DEPUTADO PINDUCA FERREIRA (PPB)
Discurso
Declaração de posição contrária às matérias da TV Alterosa com
comentários supostamente prejudiciais ao seu trabalho na área social.
Reunião
301ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 13/11/2001
Página 23, Coluna 1
Assunto COMUNICAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL.
Aparteante Alberto Bejani, Irani Barbosa, Dinis Pinheiro.
Legislatura 14ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 13/11/2001
Página 23, Coluna 1
Assunto COMUNICAÇÃO. ASSISTÊNCIA SOCIAL.
Aparteante Alberto Bejani, Irani Barbosa, Dinis Pinheiro.
301ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª
LEGISLATURA, EM 31/10/2001
Palavras do Deputado Pinduca Ferreira
O Deputado Pinduca Ferreira - Sr. Presidente, Srs. Deputados,
galerias, imprensa, informo aos funcionários públicos que a
Proposta de Emenda à Constituição nº 63 terá o meu voto favorável.
Subi a esta tribuna para falar a respeito do trabalho social que
venho fazendo como político há nove anos. Como a TV Alterosa está
pegando no meu pé, quero explicar como cheguei até aqui,
defendendo e trabalhando para o povo.
Vim do vale do Jequitinhonha, de Araçuaí. Daqui até lá são mais
de 710km. Aquela é uma região carente, em que muitas pessoas
passam fome porque não têm o que comer. Vim de pau-de-arara, mas
fiquei no meio do caminho, onde havia uma fogueira, e cheguei aqui
em 1959.
Tirei cascalho do rio Arrudas, para comer pão molhado. Éramos 12
irmãos, mas 6 eram menores. Trabalhei de faxineiro em frente à
Assembléia, na Av. Olegário Maciel, 2.025, num prédio azul. Também
trabalhei de faxineiro, jardineiro e copeiro na R. Bernardo
Guimarães, 1.444, esquina com a Av. João Pinheiro. Trabalhei numa
fazenda, cuidando de animais, roçando pastos e cercando brejos. Em
1969, abri um pequeno comércio e, à medida que crescia, ajudava a
população mais carente.
Quando ia ao CEASA, de acordo com o valor com que a mercadoria lá
entrava, se abaixava, voltava com ela para vender mais barato para
aquele povo. O que sobrava, dava para escolas e creches.
Candidatei-me a Vereador em 1992 e fui eleito. Tive 769 votos.
Com trabalho social, defendo a população de Betim e o povo mais
carente na área da saúde. Tenho dois gabinetes funcionando 24
horas por dia. Betim tem 200 bairros. Se uma pessoa passar mal à
noite, pego em casa e levo ao hospital.
Em 1996, fui o Vereador mais votado de Betim, com 2.033 votos,
sempre ajudando a população e com o meu supermercado combatendo a
inflação. Se um estabelecimento vendia um produto por R$10,00,
vendia por R$8,90 e forçava o concorrente a vender mais barato.
Com isso, quem ganhava era o mais humilde e o assalariado.
Sempre ajudei o povo. O dinheiro que ganhei como Vereador de
Betim, em 8 anos, devolvi ao povo por meio de trabalho social.
Distribuo verduras há quase 30 anos, como já expliquei: se estava
barata, comprava para sobrar, com excesso; vendia mais barato, e o
que sobrava, dava para escolas e creches.
Mas, hoje, estou sendo condenado, pisado, humilhado pela
televisão, porque o dinheiro que ganho do povo gasto com o povo.
Se ganhei algum dinheiro, posso fazer o que quiser com ele. Se não
o quero, posso dá-lo a quem quiser. E escolhi o mais carente, o
mais humilde, o assalariado.
A TV Alterosa está no meu pé há oito dias. É um prazer ouvi-la
falar o meu nome. Mas digo o seguinte: vá ao CEASA e faça uma
pesquisa, para ver se estou certo ou errado, incentivando o
produtor rural.
Hoje, os produtores rurais estão quebrados. Se todos os políticos
do Brasil fizessem o que faço, talvez os produtores rurais não
estivessem como estão. Desafio a TV Alterosa a ir ao desempregado,
ao CEASA, junto aos produtores, para ver se estou certo ou errado.
Na quarta-feira, dia 24, a TV Alterosa esteve no Bairro Alterosa
e perguntou a mais de 300 pessoas se eu estava comprando voto. E
só mostrou os negativos; os positivos, não mostrou. Gostaria que a
imprensa mostrasse a verdade, não, a falsidade.Tenho 50 mil nomes
no meu computador e não tenho nenhum título de eleitor dessas
pessoas. Faço esse trabalho há nove anos, e aquele título que
apareceu na televisão foi montado, foi feito, porque - podem
perguntar aos meus funcionários - não pego título de ninguém.
Atendo todo o povo mineiro, não interessa a quem, porque sou
empregado do povo.
É proibido gastar meu dinheiro? Meu dinheiro é meu e faço com ele
o que quiser. Se for proibido dar verdura, vou vender a R$0,05 o
quilo. Quero que a TV Alterosa vá ao CEASA e pergunte aos
produtores se estou certo ou errado: comprei nove carretas de
verdura, do dia 19 até o dia 24. Quantos produtores tenho
incentivado? Quantas famílias não iam comer aquela verdura e hoje
estão comendo? São 12 kg para cada pessoa, não interessa se é do
PT, do PSB ou do PMDB, o importante é gastar com o povo o que
ganho do povo.
