DEPUTADO LEONÍDIO BOUÇAS (PSC)
Discurso
Comenta reunião da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e
Informática para discutir a questão dos servidores administrativos que
trabalham nas superintendências regionais de ensino da Secretaria de
Estado de Educação e a situação dos professores designados da
Universidade Estadual de Minas Gerais - UEMG. Comenta e lê parte do
artigo do economista Gesner Oliveira, publicado pelo jornal "Folha de São
Paulo" intitulado: "Copa da Educação".
Reunião
36ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/05/2006
Página 31, Coluna 1
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL. EDUCAÇÃO. COMUNICAÇÃO.
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 24/05/2006
Página 31, Coluna 1
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL. EDUCAÇÃO. COMUNICAÇÃO.
36ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 18/5/2006
Palavras do Deputado Leonídio Bouças
O Deputado Leonídio Bouças* - Sr. Presidente, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, tivemos ontem, aqui no Plenário, uma reunião da
Comissão de Educação para discutir a questão dos servidores
administrativos da educação que trabalham nas superintendências.
Foi uma reunião muito proveitosa. Houve pronunciamentos de vários
Deputados desta Casa, como também dos representantes dos
servidores das superintendências e também da Presidente da Assuma,
uma associação criada para esses servidores das superintendências.
Hoje, pela manhã, tivemos uma reunião da Comissão de Educação,
presidida, mais uma vez, por nosso querido Presidente da Comissão,
Deputado Doutor Viana, que contou com um número muito grande de
pessoas, tanto que ocorreu no auditório. Lá se discutiu a situação
dos professores designados da Universidade Estadual de Minas
Gerais - Uemg -, os quais não estão encontrando solução para seus
problemas, uma vez que está sendo elaborado um edital para um novo
concurso público. Esses professores estão com medo de ficar ao
léu.
Há a situação de milhares e milhares de servidores que trabalham
nas cantinas e nos serviços gerais das escolas estaduais. São
servidores que trabalham há 20, 25, 28 anos, e que não têm o apoio
necessário para que possam permanecer no seu trabalho com
estabilidade, não obstante terem trabalhado todo esse tempo para o
Estado.
Estou citando esses casos para dizer o quanto temos de avançar
para resolver problemas que envolvem a educação. E, já que não são
resolvidos e estamos num emaranhado de outros problemas, como
podemos falar em resolver a questão da educação como um todo? Como
falar em educação de qualidade? Esses problemas envolvem essa
área, mas nem dizem respeito à educação de qualidade. Vejo, com
muita tristeza, o quanto se demora para que sejam resolvidos.
Há também alguns fatos positivos. Não poderíamos deixar passar em
branco, por exemplo, a lei aprovada pelo Congresso Nacional, que
vem corrigir uma distorção e coroar uma luta dos Diretores e dos
especialistas da educação. Além de trabalharem com profunda
dedicação para a educação, na hora dos seus processos de
aposentadoria, quando estão preparando-se para um descanso, depois
de longos e longos anos de trabalho, tinham um tratamento
diferenciado. Enquanto os regentes aposentavam com 25 anos, se
mulheres, e 30 anos, se homens, os Diretores e os especialistas -
que estão envolvidos na educação, mas não eram regentes - só se
aposentavam com 30 anos, se mulheres, e com 35, se homens.
Depois de muitas discussões nesta Casa, de uma grande luta na
Comissão de Educação, encaminhando requerimentos, entrando em
contato com o Congresso Nacional, com a Comissão de Educação da
Câmara Federal, tivemos, enfim, reconhecida a mudança. Isso foi
feito de uma forma muito inteligente, porque não foi preciso fazer
uma emenda à Constituição, não foi preciso mudar o texto
constitucional, mas foi feita uma explicação do que seria
considerado função de magistério para fim de aposentadoria. Quero
aqui hoje saudar e dizer, com grande alegria, o quanto a luta é
válida. Pena que se demora tanto a se alcançar uma solução
positiva para os trabalhadores da educação. O § 2º da lei diz:
“Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8º do art.
201 da Constituição Federal, são consideradas funções de
magistério as exercidas por professores e especialistas em
educação no desempenho de atividades educativas, quando exercidas
em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e
modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de
direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento
pedagógico”. Vejam a importância dessa semana, desse 10 de maio,
quando foi sancionada pelo Presidente da República essa lei,
aprovada pelo Congresso, que reconhece o trabalho de todos os
Diretores e especialistas envolvidos na educação.
Quero aqui, Sr. Presidente, dizer o quanto precisamos estar
atentos e imbuídos de fazer a revolução educacional em Minas
Gerais.
Tive a alegria de estudar em uma escola pública, nos anos de ouro
da educação pública. Estudei em uma escola polivalente. Essas eram
escolas-modelo em Minas Gerais. Quase todas as cidades de porte
médio de Minas Gerais tinham uma escola polivalente. Elas tinham a
idéia de criar jovens preparados para, além de desempenhar uma
função técnica, serem formados como verdadeiros cidadãos. Mas elas
acabaram ficando na história. Hoje as pessoas se referem às
escolas polivalentes somente como citação, porque são escolas
comuns. Na verdade, enquanto acreditávamos que todas as escolas
estaduais deveriam se transformar em polivalentes, o que víamos
era que as polivalentes se transformavam em escolas estaduais que
não ofereciam as condições necessárias para uma boa educação.
