Pronunciamentos

DEPUTADA CECÍLIA FERRAMENTA (PT), Co-autora do requerimento que deu origem à reunião especial.

Discurso

Homenagem à luta operária.
Reunião 34ª reunião ESPECIAL
Legislatura 15ª legislatura, 1ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 28/11/2003
Página 31, Coluna 2
Assunto CALENDÁRIO. TRABALHO. DIREITOS HUMANOS.
Proposições citadas RQS 902 de 2003

34ª REUNIÃO ESPECIAL DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 15ª LEGISLATURA, EM 21/11/2003

Palavras da Deputada Cecília Ferramenta

Boa noite a todas e a todos. Prezada Sra. Presidente, Deputada Jô Moraes, prezados componentes da Mesa, prezados participantes desta solenidade, senhoras e senhores homenageados, é uma grande satisfação estar aqui nesta noite, junto com tantos amigos e antigos conhecidos, ao lado de quem travamos inúmeras batalhas pela democracia.

Reunir tanta gente histórica, companheiros valorosos que ousaram enfrentar a tirania e lutar contra a exploração do homem pelo homem, num tempo em que a repressão era violenta, é também um resgate da nossa história.

A solidariedade, a pluralidade de pensamentos e a democracia são marcas que queremos destacar, ao lembrar e homenagear as importantes lutas que fizeram do movimento negro um marco da liberdade e do movimento operário a vanguarda da construção da modernidade. O massacre dos trabalhadores ocorrido em uma das portarias da USIMINAS foi um triste episódio do desenvolvimento histórico do movimento operário brasileiro.

Quando propusemos esta reunião especial, juntamente com as Deputadas Jô Moraes e Maria Tereza Lara, pretendíamos, além da justa homenagem, fazer o nosso agradecimento a todos aqueles que, de alguma forma, em algum momento de suas vidas, levantaram-se contra a opressão, reagiram à injustiça e enfrentaram a desigualdade. Naquela época, estávamos no preâmbulo dos anos de chumbo da ditadura militar. Refiro-me ao massacre de Ipatinga, que o próprio movimento operário tratou de combater. Mas é bom lembrar que foi também na USIMINAS, em 1984, 21 anos depois do massacre, e já no final do regime de exceção, que surge um movimento operário marcante para a história do sindicalismo nacional.

Quero ainda homenagear, neste momento, os ex-Deputados que tiveram suas origens políticas na luta operária. O exemplo dos senhores faz parte da nossa história. Mas, se temos fortes exemplos de operários conscientes de sua função e de seu compromisso social, é de extrema importância também ressaltarmos o papel, muitas vezes esquecido, das mulheres dos operários. Aqui falo com conhecimento de causa. É com a experiência de quem viveu nos bastidores, dando força, confortando, incentivando, cuidando dos filhos, da casa e, ao mesmo tempo, indo às ruas e às praças para as lutas necessárias, que queremos homenagear todas aquelas que, de uma forma ou de outra, participaram da causa operária. A Sra. Maria Dias Martins é viúva do operário Alvino Ferreira Felipe, morto no massacre de Ipatinga, em 7/10/63. D. Maria, sabemos das dificuldades pelas quais passou e da força que teve para enfrentá-las. A senhora é um exemplo para nós, mulheres ligadas à política e ao trabalho em nosso Estado.

Homenageamos também a Sra. Solange Glória Dias, viúva do metalúrgico Leonardo Diniz, ex-Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de João Monlevade e ex-Prefeito daquela cidade. Solange sempre esteve ao lado do marido, acompanhando-o e apoiando-o nas lutas operárias da região e em todos os seus reconhecidos atos da vida política.

Rendemos ainda nossas homenagens a uma grande profissional que esteve sempre ao lado da causa operária, com destaque na luta pela organização dos trabalhadores. A advogada e professora Ellen Mara Ferraz Hazan sempre demonstrou, além de grande competência e empenho quando o assunto era a luta por melhores condições de vida da classe operária, forte espirito humanista e acuidade intelectual. Ellen é profissional e militante a favor dos trabalhadores.

Termino afirmando que Minas Gerais e o Brasil podem ser lugares ainda melhores se não deixarmos nunca que se apaguem de nossa memória os bons exemplos, como o da resistência da raça negra e o da luta operária. A chama da esperança, coragem e determinação que esses movimentos carregam são ingredientes fundamentais na construção da cidadania. Muito obrigada e um grande abraço.