo.
Essa discussão é boa, principalmente vindo do PMDB e do Partido
dos Trabalhadores, pois mostra que tanto os Deputados do PMDB
quanto os do Partido dos Trabalhadores, que estão se alinhando em
âmbito federal, estão conscientes da necessidade de o governo
federal fazer um reescalonamento dessa dívida, de modo que
comprometa um percentual menor da receita orçamentária do Estado.
Essa é uma notícia até boa. O Estado de Minas Gerais fica
satisfeito com isso.
Dívida é uma coisa; déficit orçamentário é não ser capaz de gerir
o Estado no que ele recebe e no que ele tem que gastar. Isso
mostrou competência, o choque de gestão.
Há uma diferença muito grande entre ganhar uma eleição no primeiro
turno, com quase 80% de votos, e ter que ir para um segundo turno,
numa briga, e conseguir a vitória. Há uma diferença muito grande.
Ganhar no primeiro turno significa ter aprovação. O segundo turno
é uma escolha entre duas possibilidades.
Fui Presidente de CPI e de comissão especial sobre o Ipsemg no
governo anterior ao Aécio Neves e sei que o Ipsemg era um
desastre, um verdadeiro descalabro. Notícias sobre desvios e
corrupção chegavam à Assembléia toda hora. Lembro-me muito do
então Prefeito de Pedro Leopoldo, Deputado Marcelo Gonçalves, que
toda hora trazia notícias absurdas sobre o Ipsemg. E o que se
passa com o Ipsemg? A situação é grave. Fizemos esse debate há
pouco tempo, quando percorremos o Estado de Minas Gerais
discutindo sobre isso. O Ipsemg precisa ter uma melhor condição
financeira para dar um atendimento de qualidade à saúde,
principalmente no interior.
Isso significa que, se cair a obrigatoriedade - a ação está no
Supremo, com alguns votos dados -, a compulsoriedade de
contribuição, se a Assembléia, o Tribunal de Justiça, o Ministério
Público e o Tribunal de Contas deixarem de contribuir, o Ipsemg
não terá condições de atender aos servidores. Dependerá do governo
do Estado a continuação desse atendimento de qualidade. O Ipsemg
precisa, minimamente, que cada contribuinte pague em torno de
R$50,00 "per capita" para fornecer saúde de qualidade.
O governo do Estado não deseja prejudicar o Ipsemg. Pelo
contrário, isso poderá ser excelente para o instituto, porque o
pagamento está reescalonado em 30 anos. O Governador poderá pagar
muito antes disso, aumentando a cota do governo na área de saúde,
aumentando a cota do governo no Ipsemg e em outros setores, mas a
dívida não precisa constar contabilmente. Considero isso muito
oportuno. Conversei sobre esse assunto com o nosso companheiro que
realizou um trabalho belíssimo no Ipsemg, o Deputado Mauro Lobo,
que afirmou ser isso muito interessante para o instituto. Basta
que a dívida não conste contabilmente, porque, de alguma forma,
prejudicará o Estado de Minas Gerais como um todo. Não se deve
deixar de pagar o Ipsemg. Pelo contrário, pode antecipar-se a cota
de pagamento por meio do repasse de um percentual maior para a
área de saúde, o que viabilizará a saúde dos servidores do Ipsemg.
Como o ponto de vista sempre recai sobre determinados pontos,
necessitamos de todos os dados. Essa discussão é boa, o debate faz
bem, porque, com os dados objetivos colocados, com as reais
intenções expostas, poderemos fazer um julgamento. Pela fala do
Deputado que me antecedeu, parece que o governo pretende dar um
calote. É exatamente o contrário. O governo quer e precisa - até
porque é sua responsabilidade - viabilizar o Ipsemg. Para
viabilizá-lo, é melhor que essa dívida não esteja contabilmente no
Estado, mas que se faça um encontro de contas para que o Estado
possa repassar um percentual maior para cobrir esse débito num
prazo menor, e isso é possível, com ganhos para o servidor do
Ipsemg.
