DEPUTADO ANTÔNIO CARLOS ANDRADA (PSDB), Autor do requerimento que deu origem à reunião especial.
Discurso
Legislatura 15ª legislatura, 2ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 18/12/2004
Página 74, Coluna 4
Assunto CALENDÁRIO. COMUNICAÇÃO.
Proposições citadas RQS 1453 de 2004
65ª REUNIÃO ESPECIAL DA 2ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª LEGISLATURA, EM 14/12/2004
Palavras do Deputado Antônio Carlos Andrada
Exmo. Sr. Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Mauri Torres; Exmo. Sr. Secretário de Estado de Governo, Deputado Federal Danilo de Castro, representando o Exmo. Sr. Governador do Estado, Dr. Aécio Neves; Exmo. Presidente do jornal “O Tempo”, Deputado Federal Vittorio Medioli; Exmo. Sr. Prefeito de Contagem, Ademir Lucas; senhoras e senhores Deputados, prezados convidados e convidadas, telespectadores da TV Assembléia, constitui motivo de infindáveis discussões, na atualidade, a questão da importância dos meios de comunicação, bem como da influência que as várias faces da imprensa - escrita, falada, televisada e, agora, informatizada - exercem sobre a vida dos cidadãos. Entretanto, se é verdade que o avanço tecnológico ampliou extraordinariamente o raio de ação da mídia, também é inegável que a relevância do jornalismo para a humanidade não é de hoje: diríamos mesmo que vem dos tempos de Gutemberg, quando o genial inventor viabilizou, com a ferramenta da impressão, a existência continuada e dinâmica da imprensa escrita. De lá para cá, a ação jornalística tem-se caracterizado por envolvimento dinâmico e participante, sendo muitos os fatos e muitos os personagens que a enriquecem. Tem sido assim em todo o mundo e, muito a propósito, tem sido assim também no Brasil.
A história da imprensa brasileira está indissoluvelmente ligada à figura de Hipólito da Costa, que editou o primeiro jornal brasileiro de que se tem notícia, ainda nos primórdios do século XIX. Foi ele quem, movido por espírito pioneiro e lutando contra o obscurantismo do Brasil Colônia, conseguiu publicar, a partir de Londres, aquele periódico em língua portuguesa que foi a verdadeira “cellula mater” do jornalismo pátrio. Se a iniciativa de Hipólito da Costa foi de vida breve, ela teve o mérito de iniciar o processo que valeu a ele o epíteto de “Patrono da Imprensa Brasileira”. Desde então, floresceram e continuam a pontificar em nosso País grandes jornais e grandes jornalistas. Entre esses profissionais de relevo, ocorre-nos, ainda no Império, a figura de José do Patrocínio, um dos mentores do movimento abolicionista, e, já no século passado e na época contemporânea, nomes como Assis Chateaubriand, Pereira Carneiro, Samuel Wainer, Carlos Lacerda e Roberto Marinho. Quanto aos jornais, todos os conhecemos, pelo que vamos aqui citar, de momento, apenas aquele em razão do qual ocupamos hoje esta tribuna: o jovem jornal “O Tempo”, ora comemorando seus oito anos de fundação!
Foi exatamente em 21/11/96, que “O Tempo” circulou pela primeira vez. Idealizado para ser aquele informativo que, sob ótica imparcial, levasse a seus leitores a versão real dos fatos e, paralelamente, nunca deixasse de formular a crítica construtiva, vemos que ele foi fiel, desde o primeiro número, a essa filosofia. De fato, é significativo verificar que as manchetes da primeira página do número inaugural diziam respeito ao Projeto Jaíba - de fundamental importância para a agroindústria mineira - e ao processo de privatização da Vale do Rio Doce. De lá para cá - e sob a batuta de Vittorio Medioli e de seus colaboradores -, a imparcialidade e a informação acurada se repetem, dia após dia, nunca desapontando seus milhares de leitores.
