Pronunciamentos

DEPUTADO ANTÔNIO CARLOS ARANTES (PSC)

Discurso

Discurso de posse como Deputado na vaga da Deputada Elbe Brandão que assumiu o cargo de Secretária de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí e para o Norte de Minas.
Reunião 3ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 23/02/2006
Página 37, Coluna 4
Assunto (ALMG). DEPUTADO ESTADUAL.

3ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª LEGISLATURA, EM 21/2/2006 Palavras do Deputado Antônio Carlos Arantes Sr. Presidente, Deputado Fábio Avelar; Vítor Nósseis, Presidente Nacional do PSC; Geraldo Faria, Presidente do PSC em Minas Gerais; meu amigo Vítor Penido, ex-Prefeito de Nova Lima e Secretário Adjunto da Sedese; Deputado Elmiro Nascimento, meu amigo que nessa agonia toda, sempre me recebeu muito bem nesta Casa; querido Deputado Federal Carlos Melles, amigo e irmão. Nas pessoas de Geraldo Magela, Prefeito de Jacuí, e de Mauro Zanin, Prefeito de São Sebastião do Paraíso, cumprimento os demais Prefeitos presentes. Cumprimento também os ex-Prefeitos e Vereadores, na pessoa do Presidente da Câmara de Jacuí, Ernani Lopes Siqueira. Na pessoa do Dr. Márcio da Silveira, cumprimento os Vice-Prefeitos. Cumprimento, ainda, as lideranças presentes, senhoras, senhores, jovens, crianças e Deputados desta Casa, a qual tenho grande orgulho de integrar a partir de hoje. Ao longo de sua história, esta Casa Legislativa tem cumprido seu relevante papel com a sociedade, legislando, fiscalizando, propondo, debatendo e interpretando a voz do povo mineiro, independentemente de cor, religião, sexo ou ideologia. Necessitamos de coragem cívica para olhar de frente nossos problemas, que afligem a população e devem ser atacados com firmeza, energia e decisão, conscientes de que os interesses de Minas e do Brasil são o objetivo de nosso trabalho como parlamentares. Vale muito a política, vale muito ser político. O que não vale é a politicagem. Todo esforço que fizermos, as boas sementes que desenvolvermos, que conseguirmos plantar, darão uma colheita farta e melhor qualidade de vida para nossos filhos e para os filhos de nossos filhos. Neste momento importante de minha vida, recordo meu tempo de criança na roça. Vivo muito de sonhos, e Deus tem sido generoso. Tudo que sonhamos com pé no chão realizamos. Com a meninada, sonhamos com um belo campinho de futebol. Pegamos enxada, foice, limpamos e logo conseguimos o melhor campinho e o melhor time de criança. Sonhamos em organizar a juventude, para que pudessem plantar e colher melhor. Fizemos até mais. Sonhamos com um campo de futebol e com uma sede social para nos encontrarmos. Sem dinheiro, comprei um sítio. Tinha café para produzir. Fizemos o melhor campo, a melhor sede social, o melhor time de futebol da região. Sonhamos com uma associação para organizar os produtores, no meu querido Mato Dentro e na cidade de Jacuí. Conseguimos. Fomos modelo para o Brasil. Os produtores passaram a ter uma vida melhor, inclusive energia elétrica, que ninguém tinha. Passamos a ter boas estradas e a dar condições dignas de vida para o produtor, principalmente para o jovem. Ganhamos até prêmio. Na época, o Governador era Francelino Pereira. Ganhamos o Jipe de Bronze da Emater, órgão que muito nos ajudou. E aí o destino nos levou à política. Faltando pouco tempo para as eleições, o nosso candidato a Prefeito renunciou. Puseram-me no fogo, pois faria a disputa com um grande candidato, cujo grupo político era composto por pessoas sérias. Quis o destino que, aos 26 anos, me tornasse Prefeito. Sonhamos com uma Jacuí onde o povo tivesse mais ruas calçadas, onde os esgotos não corressem a céu aberto, onde o lixo não fosse mais jogado na beira dos rios e não se vissem crianças comendo tomates podres. Sonhamos com o nosso meio ambiente sendo protegido. Realizamos um belo projeto. Deus foi bom comigo, deu-me além do que sonhei. Aliás, em 1992, recebemos uma premiação, um dos poucos Municípios do Brasil que ganhou recursos financeiros, suficientes para fazer mais do que sonhávamos. O povo entendeu. Lançamos um candidato único a Prefeito, o Geraldo Magela, e todos o apoiaram. Quando os sonhos se realizam, logo sonhamos mais. Sonhamos ter um Deputado Federal. Na época, tínhamos um representante, mas os resultados eram pequenos. Depois, não apenas ganhamos um Deputado Federal, mas também um Ministro. Os nossos sonhos passaram a ser maiores, pois a nossa força política na região estava cada dia mais