DEPUTADO SÁVIO SOUZA CRUZ (PMDB)
Discurso
Defende o projeto de sua autoria que estrutura os Quadros Especiais de
Pessoal da Administração Pública Estadual Autárquica e Fundacional das
instituições que menciona.
Reunião
376ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/07/2002
Página 15, Coluna 2
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL.
Proposições citadas PL 1774 de 2001
Legislatura 14ª legislatura, 4ª sessão legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 16/07/2002
Página 15, Coluna 2
Assunto EXECUTIVO. PESSOAL.
Proposições citadas PL 1774 de 2001
376ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 4ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 3/7/2002
Palavras do Deputado Sávio Souza Cruz
O Deputado Sávio Souza Cruz* - Sr. Presidente, agradeço o
esclarecimento da questão de ordem. Sobre tudo o que foi dito
durante esta reunião a respeito deste projeto de minha autoria,
que tramita desde setembro do ano passado, e sobre o projeto de
inspiração semelhante, de autoria do Deputado Dalmo Ribeiro Silva,
que trata de carreira talvez tão necessária e urgente quanto a do
corpo de servidores da Ciência e Tecnologia do Estado - a do IMA -
, do meu ponto de vista ficou claro, desde a apresentação do
projeto, nos entendimentos que mantive com os servidores da área
de ciência e tecnologia, que tínhamos dificuldades a serem
vencidas. Portanto, o que ocorre na reunião de hoje não é novidade
nem surpresa para esses servidores. Há, de fato, dificuldades de
naturezas legal e constitucional a serem vencidas. E, para que se
vençam essas dificuldades, é necessária uma agregação de forças
entre os Poderes Legislativo e Executivo. Somente assim, havendo
disponibilidade, decisão do Poder Legislativo, calcada,
evidentemente, na possibilidade de atender a essas demandas, é que
poderíamos, através de projetos de iniciativa de parlamentares
desta Casa, corrigir a questão urgente de dotar carreiras
importantes do serviço público do Estado de Minas Gerais.
Percebemos o impasse a que chegamos no presente momento, o qual
nos leva a refletir sobre o melhor caminho a seguir. Há riscos nos
dois caminhos. A nossa decisão reproduz o que é, em síntese, a
nossa vida, seja profissional, seja pessoal, seja política.
Portanto, não há caminhos sem riscos.
A simples aprovação dos dois projetos, a qual aparentemente
poderia caracterizar uma grande vitória dos dois corpos de
servidores, pode, em curtíssimo prazo, revelar-se altamente
perigosa e até negativa, tanto pelo veto do Governador do Estado
quanto pela possibilidade de ajuizamento de uma ação direta de
inconstitucionalidade, seja por parte da Procuradoria-Geral do
Estado, seja por parte de qualquer outro órgão capaz de questionar
a constitucionalidade nos termos definidos pela Constituição.
Isso poderia submeter o assunto a uma constrangedora situação de
ficar “sub judice”, e, como tal, além de não gerar os efeitos que
desejamos, estará também impedindo que outros instrumentos legais,
alguns - quem sabe? - até de iniciativa do próprio Executivo,
possam corrigi-lo e atingir a nossa meta de reconhecimento dos
méritos dos servidores da área de ciência e tecnologia e do
Instituto Mineiro de Agropecuária.
Na minha opinião, esse é o risco que corremos se aprovarmos esses
dois projetos. Em não os aprovando, também há riscos a serem
avaliados, como o da manutenção indesejável de um “status quo” que
vem vigorando nessas duas carreiras específicas em prejuízo para
Minas Gerais. Na verdade, na área de ciência e tecnologia, Minas
Gerais custou a constituir uma massa crítica de pessoal, o que fez
com que, durante algum tempo, estivesse na linha de frente do
contexto dos Estados brasileiros, no tocante à pesquisa científica
e tecnológica.
Fico muito à vontade por ver ao lado de V. Exa. o Deputado Mauro
Lobo, que teve a honra e a oportunidade de prestar serviços ao
Estado, como os que vem prestando nesta Casa, quando ocupou o
cargo de Secretário de Ciência e Tecnologia. O mesmo ocorre em
relação ao IMA.
Congratulo-me com o Deputado João Batista de Oliveira, que tem
conhecimento de causa como Presidente da Comissão de Agropecuária
desta Casa e que salientou os inestimáveis trabalhos que o
Instituto Mineiro de Agropecuária vem prestando a nosso Estado.
Mas essa manutenção é também perigosa, porque a massa crítica de
pessoal, de inteligência, de competência e de experiência
acumulada pelo Estado, tanto na área de ciência e tecnologia como
na área da agropecuária, começa a se perder, pelo desestímulo,
pela impossibilidade de os servidores continuarem prestando os
seus serviços e realizando as suas funções com os níveis salariais
que percebem.
Para se ter uma idéia, lembro um exemplo, que não me canso de
repetir: hoje, um doutor, apesar de concluir a sua formação em 3º
grau, o seu mestrado e o seu doutorado, ingressa no plano de
carreira de pesquisador do Estado de Minas Gerais com um salário
inferior a R$1.000,00, que não é atrativo para profissionais desse
quilate, dos quais o Estado tanto precisa.
A Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC - é um
exemplo vivo disso. Já empregou mais de 300 técnicos de nível
superior, mas, hoje, o seu quadro está reduzido a cerca de 50,
muitos com projeção de aposentadoria próxima.
A manutenção do atual quadro pode também fazer com que cada vez
mais se perca essa inteligência e essa capacidade do Estado em
atuar nessas duas importantes áreas.
Há uma proposta trazida a esta Casa pelo Governo, por meio do seu
Líder, de encaminhar planos de carreira sem tratar de vencimentos,
que ficariam para ser estabelecidos em lei complementar, em
janeiro do próximo ano, nos mesmos moldes de acordo recentemente
fechado na área da educação. Há também nessa estratégia um risco.
O mais evidente seria o descumprimento. Portanto, confesso que
estou em dúvida de qual caminho seguir e qual o menor risco, o
mais aceitável.
Mas um risco é inaceitável: que votemos essa matéria sem estar
conscientes de qual é o melhor caminho. Sempre insisto em dizer
que quando não se sabe aonde se quer chegar qualquer caminho
parece bom. Sabemos aonde queremos chegar. Queremos revitalizar a
área de ciência e de tecnologia em Minas Gerais e o corpo dos
servidores do Instituto Mineiro de Agropecuária. Como fazê-lo e
qual o melhor caminho?
* - Sem revisão do orador.