Tenho sete ambulâncias. Abaeté é uma cidade que está a 220km e
não tem ambulância, porque a da cidade é importada e está quebrada
há três meses. Duas pessoas vieram ontem para serem operadas e
estão no Hospital Santana. Foram trazidas pela minha ambulância.
Uma moça cortou o nervo da mão e minha ambulância trouxe-a na
segunda-feira, está no Hospital João XXIII. No domingo, uma mulher
de Santa Catarina foi acidentada por um senhor que saiu da fazenda
para Brasília, ele não olhou para a esquerda nem para a direita e
entrou direto. Minha ambulância trouxe-a para o Hospital Mater
Dei. Meu motorista estava doente e tive de dar R$30,00 a um
taxista para vir guiando minha ambulância no domingo, à meia-
noite. Ela já salvou várias pessoas idosas que tiveram infarto.
Numa cidade que tem 35 mil habitantes e não tem uma ambulância,
serei um criminoso, serei multado e condenado, porque estou
ajudando o povo? Que país é este, gente? Saio da política, mas
saio com a consciência limpa. Ninguém me cobra nada, porque faço
mais do que prometo.
Tenho nove escolas de informática gratuitas: cinco estão em
Betim, uma em Pompéu, uma em Abaeté, uma em Quartel Geral e uma em
Cedro do Abaeté. O jovem que tem curso de informática já não está
conseguindo emprego; então, se não o tem, vai varrer rua, porque,
hoje, para trabalhar em padarias, supermercados, em todos os
escritórios e empresas, é necessário saber informática. O jovem
tem de estudar.
Tenho quatro Kombis. Uma delas é escolar e está em Quartel Geral,
para levar o jovem para estudar em Dores do Indaiá. Se estou
ajudando o povo, serei multado, pisado e condenado? A Kombi foi
comprada com meu salário de Deputado e tem placa amarela.
Distribuo 15 mil litros de leite para 600 famílias carentes.
Estou errado em ajudar o povo? O dinheiro é meu, faço com ele o
que quero, dou a quem quero e gasto como quero. Gasto o meu
dinheiro com o povo, porque ganho do povo.
Gostaria que a TV Alterosa fosse às vilas de Betim e perguntasse
às pessoas que estão desempregadas e não têm verdura em casa se
estou certo ou errado. No entanto, na televisão, só aparece o que
não presta, apenas as coisas más.
Recentemente, fui eleito Vice-Prefeito de Betim. Era suplente do
Deputado Ronaldo Canabrava, eleito Prefeito de Sete Lagoas.
Poderia escolher ser Vice-Prefeito ou Deputado Estadual e escolhi
exercer o último cargo para fazer o meu trabalho social. Não
adianta falar bonito, o importante é fazer.
O Deputado Alberto Bejani (em aparte)* - Obrigado, Deputado.
Gostaria apenas de dizer a V. Exa. que demonstra, para nós, desde
a sua posse, que ocorreu no final do ano passado, que, além de
tudo, é uma pessoa humana. Quando as pessoas são humanos e passam
para as outras pessoas o que necessitam, não se preocupam com
alguma manchete na imprensa ou com alguma imagem de V. Exa. que
esteja na televisão, no jornal, ou com seu nome que está no rádio.
Sou da imprensa e quero dizer-lhe que, acima da imprensa e de
todos nós, há alguém que é realmente soberano e está vendo tudo
isso que V. Exa. está fazendo. É Deus. Fique tranqüilo. Pode ter a
certeza de que, se V. Exa. já era grande no meu coração, hoje é
muito maior não pela sua simplicidade, mas pela sua honestidade,
com palavras simples tocou o coração de todos nós. Parabéns!
O Deputado Irani Barbosa (em aparte)* - Deputado Pedro Pinduca,
um homem que faz o que você faz para a comunidade de Betim vai ser
perseguido, sim. Depois que esta Casa se recusou a apurar as
porcariadas que há no Ministério Público e no Judiciário de Minas
Gerais, a imprensa se dá o direito de fazer isso. O Deputado não
pode cumprir a sua função, a finalidade para a qual foi eleito. V.
Exa. foi eleito com a promessa de ajudar os desvalidos de Betim.
Tem cumprido muito mais que isso porque tem ajudado muita gente em
Minas Gerais inteira.
Agora, pelo fato de V. Exa.não ter freqüentado universidade, como
muitos aqui, e não falar bem como a elite gosta, sempre é
condenado, mas jamais vai ser julgado pelo povo. O povo o
protegerá e estará sempre com V. Exa., embora a Casa tenha se
acovardado com suas responsabilidades. Daqui a pouco vou falar da
tribuna de como a Casa pode deixar um Deputado ser massacrado.
Deveria interferir, mas é covarde, submissa e não atende aos
interesses do povo. Muito obrigado.
O Deputado Dinis Pinheiro (em aparte)* - Sr. Deputado, já
conhecedor das suas grandes virtudes, fico profundamente
sensibilizado com o pronunciamento que, neste instante, acaba de
externar. Para toda Minas Gerais, demonstra a sua sensibilidade, o
seu coração humano, a sua pureza de sentimento, seus valores
incontáveis e, acima de tudo, a sua franqueza, essa humildade
franciscana e esse espírito solidário. Sempre foi e será exemplo
para todos os parlamentares e para toda Minas Gerais, ajudando os
mais pobres e estendendo a mão aos mais humildes.
Acredito que, sendo exemplo para a Assembléia e para Betim, o
Prefeito de Betim, o Secretário Municipal da Fazenda e outros
representantes do povo de Betim deveriam seguir esse exemplo
solidário. Parabéns!
* - Sem revisão do orador.