Ontem tive a oportunidade de ler uma pequena parte de um artigo
publicado no jornal “Folha de S. Paulo”, no dia 29 de abril, no
caderno de economia “Opinião Econômica”. O artigo foi escrito por
Gesner Oliveira, de 49 anos, Doutor em Economia pela Universidade
da Califórnia - Berkeley -, Presidente do Instituto Tendências e
ex-Presidente do Cade. Atualmente é Professor Visitante do Centro
de Estudos Brasileiros na Universidade Columbia.
Como ontem tive a oportunidade, em razão da exigüidade do tempo,
de ler apenas pequena parte desse artigo, várias pessoas nos
ligaram, no gabinete, solicitando que o comentássemos e lêssemos
em sua totalidade, o que farei neste instante.
Todavia, antes gostaria que todos refletissem sobre o seguinte:
por que países considerados pouco competitivos no passado, com
economias fechadas, como a China, países que eram mais atrasados e
considerados inviáveis há quatro décadas, como a Coréia e Taiwan,
conseguiram avançar e ficar com economias mais fortes que a do
Brasil? Por que, na década de 70, principalmente nos primeiros
anos - época chamada de milagre econômico brasileiro -, quando o
Brasil chegou a apresentar taxas de 10% de crescimento, todas as
crianças e jovens que estudavam acreditavam que o País seria uma
grande potência no ano 2000? Por que, naquele tempo, éramos
chamados de potência emergente?
Isso acontecia porque o Brasil apresentava níveis de crescimento
de 10%, e se faziam grandes investimentos em educação. Naquela
época, podíamos acreditar, de fato, que nosso país seria uma
grande potência. Entretanto isso não aconteceu nas décadas de 80 e
90. Esta apresentou crescimentos pífios e aquela foi considerada
perdida. Chamo a atenção para essa questão e gostaria que todos
que estivessem concentrados nesta reunião de Plenário, ouvindo-nos
pela TV Assembléia, em todas as cidades de Minas Gerais,
percebessem a importância desse artigo que passarei a ler, datado
do dia 29 de abril, Dia da Educação: (- Lê:)
“Opinião Econômica. Dr. Gesner Oliveira. Copa da Educação. Pouca
gente tomou conhecimento, mas ontem foi o Dia da Educação. O País
precisa acordar para o assunto. Se o Brasil for eliminado da Copa
da Alemanha, haverá luto nacional, mas, todos os dias, perdemos de
goleada nos bancos escolares, e tudo continua na mesma, ou pior.
Segundo as Nações Unidas, o País registra taxa de repetência
superior a 10% entre a 1ª e a 4ª séries do ensino fundamental. O
indicador para o Brasil é de 21% no ensino primário, igual ao de
Moçambique e superior ao de Camboja, 11%; Haiti, o país mais pobre
das Américas, 16%; e Uganda, 14%, para citar alguns países com
recursos significativamente mais limitados relativamente ao
Brasil.
O atraso é alarmante. A escolaridade média da população de 15
anos ou mais de idade era de 4,9 anos em 2000. É um número
inferior ao de vários outros emergentes, como a Índia, 4,9; a
China, 6,4; a Costa Rica, 6,1; e a Argentina, 8,8. E,
naturalmente, bem inferior ao de países desenvolvidos, como os
EUA, 12,1. Pouco mais de um entre cinco brasileiros tem pelo menos
o ensino médio".
O Sr. Presidente (Deputado Fábio Avelar) - O tempo de V. Exa.
está esgotado; por favor, conclua.
O Deputado Leonídio Bouças* - Conceda-me mais um pouco, pois,
pelo visto, mais uma vez não conseguiremos ler todo o artigo. Os
que desejarem ter acesso ao texto, por favor, entrem em contato
com o meu gabinete:(31) 2108-5373. Vou apenas ler os dois últimos
parágrafos. (- Lê:)
“Antes de mais nada, é preciso mudar a atitude. O mundo
globalizado não admite mais a acomodação na mediocridade. Um
exemplo apresentado por Andrés Oppenheimer, em debate recente na
Universidade de Miami, sobre a situação igualmente preocupante do
México, ilustra o problema. Recentemente, o “Times” divulgou lista
das melhores universidades do mundo, e a Universidade Autônoma do
México ficou na 96ª posição, 100 posições à frente da instituição
brasileira mais bem colocada.” Olhem que descalabro. Eles estão
100 posições à frente da melhor universidade brasileira.
“Em vez de lamentar, um jornal mexicano destacou o fato de a Unam
ser a melhor instituição mexicana!” Ou seja, é a melhor, mas é
medíocre em relação ao mundo. “Se o Brasil e o México pretendem
crescer, é hora de mudar de atitude. Não importa tanto ganhar ou
perder a Copa do Mundo, desde que se comece a trabalhar com
seriedade para ao menos se classificar daqui a duas gerações para
a Copa da Educação.”
Sr. Presidente, estamos vivendo um momento grave, mas, ao mesmo
tempo, muito bom. Grave porque a educação está no chão, e bom
porque, em Minas Gerais, o Governador Aécio Neves, com o apoio
desta Casa, conseguiu equilibrar o Estado de Minas, tornando um
déficit anual superior a R$2.400.000.000,00 coisa do passado. Isso
faz com que vivamos um momento em que podemos falar de uma
revolução educacional em Minas Gerais.
Uma revolução que dê exemplo para o Brasil e em que possamos
falar de fazer 50 anos em 5 na educação, lutando para que Minas
seja exemplo na educação e o melhor Estado para se viver. Está na
hora de termos uma atitude positiva, diferenciada, para fazermos a
revolução da educação.
* - Sem revisão do orador.