fortalecida. A tão sonhada estrada de Jacuí e as dos Municípios vizinhos se tornarão realidade. Tanta coisa que não imaginávamos aconteceu. Senti-me muito orgulhoso, pois fui um dos coordenadores da campanha desse Deputado, que, hoje, possui mais de 700 obras espalhadas por Minas Gerais. Há milhares de crianças que praticam esporte nas escolas, fruto daquele trabalho. Os sonhos crescem... Quis ser Deputado Estadual. Achava que dava. Quero trabalhar muito pela região e por Minas Gerais. O pessoal, que se dizia especialista, disse que 40 mil votos sobravam, que eu estaria na cadeira. Sonhei com os 40 mil votos e os tive. Consegui 40.579, mas a onda do PT levou grande parte das cadeiras que acreditávamos ser da nossa coligação. Paciência! Deus sabe o que faz. Considerei não ser o meu destino. Naquele momento, a Prefeitura de Paraíso, da nossa querida Prefeita Marilda Melles, passava por dificuldades políticas, não financeiras. Os resultados eram aparentes, mas a dificuldade se dava por causa de uma oposição ferrenha, que agia de forma desonesta. Ela, a cada dia, estava mais acuada, sofrida. O destino me levou a Paraíso. Provavelmente isso estava marcado. Sonhamos juntos, não é Prefeita? Sonhamos que faríamos de Paraíso uma cidade estratégica, que buscaria o seu potencial, ofereceria empregos, pois, onde eles existem, o povo tem comida na mesa, melhor educação e saúde, esporte mais fortalecido, e o povo se abre mais. Quem leu o jornal "Estado de Minas" no último mês - não me lembro da data -, viu que Paraíso foi classificada em 9° lugar como a cidade que mais gerou empregos num único mandato. Foram mais de 3 mil empregos com carteira assinada. Essa ação foi fruto de um sonho conjunto com a Associação Comercial, com o Dr. Aílton, um grande trabalhador, um grande Presidente. O Márcio da Silveira, na época Vereador, acelerava os projetos. Paraíso virou modelo. Se tomarmos a renda "per capita", Paraíso talvez seja o lugar que mais gerou emprego naquele momento. Não foram empregos voláteis, que somem, pois mais empregos estão sendo gerados. A Prefeitura ajudou demais: cedeu galpões, dinheiro para facilitar a vida, liberou financiamento para todos os lados, abriu parque industrial, doou terreno, tomando de uns e passando para outros. Sonhamos muito e tornamos os sonhos realidade, mas o nosso maior sonho era que, no dia em que ela entregasse o mandato, fizesse de cabeça erguida, feliz, e Deus realizou esse sonho. Sonhamos também em entregar a Prefeitura para uma pessoa honesta, correta e que entendesse de planejamento a longo prazo. E não ganhamos simplesmente um Prefeito, mas o homem mais preparado para administrar São Sebastião do Paraíso naquele momento: esse jovem Prefeito Mauro Zani, que também trabalhava conosco. Tanto é que hoje ele tem mais de 90% de aceitação popular, mesmo com todas as dificuldades políticas causadas pela Câmara de Vereadores. Sempre tivemos o sonho de fazer tudo isso juntos, e também sonhei sentar numa cadeira nesta Casa - a última cadeira, meu Presidente, pois serei o Deputado mais simples. Falando nisso, olhei a relação dos Deputados e vi que está faltando um tipo de representante. Aqui temos engenheiros, médicos, dentistas, empresários, mas me parece, se não me engano, que não temos um pequeno produtor da roça, que sabe o que é capinar café, tirar leite, etc. e que tem como atividade principal uma lavoura de café, algo com que tanto sonhei. Ela é pequena ainda, mas me dá muita alegria, apesar de estar dando prejuízo ultimamente. Está difícil, mas não é incompetência minha, já que a produtividade do Brasil é de 15 sacas por hectare e tenho conseguido quase 50. Mas o momento é difícil. Posso dizer que o sonho de sentar-me nesta cadeira talvez seja o único da minha vida que se tornou um pesadelo. É humilhação chegar a uma Secretaria e se identificar como suplente de Deputado. Até explicar para a secretária o que era suplente, de Deputado e de que Deputado era suplente, quase perdia a paciência. Nunca perdi, mas ficava chateado e sonhava não em ter o cargo para chegar de cabeça erguida falando ser Deputado, homem forte que manda e desmanda, mas em ter o poder de transformar e melhorar a condição de vida das pessoas, em olhar para trás e ver minha marca do bem. Sonhava a cada 15 dias, a cada semana, pensando que, na próxima semana, daria certo ou que, daí a 15 dias, daria certo. Havia uma briga jurídica que nunca entendi. Mas isso faz parte; talvez seja porque Deus