DEPUTADO ERMANO BATISTA (PSDB)
Questão de Ordem
Transcurso do 100º aniversáro do vôo do 14 - Bis.
Reunião
2ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/02/2006
Página 30, Coluna 2
Assunto CALENDÁRIO. TRANSPORTE.
Legislatura 15ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/02/2006
Página 30, Coluna 2
Assunto CALENDÁRIO. TRANSPORTE.
2ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª
LEGISLATURA, EM 16/2/2006
Palavras do Deputado Ermano Batista
O Deputado Ermano Batista - Sr. Presidente, não se trata,
naturalmente, de uma questão de ordem a respeito de dificuldades
na interpretação do Regimento Interno desta Casa, mas sim de uma
questão de ordem cívica que diz respeito a assunto do interesse de
Minas Gerais que esta Casa não pode jamais olvidar. O nosso torrão
mineiro tem, sem a menor dúvida, o privilégio de ter servido de
berço para as figuras mais notáveis que escreveram de maneira
excepcional as páginas mais gloriosas da nação brasileira em todos
os setores das atividades humanas.
Minas Gerais, costumadamente, sempre foi o celeiro de onde saem
os melhores produtos da inteligência, do arrojo e da criatividade
no concerto dos Estados brasileiros. A inibição para acreditar e
realçar aquilo que é nosso torna relegada a nossa memória cívica.
Raramente colocamos no devido pedestal as figuras locais mais
iluminadas e que efetivamente foram aquelas construtoras deste
país. Devemos, sim, convir que raramente, entre nós mesmos, essa
fantástica participação tem merecido o destaque à altura por parte
dos nossos próprios conterrâneos, seja por modéstia, seja por
omissão. Freqüentemente conterrâneos nossos são mais lembrados
alhures e também ali festejados de uma forma muito mais efusiva
que entre nós, do que certamente resulta um prejuízo
incomensurável para as nossas tradições.
Triste verdade é essa do menosprezo aos nossos valores mais
ternos, enquanto essas mesmas lideranças são bem reverenciadas
fora da linha demarcatória de Minas e, nesse caso, proposital ou
não, quase sempre com o esquecimento daquele aspecto de
mineiridade daquele que se tomou célebre. E então falta aquele
brio, aquele orgulho pelos feitos de nossos personagens que se
fizeram expoentes em suas respectivas áreas. Por modéstia ou
negligência, é certo que temos cometido omissões em relação às
nossas próprias grandezas, mas nunca será tarde para resgatar
esses valores e para que eles não se percam num olvido
imperdoável. Convenhamos que um povo realmente culto preserva seus
valores, defende-os, enaltece-os, porque tal ato é, além de justo
reconhecimento, um modo salutar de construir a alma dos
autóctones.
Entre tantos expoentes destas Minas Gerais, destaca-se, Sr.
Presidente e nobres pares, a figura ímpar de Alberto Santos
Dumont, o grande Pai da Aviação! O seu invento, na verdade,
revolucionou o mundo porque o fez integrado, pois que o domínio do
espaço encurtou distâncias e estabeleceu elos profundos entre os
povos para todo o sempre. Assim, o significado de seu trabalho é
incomensurável! No ano em curso, mais precisamente no dia 23 de
outubro, comemorar-se-á o centenário do vôo do 14-Bis, que,
afinal, se constituiu na efetiva conquista do espaço pelo homem.
Foi com o deslumbramento da nossa paisagem acidentada, alegre e
desafiante que, tentando superar com a imaginação as montanhas de
nosso Estado, surgiu no moço Dumont a invencível e irredutível
vontade de voar. Entre o homem, a terra e a idéia, há, destarte,
um elo profundo que dignifica a imortal criatividade mineira.
Alberto Dumont nasceu em Cabangu, nos arredores da hoje nobre
cidade de Santos Dumont, no ano de 1873. Ele era filho de
engenheiro e neto de um joalheiro francês. Seu pai, Henrique,
adoece em 1891, e a família se transfere para Paris, onde ele viu
as experiências com balões e conheceu o motor de explosão,
casamento esse de instrumentos úteis, que, de fato, fez nascer o
excepcional projeto na imaginação do jovem. Ele persiste na idéia,
ganha prêmio contornando a Torre Eiffel em tempo recorde num
balão, faz inúmeras experiências e, afinal, consegue voar no
primeiro aeroplano da história em 1906. Tal saga resultou de uma
árdua tarefa, até porque, além da escassez de recursos, havia
também a escassez de meios, donde serem muitos os obstáculos para
a consecução da idéia. Foi o desejo inquebrantável, a capacidade
inventiva do Pai da Aviação, o principal fator do seu êxito.
É de notar, no entanto, que, apesar da magnitude de sua obra,
Santos Dumont era, bem no estilo mineiro, um cidadão modesto,
destituído de vaidades, que desdenhava as honrarias. Nem por isso,
havemos nós de esquecer o seu grande feito, saído da imagem das
entranhas de Minas na intuição predestinada daquele ilustre e
aguerrido conterrâneo nosso. Poucos, raros são, entretanto, os
monumentos dedicados a essa imortal figura, particularmente em
nosso Estado e especialmente em nossa Capital. Não importa o que
será preparado alhures ou em outros escalões nacionais, mas é
importante - até um dever cívico de nossa parte, um ato de
preservação da memória histórica - que se faça aqui uma
comemoração condigna no transcurso dos 100 anos do vôo do aparelho
mais pesado que o ar.
Ora, se tudo começou em Minas, aqui deve necessariamente estar o
principal monumento que relembrará o feito e a figura. Nada mais
justo que, no lugar mais proeminente de nossa Capital, se erga um
monumento, a inaugurar-se solenemente em 23 de outubro, que leve
para os nossos pósteros o reconhecimento do mérito do notável
aviador. Por razões óbvias poder-se-ia erigir uma réplica do 14-
Bis em Belo Horizonte, que ficaria como o símbolo da cidade, como
o Cristo Redentor e a Torre Eiffel simbolizam o Rio de Janeiro e
Paris. Poderia ser em aço ou concreto, em tamanho adequado,
naturalmente, próximo ao ponto mais alto da Serra do Curral, bem
visível para todos os belo-horizontinos e de quem visita a
Capital, imortalizando a obra de um grande conterrâneo nosso.
Por essas razões, Sr. Presidente, peço a V. Exa. que submeta à
apreciação dos nobres pares, se não agora, oportunamente, o
requerimento que apresentarei. ( - Lê:)
“O Deputado Ermano Batista, que abaixo subscreve, requer de V.
Exa., cumpridas as formalidades legais, seja indicada ao Exmo. Sr.
Governador do Estado, Dr. Aécio Neves, a oportuna, justa e
imperiosa necessidade de se erguer, com os recursos disponíveis no
orçamento, um monumento em que se comemore, de maneira condigna,
os 100 anos do vôo do 14-Bis pelo ilustre conterrâneo nosso,
Alberto Santos Dumont, a ser comemorado em 23/10/2006, ano de seu
centenário.”
Este é o requerimento que submeto à apreciação de V.Exa. e dos
nobres pares, muito obrigado.