Se realmente for derrubada a obrigatoriedade de contribuição, o
Ipsemg precisa ser revisto. Não é necessário privatizá-lo. Já
chegamos a essa conclusão, porque é o maior plano de autogestão
com absoluta condição de funcionamento. Visitamos os Estados do
Paraná e de Goiás e verificamos que isso é perfeitamente possível.
Temos um mútuo que nenhum plano de saúde tem, temos um HGIP que
nenhum outro plano de saúde tem, temos uma equipe de servidores
que nenhum outro plano de saúde tem. Então, temos condições de
ofertar não apenas aos servidores estaduais, mas também aos seus
dependentes, aos servidores de Prefeituras e a outros servidores
um atendimento de qualidade, sem privatizar o instituto, que
continua sendo o Ipsemg dos servidores públicos de Minas Gerais.
Existem muitos modelos. Precisamos abrir a mente e o coração para
perceber que existem outras possibilidade e necessidades. Não
devemos ficar apenas com o discurso de que o Estado deixará de
pagar a dívida, de que não deseja pagá-la.
É o contrário; há muitas maneiras de viabilizar o Ipsemg, e nós
discutimos esse assunto. E uma delas é esta: se cair a
compulsoriedade, todos os servidores teriam de ser atraídos. Vimos
que o plano de saúde pode ser gerido pelo próprio Ipsemg, ao menor
custo hoje existente no mercado e com melhores condições de
atendimento. Percebemos isso em outros Estados e temos perfeitas
condições de fazê-lo aqui.
Em relação à política remuneratória, o governo está enviando o
projeto para cá, conforme combinado. Vamos proceder à discussão.
Se for preciso aperfeiçoar alguma coisa, isso será feito. A
intenção do governo é melhorar ainda mais a situação do servidor -
não com esse discurso assustador, que não encontra fundamento no
real.
As discussões devem ser realizadas, mas precisamos trazer dados
reais. O que é melhor para o povo mineiro? O que é melhor para o
servidor, especialmente para o Ipsemg de um modo geral? Temos
modelos extraordinários. Esqueçam. Privatizar o Ipsemg seria um
golpe contra o Estado, contra o servidor, contra tudo. Só mesmo
uma mente doentia faria tal coisa. Não há absolutamente nenhuma
necessidade disso, e os dados, os levantamentos, os cálculos
atuariais estão disponíveis.
Só para citar algumas informações, um plano de saúde estrutura-se
na sua área comercial, na sua área de publicidade e na contratação
de prestadores de serviço. O Ipsemg já tem os servidores e não
precisa de um departamento comercial, porque os servidores já têm
o desconto em folha. Ele precisa criar um modelo de autogestão,
perfeitamente possível com o mútuo maravilhoso que tem, que são os
servidores públicos do Estado de Minas Gerais, podendo agregar
servidores dos Municípios, de Câmaras Municipais. Mas não da forma
como era, em que, por exemplo, uma Prefeitura pagava R$10,00 para
cada dependente. Assim não tem condições. Aqueles que não são
servidores públicos estaduais podem contribuir com um valor maior,
que será infinitamente menor que o cobrado por qualquer plano de
saúde. Não se encontra no mercado plano de saúde a menos de
R$200,00 - um ruinzinho custa R$150,00. Com o Ipsemg
administrando, dá para fazer na faixa de R$80,00. Baixíssimo. É
mais ou menos a contribuição dos servidores da Assembléia.
O Hospital Governador Israel Pinheiro é extraordinário. Temos um
centro de atendimento odontológico de primeira linha. Nenhum plano
de saúde tem isso! Então, temos como fazer. Deputado Rogério
Correia, estou com V. Exa.: somente uma mente doentia poderia
pensar em privatizar o Ipsemg, porque não há nenhuma necessidade
disso. E podem ficar tranqüilos que não é neste governo que isso
acontecerá.