Pronunciamentos

ANTÔNIO ROBERTO LAMBERTUCCI, Coordenador-Geral da Escola Sindical 7 de Outubro.

Discurso

Agradece a homenagem recebida pelo transcurso do 15º aniversário de fundação da Escola Sindical 7 de Outubro.
Reunião 379ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 4ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 14/08/2002
Página 19, Coluna 3
Assunto CALENDÁRIO.

379ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª LEGISLATURA, EM 6/8/2002 Palavras do Sr. Antônio Roberto Lambertucci Cumprimento os companheiros, amigos e amigas que compõem a Mesa, a Deputada Maria José Haueisen, companheira, fundadora do Sind-UTE e dirigente sindical há muitos anos, o Sr. Carlos Calazans, fundador da CUT e dirigente sindical há muitos anos, atualmente representando os trabalhadores em outro setor da sociedade, ou seja, na Prefeitura de Belo Horizonte; a nossa amiga e companheira Carmem Benitez, Educadora do Centro de Formação Internacional, que tem contribuído imensamente com a construção de pontes e de alianças entre os trabalhadores da América Latina que trabalham na (...), setor representante dos trabalhadores na OIT; o companheiro Tortelle; o companheiro Enrico Giusti, que veio do Rio de Janeiro para esta homenagem e tem sido um dos maiores colaboradores, tanto no que diz respeito à construção da Escola 7 de Outubro quanto no que diz respeito à construção dos valores da solidariedade dos trabalhadores, preocupando-se principalmente com os setores excluídos da sociedade, aqui, na Itália e em outros países do mundo, onde o ISCOS procura colaborar; o Presidente da CUT Estadual, Lúcio Guterrez; e o Pe. Abdala, que nos contemplou com depoimento extremamente significativo e emocionado, já que a história se faz sobretudo com a emoção. Agradeço o companheiro Deputado Adelmo Carneiro Leão por esta oportunidade ímpar, sobretudo porque temos visto nesta Casa a construção e o aperfeiçoamento das relações com movimentos sociais. A Assembléia Legislativa tem estado aberta para que a população mineira possa se manifestar por meio das audiências públicas, dos debates e dos seminários, contribuindo, assim, para nova cultura legislativa em nosso Estado. Homenageando-se a Escola 7 de Outubro pelo transcurso de seus 15 anos, homenageia-se também a história da CUT e a de milhões de trabalhadores brasileiros, como os de Ipatinga, que morreram lutando, como também aqueles que não tiveram a oportunidade de lutar e que não puderam se organizar para defender os seus direitos. De certa forma, a história e a sorte me contemplaram, sobretudo por essa luta dos trabalhadores, de modo geral, que me honraram com a possibilidade de estar aqui hoje. Gostaria de estar representando todos os companheiros da Escola Sindical 7 de Outubro, os funcionários e ex-funcionários que estão aqui. É muito bom vermos os companheiros que foram os formadores, que são os funcionários da Escola. Temos, felizmente, uma riqueza na Escola, que é uma grande integração, que permite que a nossa convivência seja bastante entrosada. É muito bom ver as delegações internacionais que vieram para a conferência e também tantos dirigentes sindicais responsáveis pela construção da Escola, por sua manutenção e pela luta dos trabalhadores do Estado. É fundamental falarmos da nossa história, com tantos exemplos de resistência, de organização, como o Quilombo dos Palmares, a Inconfidência Mineira e tantos outros exemplos de rebeldia, na busca de espaços de independência para o País. Muitos são ocultos pelos livros de história, que transmitem informações para as novas gerações. A história da CUT, como já disseram os companheiros Tortelle, Adelmo e outros, é um dos fatos mais marcantes e importantes da história brasileira. A fundação da CUT representa um dos marcos de resistência dos trabalhadores às formas de exploração capitalista e à luta, tanto pela democratização do Estado brasileiro quanto pela defesa dos direitos dos trabalhadores. Estamos comemorando hoje os 15 anos da Escola, muito mais como um produto dessa luta, reflexo dessa história, num momento em que os desafios para a classe trabalhadora são imensos. Talvez, os maiores nos últimos 20 anos, desde que a CUT foi fundada. Desafios à subserviência ao capital financeiro internacional, ao fortalecimento do espírito individualista apregoado pelos defensores da ideologia capitalista e do neoliberalismo, às formas de exclusão cada vez maiores. Por mais que tenhamos conquistado, do ponto de vista dos direitos econômicos, espaços democráticos na sociedade, as discriminações ainda prevalecem, num processo de violência crescente nas cidades, com o empobrecimento da população, com índices de desemprego altíssimos. Isso nos faz acreditar que a luta é cada vez mais necessária e que esse modelo neoliberal, capitalista, não vai criar possibilidades de inclusão social. Então, é necessário fortalecer esses espaços democráticos da sociedade brasileira e construir outras alternativas. Este é um momento de imenso desafio para a sociedade brasileira. É um momento em que temos hoje, já pela quarta vez, a oportunidade de decidir dois projetos de desenvolvimento para o nosso País, não só econômico, mas também social, um projeto que conceitue a sociedade o cidadão, a pessoa humana, sob outra ótica. Não a do mercado, a do vale-tudo do mercado, da exploração, da prevalência dos interesses dos banqueiros internacionais, do capital financeiro internacional, mas um modelo que tente resgatar o papel do Estado como agente fomentador do desenvolvimento. Um Estado que seja democrático, privatista, mas que esteja gerido, gestado, e, sobretudo, governado com a participação dos milhões de cidadãos brasileiros. Como já disseram o Tortelle e o Adelmo, este é um momento crucial. A história é feita de avanços, de recuos e de quedas. Ela é feita assim mesmo, de um processo dinâmico. Muitos que lutaram e já se foram não conseguiram presenciar as várias conquistas que o trabalhador e a sociedade brasileira conseguiram ao longo da história. Agradeço a todos pela presença aqui e na Escola 7 de Outubro. A presença, muitas vezes, não é física, mas espiritual, política, engajada, moral e na luta cotidiana, seja nas associações de bairros, nos sindicatos, nas campanhas salariais, nas mobilizações, procura demonstrar, permanentemente, que vale a pena a luta de toda a vida de muitos de nós. Acho que essa presença e essa crença nesses valores reafirmados permanentemente, tanto por meio das mobilizações quanto pelos cursos de formação e processos construídos e desenvolvidos, vale a pena. A todos os presentes, em nome dos funcionários, dos ex- funcionários, do Conselho Deliberativo da Escola Sindical 7 de Outubro, dos sócios fundadores, gostaria de deixar nossos agradecimentos, principalmente aos líderes sindicais, às entidades parceiras da Escola, Secretaria Municipal de Educação, GIP e várias outras. Deixo o nosso abraço. Mais 15 anos de luta, com certeza, nos esperam. Estamos firmes para a conquista de uma sociedade mais aberta e democrática. Muito obrigado.