Vejamos, por exemplo, as manchetes do jornal no dia 23/11/2004, data essa que escolhemos aleatoriamente e que nos resulta não pouco significativa: os riscos de sinistro a que está sujeito o patrimônio arquitetônico de Ouro Preto; a chacina dos sem-terra no vale do Jequitinhonha; a visita do Presidente da Rússia, Vladmir Putin; a situação do comércio informal em Belo Horizonte; e - por fim e não menos importante - o déficit zero conseguido pelo Governo Aécio Neves nas finanças estaduais, eis algumas das notícias veiculadas. É todo um panorama da vida mineira e brasileira que o jornal nos oferece, indo de problemas e criticidades a enfrentar até a realidade auspiciosa que o Governador Aécio Neves viabilizou, equilibrando as finanças de nosso Estado.
E se, por assim dizer, adentrarmos as páginas do jornal, iremos constatar que nada falta para que o leitor se sinta em dia com a situação. São 34 páginas e 3 cadernos, em dias úteis, dando cobertura idônea ao que se passa em Minas, no Brasil e no mundo. As atualidades, a política, as colunas de opinião, a economia, os esportes, a realidade urbana e do campo e o noticiário internacional, tudo nele se insere para confirmar que a “aldeia global”, graças aos meios de comunicação, é uma realidade palpável para a humanidade.
Integrando o complexo empresarial da Sempre Editora, “O Tempo” mantém convênio e se vale dos serviços editoriais de alguns dos mais prestigiosos órgãos da mídia mundial, tais como “The Times”, de Londres, “The New York Times” e Associated Press. Filiado à Associação Nacional de Jornais, vincula-se no Brasil à Agência Folha, Agência Estado e Agência Globo. É toda uma cadeia de informações que o jornal disponibiliza e que dele faz uma fonte confiável de dados e fatos de interesse.
Outra iniciativa da Sempre Editora que merece destaque é o semanário “Pampulha”. Atualmente com uma tiragem de 116 mil exemplares, o “Pampulha” já se incorporou aos hábitos do belo-horizontino que o recebe gratuitamente em sua casa e nele tem o complemento ideal para suas leituras de fim de semana. É mais uma iniciativa vitoriosa de quem comanda, e bem comanda, essa estrutura jornalística exemplar.
Sim, porque por trás de toda grande obra, existe sempre um grande homem, da mesma forma que por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher. É o caso do nosso “O Tempo”, no qual avulta a figura ímpar de Vittorio Medioli, e ao lado de quem encontramos a presença marcante de sua esposa Laura. Na verdade, falar do jornal sem falar dos dois seria trabalho incompleto e falta de reconhecimento a quem de direito.
Comecemos, então, com nosso amigo Vittorio. Italiano de nascimento, aportou no Brasil no auge de sua capacidade realizadora, já como empresário de sucesso em sua terra natal. Sua missão original entre nós era a de colaborar no processo de implantação da FIAT, que se instalava em Betim graças à visão do Governador Rondon Pacheco. Aqui montou ele um complexo logístico e de transportes que hoje é modelo, e sem o qual a FIAT não conseguiria chegar onde chegou. A associação entre Medioli e a multinacional piemontesa traduziu conjunção de talentos e de arrojo, e resultou do fato de ambos acreditarem no Brasil. Pois foi por acreditar no Brasil que ele se fixou em Minas Gerais, aqui constituiu família, naturalizou-se brasileiro e partiu para outros setores que sua competência exigia. Elegeu-se - já agora por vários e sucessivos mandatos - representante do povo mineiro na Câmara dos Deputados, onde sua atuação tem-se pautado pela lucidez, dedicação, habilidade e patriotismo. E fez-se jornalista, ao assumir a liderança do jornal “O Tempo”, que hoje temos a oportunidade de homenagear no Palácio da Inconfidência.
