DEPUTADO EDUARDO HERMETO (PFL), Presidente "ad hoc"
Discurso
Abertura do evento. Comenta o tema: "Impactos Socioeconômicos da
Biotecnologia em Minas Gerais e Biotecnologia e Aspectos Legais".
Reunião
211ª reunião ESPECIAL
Legislatura 14ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 05/10/2002
Página 32, Coluna 2
Evento Fórum Técnico: "A Biotecnologia e Você: Mitos, Verdades e Fatos".
Assunto CIÊNCIA E TECNOLOGIA.
Legislatura 14ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 05/10/2002
Página 32, Coluna 2
Evento Fórum Técnico: "A Biotecnologia e Você: Mitos, Verdades e Fatos".
Assunto CIÊNCIA E TECNOLOGIA.
211ª REUNIÃO ESPECIAL DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 18/9/2002
Palavras do Sr. Presidente (Deputado Eduardo Hermeto)
Este ciclo de debates tem por objetivo abrir espaço para a
discussão da biotecnologia em diversos aspectos: suas
potencialidades econômicas e sociais; o distanciamento entre os
meios científicos e a sociedade como um todo; as restrições que se
fazem ao seu uso sem a certeza de que não tenha efeitos nocivos,
principalmente para a saúde humana.
A história tem mostrado que inovações costumam ser recebidas com
resistência. O navegador Cristóvão Colombo passou anos a fio sem
patrocínio para suas viagens, porque sua tese de que a Terra era
redonda era considerada descabida. A teoria do físico Nicolau
Copérnico de que a Terra girava em torno do Sol, e não o
contrário, foi durante muito tempo vista como heresia, sujeita aos
rigores do Tribunal de Inquisição e à morte na fogueira. Também
pareceu absurda, em meados do século XIX, a afirmação do químico e
biólogo Louis Pasteur de que microorganismos sobrevivem na
ausência de oxigênio.
Nem seria preciso dizer que as idéias revolucionárias contidas
nesses três exemplos representaram grandes avanços nos campos da
navegação e do comércio entre os países, da física e da
astronomia, e da microbiologia, com múltiplas aplicações na
conservação de alimentos, nos hábitos de higiene e na prevenção de
doenças.
Tais casos são emblemáticos para ilustrar como as novidades,
geralmente vistas com reserva por mexerem com hábitos e conceitos
arraigados, muitas vezes são reconhecidas posteriormente como
fundamentais para o desenvolvimento da ciência e para o bem-estar
do ser humano.
Mesmo nos tempos atuais, recursos tecnológicos como os da
informática e da telefonia celular, hoje incorporados ao dia-a-dia
do cidadão comum, não escaparam de críticas e desconfianças, em
vista das mudanças de hábito que iriam produzir e dos “efeitos
colaterais” que poderiam provocar.
Assim também ocorre na área de biotecnologia, por constituir um
campo da ciência no qual estão sempre surgindo inovações.
Ao contrário do que muita gente pensa, a biotecnologia - que pode
ser definida sucintamente como a utilização de organismos vivos no
desenvolvimento de produtos e serviços - não é nenhuma novidade.
Ela é empregada pelo homem há milênios, principalmente na produção
de alimentos, como o pão, o queijo e o vinho.
Hoje, além do setor de alimentação, ela está presente em diversas
outras áreas, como as da saúde, da agricultura, da pecuária, do
meio ambiente, dos medicamentos, da floricultura e do ensino
acadêmico.
Empregada dentro de padrões éticos e responsáveis, a
biotecnologia é um instrumento para se alcançar maior qualidade
dos produtos, baixos custos operacionais, maior competitividade,
mais segurança, assim como para a geração de empregos
especializados.
Acrescente-se que, no âmbito específico de Minas Gerais, ela pode
ser considerada uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento,
em razão da existência, em nosso território, de uma vasta
biodiversidade e do fato de o Estado ser considerado o maior pólo
de biotecnologia da América Latina.
É preciso, entretanto, que os avanços sejam analisados com
cautela, considerando, principalmente, os possíveis impactos
negativos dos novos produtos sobre a saúde humana e o meio
ambiente. É imprescindível que sejam ouvidas, por exemplo, as
advertências de médicos, ambientalistas e pesquisadores sobre o
uso dos organismos geneticamente modificados, mais conhecidos como
transgênicos.
A Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais tem se pautado
pela isenção e pela abertura de espaço a manifestações e opiniões
divergentes em todas as ocasiões em que promove a discussão de
assuntos polêmicos, como o da biotecnologia. Ela acredita que só
assim irá exercer seu papel democrático de representar a sociedade
em seu conjunto.
Agradecemos a presença das autoridades, dos expositores, dos
debatedores, dos demais participantes e de todas as pessoas e
instituições que colaboraram para a realização deste evento,
principalmente a Federação das Indústrias do Estado de Minas
Gerais e o Sindicato das Empresas de Base Tecnológica no Estado de
Minas Gerais.
Agradecemos também às Prefeituras Municipais, às Câmaras de
Vereadores e ao público das cidades de Passos, Montes Claros,
Barbacena e Uberaba, nas quais foram realizados os encontros
preparatórios para este ciclo de debates, contribuindo, com suas
demandas e realidades regionais, para enriquecer as discussões
sobre o tema. Muito obrigado.