DEPUTADO DINIS PINHEIRO (PL)
Discurso
Comenta a elaboração da pauta e a inserção de projetos de lei a serem
apreciados pela Assembléia Legislativa.
Reunião
417ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/12/2002
Página 23, Coluna 1
Assunto (ALMG).
Aparteante Sargento Rodrigues.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 10/12/2002
Página 23, Coluna 1
Assunto (ALMG).
Aparteante Sargento Rodrigues.
417ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 3/12/2002
Palavras do Deputado Dinis Pinheiro
O Deputado Dinis Pinheiro* - Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, imprensa aqui presente, galeria, uso esta tribuna, com
muita tranqüilidade, para manifestar minha preocupação com a forma
como é feita a pauta para inserção de projetos a serem apreciados
por esta augusta Casa. Observo e chamo a atenção dos assessores
que aqui se encontram sobre a morosidade desta Casa diante de
assuntos altamente importantes para Minas Gerais, principalmente
no que diz respeito a projetos de grande alcance social. Manifesto
essa minha preocupação, essa minha apreensão. Nesta Casa existem
mais de 500 projetos de lei paralisados, engavetados, intocáveis,
mesmo diante do grande clamor do povo mineiro. Vou listar alguns
para que o Sr. Presidente preste muita atenção e para que todos os
Deputados possam ter ciência dos acontecimentos.
É do conhecimento, principalmente da nossa imprensa, a nossa luta
para aprovar um projeto de grande alcance social, muito debatido
por esta Casa e pela sociedade mineira, que trata da
redistribuição de ICMS em Minas Gerais. Desenvolvemos inúmeros
esforços para aprovar o ICMS solidário, que iria beneficiar,
ajudar, atender, socorrer mais de 15 milhões de mineiros. Esse
imposto visa impedir que cidades milionárias continuem recebendo
recursos indevidamente, à custa do suor, do sofrimento, da
penúria, da tristeza de mais de 15 milhões de mineiros.
Relembro as palavras empenhadas, principalmente dos dirigentes
desta Casa, quando afirmavam categoricamente que ele seria
inserido na pauta, que seria colocado em votação. Pobres palavras!
Talvez seja votado no ano que vem ou daqui a 10, 15 anos. Por
isso, hoje, mais uma vez, uso esta tribuna, tribuna do povo, para
repudiar a forma como os projetos são inseridos na ordem do dia. É
inaceitável que projetos como esse, importantíssimos, fiquem
paralisados, como se aqui estivéssemos vivenciando um regime muito
similar ao da ditadura, contrariando o exercício pleno da
democracia, que esta Assembléia Legislativa tem o dever e a
obrigação de buscar constantemente.
Relembro o Projeto de Lei nº 1.562, deste modesto Deputado, sobre
a discriminação aos portadores de HIV, que, até hoje, não foi
incluído na pauta para ser votado.
Relembro também o projeto de lei de nossa autoria cujo objetivo é
eliminar um grande cartel existente no DETRAN de Minas Gerais,
para melhorar os serviços prestados ao povo mineiro, gerar
empregos e riqueza e acabar com o cartel das clínicas
especializadas em nosso Estado. Até hoje esse projeto está
paralisado. Relembro a nossa luta ao combater essa indústria de
multas existente em nosso País. Dentro das nossas prerrogativas
constitucionais, apresentamos um projeto, que até hoje está
paralisado, para diminuir esse abuso.
Por outro lado, fico espantado com a rapidez, eficiência e
agilidade de alguns projetos. Por exemplo, o projeto do Deputado
Antônio Andrade - nosso amigo, sempre presente, possuidor de mente
iluminada e privilegiada, Líder do Governo, autêntico, sério,
honesto -, que reduz a alíquota de ICMS dos medicamentos de 18%
para 12%, apesar de protocolado no dia 7/11, já se encontra aqui
para ser votado pelo Deputado Dinis Pinheiro e demais colegas.
Pergunto, Sr. Presidente, por que nossos projetos, de grande
alcance e interesse social, que atendem ao clamor dos mais
sofridos, dos menos favorecidos, não são inseridos na pauta? Mas
os projetos que nos trazem grande preocupação têm tramitação
rápida e eficiente? Isso muito me surpreende.
O Deputado Sargento Rodrigues (em aparte) - Deputado Dinis
Pinheiro, cumprimento V. Exa. pela coerência, pelo eqüilíbrio e,
sobretudo, pela coragem de abordar esse assunto, que inclui não
somente os projetos de sua autoria, mas também os de vários
colegas desta Casa. São projetos de grande relevância para a
sociedade, que atingirão as classes menos favorecidas, e projetos
moralizadores, cujo objetivo é a ética e a transparência. Existe
também a Proposta de Emenda à Constituição nº 54, de nossa
autoria, apresentada no ano passado, que propõe o voto aberto em
todas as circunstâncias, a fim de que o povo mineiro saiba de que
forma está votando o Deputado que elegeu. Mas por que esses
projetos não estão na pauta, por que não os apreciamos de forma
democrática?
Portanto, V. Exa. está de parabéns pela firmeza e coragem ao
fazer esse pronunciamento. Muito obrigado.
O Deputado Dinis Pinheiro*- Muito obrigado, Sr. Deputado.
Gostaria de finalizar o nosso raciocínio em relação ao Projeto de
Lei nº 2.445/2002, do Deputado Antônio Andrade.
Estamos no mês de dezembro, final do ano, e Minas Gerais está
passando por enormes dificuldades financeiras, como o pagamento do
13º salário, com o qual o nosso honrado Governador vem se
preocupando muito. Assim sendo, receio que esse projeto promova
grande impacto no aspecto financeiro do Estado. Então, seria
prudente e sensato de nossa parte fazermos um estudo mais
criterioso, detalhado e sereno a seu respeito, ainda mais com a
mudança do Governo em relação à redução do ICMS de 18% para 12%.
Portanto, fica registrada a minha preocupação em relação a esse
projeto, tendo em vista o advento da LRF, que visa, acima de tudo,
vedar a renúncia fiscal. Além disso, temos a obrigação de avaliar
com muito carinho e critério os projetos de impacto financeiro,
senão poderemos beneficiar uma minoria e prejudicar milhões de
mineiros.
Ficaria muito feliz se o Deputado Antônio Andrade pudesse mostrar
a esta Casa os dados que, certamente, detém, em que deve constar
fundamentação bem sólida e consolidada, que o levaram a apresentar
essa proposição.
Registro, mais uma vez, a minha preocupação, pois creio que esse
projeto de lei poderá trazer impacto negativo para o próximo
Governo. Manifesto também o meu repúdio à maneira como vem sendo
elaborada a ordem do dia.
Por fim, em nome do PL, manifesto o nosso apoio e a nossa
solidariedade à aprovação dessa lei delegada, por entendermos que
o Estado necessita e carece, verdadeiramente, de medidas que
estabeleçam prioridades para a alocação dos recursos de Minas
Gerais, haja vista as grandes adversidades que estamos
vivenciando. Sabemos que o Governador Aécio Neves se preocupa com
o aperfeiçoamento da máquina administrativa estadual, e o PL
comunga desse sentimento, devendo participar ativamente da
aprovação desse projeto. Isso dará ao Governador condições de
implantar as reformas devidas, não implicando demissões, conforme
prometeu.
* - Sem revisão do orador.