preparou a hora certa, e a hora é agora. A hora é agora, e posso dizer a vocês que tudo que pedi a Deus está acontecendo. Sonhei em me casar com uma pessoa boa, honesta e de família boa, e consegui. A minha esposa é muito melhor do que a que pedi a Deus. Tenho dois filhos saudáveis que sonhei ter. Então, tenho que agradecer muito a Deus os amigos que possuo, as pessoas que acreditam em nós e, principalmente, tenho que agradecer a força que Ele me dá. Eu não fraquejo, não desanimo. Sei que tenho dificuldades, mas a vida é passageira, e o que plantamos nós colhemos. Plantarei com vocês dentro desta Assembléia. Vamos plantar. Plantarei um trabalho sério e buscarei junto com vocês fazer as coisas renderem em todos os sentidos para os quais tenho uma certa aptidão, mas ressalto que estou muito voltado para a geração de emprego. Como disse antes, onde há emprego, há vida melhor. E estarei muito voltado também para o café e o leite, porque o café é que movimenta a maior parte da economia dos Municípios do nosso Estado. Meus amigos, é bonito ver como o Brasil está produzindo café. A produtividade está crescendo, dobrando. Por outro lado, é triste ver o produtor cada dia mais quebrado, mais desesperado; ver um país exportar tanto café e, junto com suas sacas, o suor do trabalhador, das pessoas que fazem o grão existir e tornar-se pó. Da movimentação financeira de 90.000.000.000 gerados pelo café no mundo, passam pela mão do produtor 8.000.000.000 ou 9.000.000.000, quer dizer, nem 10%. E o pior é que esse dinheiro não significa lucro, porque o custo da produção sempre é alto. É triste ver um governo federal que não pensa com clareza a questão do quanto o café movimenta a economia e da margem de ganho do produtor. É triste também ver um Estado em que o leite está espalhado em todos os municípios - até em Belo Horizonte, há produção de leite -, e o produtor vende o litro de leite por até R$0,30. Que absurdo! E o consumidor paga por esse litro de leite cerca de R$1,20. O meu trabalho será voltado para esse rumo. Apresentarei denúncias, ajudarei e buscarei parcerias e formas de se melhorar a vida do produtor. Essa é a minha missão. Vim para esta Casa, meus amigos Prefeitos, para trabalhar junto ao nosso Governador Aécio Neves, que diz muito e com propriedade que o governo federal, hoje, concentra quase 65% do que se arrecada de impostos do povo. Os Estados ficam com 25% desse bolo, e os Municípios, onde as coisas acontecem, onde mora o cidadão que, no dia-a-dia, está com os Prefeitos e Vereadores, ficam com menos de 14%. Serei um soldado junto ao Governador Aécio Neves para mostrar a importância de se fazer uma reforma administrativa, política e tributária, principalmente. Trabalharei junto ao Governador, em quem acredito muito e de quem tenho muito orgulho. Fui Prefeito por três mandatos, quando foram Governadores Newton Cardoso, Hélio Garcia, Eduardo Azeredo e Itamar Franco. Alguns tiveram marcas importantes, como no caso da Lei Robin Hood, no governo do Eduardo Azeredo, a qual alimenta, ajuda hoje muitos municípios e se tornou a sua base. Posso dizer que governo que planeja e tem credibilidade, como o do Governador Aécio Neves, não é brincadeira. Antes, se se falasse em vender para o Estado, ninguém queria; mas hoje todos querem vender para o Estado, porque recebem de imediato. Com a base deste governo, com o Governador Aécio Neves, de quem tenho muito orgulho - aliás, nos últimos três meses, fui seu assessor -, buscarei formas e parcerias para que nossa região melhore muito. Para terminar, sonho que se sonha junto torna-se realidade; sonho que se sonha sozinho é simplesmente um sonho. Quero sonhar com vocês, mais agora, um outro sonho. Não se trata de ser Presidente desta Casa ou Governador. O meu sonho é que, daqui a certo tempo, não muito distante, os políticos, as lideranças, as pessoas informadas da região olhem para trás e vejam a nossa marca em todas as cidades: esgoto tratado, rua limpa e calçada, iluminação, empresas espalhando emprego para todos os lados. Vamos buscar isso, não é Jamil? O Jamil gosta muito de ajudar nisso. Esse é o meu sonho, a minha vontade: fazer a nossa região, o nosso Estado, crescer e melhorar, e o povo olhar e dizer: "Minas Gerais ganhou com a ida do Antônio Carlos para a Assembléia, assim como a nossa região e o povo. A distribuição de renda, hoje nosso maior problema, melhorou para todos nós". Esse é o meu sonho. Ajudem-me a realizá-lo! Muito obrigado a vocês.