Enganaram-se, no entanto, os que acreditavam que Vittorio Medioli tomava as rédeas de “O Tempo” apenas como mais uma iniciativa empresarial a agregar ao rol de seus muitos êxitos. Ele foi além e provou que tem o jornalismo nas veias, inclusive assinando uma coluna no jornal, a qual se tornou seguro referencial para aqueles leitores em busca de posicionamento sobre a realidade socioeconômica brasileira. Veja-se, por exemplo, a coluna de 18 de novembro último, sob o título de “Ruptura da Credibilidade”: ali, Medioli analisa a recente crise ocorrida na Presidência do Banco do Brasil, em função de irregularidades havidas. Lembra ele que o Governo Federal, que assumiu apresentando-se como protótipo de ética, desde o princípio vem-se perdendo num emaranhado de escândalos fomentados pelo autoritarismo e pela partidarização. É um aspecto delicado da situação brasileira, que Medioli analisa com isenção, servindo-nos de alerta para que não nos transformemos naquela república populista e sectária que pensávamos só existir nos arquivos da história.
Aliás, demonstrando que o bom jornalismo é inerente à família, a Sra. Laura Medioli - a quem daqui cumprimentamos com respeitosa admiração - vem também dando sua contribuição valiosa à organização jornalística do marido. Aí estão suas crônicas em o “Tempo” e no semanário “Pampulha”, em que aborda os mais variados assuntos da atualidade com aquela sensibilidade que a todos cativa e com aquela inteligência com que a todos se impõe. A ela, estendemos nossa afetuosa homenagem, parabenizando-a por ser a esposa dedicada que é e por ter-se afirmado como profissional competente.
Senhoras e senhores, Hipólito da Costa precisou sair do Brasil para se tornar o Patrono da Imprensa Brasileira. Vitorio Mediolli fez trajetória inversa e saiu da Itália para se afirmar como um dos principais jornalistas brasileiros. Entretanto, a ação de ambos - descontadas a distância do tempo e a conjuntura socioeconômica tão diversa - em muito se parece na brasilidade: o primeiro era brasileiro de nascimento, e o segundo é brasileiro de coração e por livre escolha.
Foi esse vínculo poderoso com nossa terra que os fez ir adiante, consolidando uma obra de que - no caso de Medioli - somos testemunhas oculares.
Esta Assembléia tem sido particularmente feliz na escolha das entidades e das pessoas que homenageia. Aqui temos reverenciado, em nome do povo mineiro, aquelas e aqueles que constituem unanimidades positivas para esse mesmo povo. O jornal “O Tempo”, em menos de uma década, conseguiu inscrever-se no rol dessas unanimidades graças ao nível de jornalismo que abraça. Ora, acontece que jornalismo é feito por jornalistas, e Vittorio Medioli soube cercar-se de alguns dos melhores jornalistas mineiros. Com ele, entre muitos luminares, labutam nas oficinas de “O Tempo” profissionais como Luiz Tito, Teodomiro Braga, Marcos de Oliveira e Souza, Almerindo Camilo, Lúcia Castro, Antônio Siúves e Sérgio Nigri. A apoiá-los, temos um corpo editorial de primeira, no qual destacam-se os nomes de Aline Reskalla, Américo Ventura, Aurélio José, Frederico Duboc, Leida Reis, Michele Borges da Costa, Oriana Panicali, Paulo Camargos e Victor de Almeida. E a todos esses se juntam os muitos colunistas, cronistas, redatores, repórteres, fotógrafos e funcionários - cujos nomes deixamos de citar pela natural impossibilidade -, os quais, cada um em sua área, contribuem para fazer de “O Tempo” um jornal de nossos tempos, mas que se projeta além do tempo. A todos, nossas felicitações pelo belo trabalho e pela inestimável colaboração que prestam à opinião pública mineira.
Devemos confessar que a tarefa de falar sobre nosso homenageado de hoje nos entusiasma particularmente. Mas - já que esse entusiasmo pode levar-nos a incidir na prolixidade - vamos encerrar nossas palavras, dizendo da oportunidade e da importância de que se reveste, para o povo mineiro, a homenagem que prestamos a “O Tempo”. Afinal, trata-se de reconhecer o jornalismo sadio, completo e imparcial em que ele se empenha, numa época como a atual, quando a informação jamais teve tanta influência na vida das nações. Parabéns, “O Tempo”. E que continue, por muitas gerações, com sua missão de informar e construir. Muito obrigado.”