Pronunciamentos

DEPUTADO PAULO PETTERSEN (PMDB)

Discurso

Comenta o resultado da convenção nacional do Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB - com as eleições do Deputado Federal Michel Temer e do Senador José Alencar para a Presidência e Vice-Presidência do Partido.
Reunião 281ª reunião ORDINÁRIA
Legislatura 14ª legislatura, 3ª seção legislativa ORDINÁRIA
Publicação Diário do Legislativo em 25/09/2001
Página 18, Coluna 1
Assunto REPRESENTAÇÃO POPULAR. ELEIÇÕES.
Aparteante Doutor Viana, Anderson Adauto.

281ª REUNIÃO ORDINÁRIA DA 3ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 14ª LEGISLATURA, EM 13/9/2001 Palavras do Deputado Paulo Pettersen O Deputado Paulo Pettersen* - Sr. Presidente, Srs. Deputados, em virtude dos últimos acontecimentos, que envolveram o maior partido deste País, assim como o nobre Senador da República, analisando a repercussão dos fatos, vimo-nos no dever de trazer à sociedade as seguintes colocações. Confessamos aos ilustres companheiros Deputados que ainda não estamos refeitos das emoções de domingo passado. A eleição do colega Michel Temer para a Presidência do PSDB, bem como a consagração do Senador José Alencar como Vice-Presidente, demonstram que nosso partido tem uma linha política coerente e inteiramente afinada com o interesse maior do povo brasileiro. Na verdade, a candidatura de Maguito Villela, patrocinada pelo Governador Itamar Franco, não tinha chance de sair vitoriosa. Nossos companheiros convencionais, em grande maioria, bem perceberam que se tratava de manobra do Governador, em seu projeto de chegar à Presidência da República. Ora, o Dr. Itamar Franco - com suas idas e vindas, avanços e retrocessos e mudanças extremas de posição -, o que fez, até agora, foi usar o PMDB e, por extensão, todos os mineiros e brasileiros que confiam no partido. O resultado da convenção, entretanto, não desapontou. Estamos agora confiantes em que o PMDB poderá continuar prestando grandes serviços à Nação, tendo em vista o currículo irretocável de Michel Temer. Mais ainda, a indicação do Senador José Alencar para Vice- Presidente fortalece Minas no cenário nacional e abre-nos nova e promissora perspectiva: está definido que o Senador José Alencar poderá disputar as prévias do partido, marcadas para o dia 20/1/2002, quando será definido o candidato do PMDB à Presidência da República. José Alencar tomou essa decisão logo após a convenção, no pressuposto de que seu nome pode representar uma solução. Os apelos para que ele dispute as prévias partiram de todos os lados, e, com a honesta humildade que o caracteriza, o Senador reconhece que o Governador Itamar Franco tem condições de vencer as prévias caso decida permanecer no PMDB. Não obstante, não se pode dizer que o Governador seja uma personalidade previsível. Caso sua posição mude - o que não nos surpreenderia -, o nome de José Alencar seria a saída. O nosso Senador cresceu no cenário nacional em razão de sua proverbial probidade, equilíbrio, maturidade política e civismo. Assim, ele não deixaria de apoiar Itamar Franco caso este fosse o candidato do PMDB à Presidência. Porém, não deixaria jamais de atender apelo para entrar na disputa se seu nome evitasse que o PMDB se colocasse numa camisa-de-força, tendo em vista a inconstância do outro postulante. De toda a maneira, é reconfortante verificar que o Brasil cresceu politicamente com os resultados da convenção de nosso partido. Tudo considerado, causam espécie as declarações de alguns assessores do Dr. Itamar Franco, segundo as quais a pré- candidatura do Senador José Alencar à Presidência seria uma provocação ao Chefe do Executivo mineiro. Em particular, rejeitamos as tendenciosas afirmações do Presidente da COPASA, Dr. Marcelo Siqueira, de que o Senador José Alencar não pode esquecer que foi eleito pelo grupo itamarista. O Dr. Siqueira chegou, ainda, ao cúmulo de dizer que, politicamente, o Senador não tem vôo próprio. Em primeiro lugar, o Senador José Alencar mostrou sempre igual habilidade e inteligência tanto como empresário quanto como homem público. Se seu grupo empresarial é vitorioso, é porque foi fundado e dirigido por um homem vitorioso na melhor acepção da palavra. A trajetória política de Alencar, por outro lado, desenvolveu-se independentemente da atividade empresarial. Seu prestígio político foi-se firmando ao longo dos anos em virtude de sua extraordinária condição de estadista nato. Dizer que ele não tem vôo próprio é impensado e leviano. No campo político e da administração pública, José Alencar é protótipo de competência. E essa competência, diga-se, é reconhecida pelo povo, que o consagra nas urnas e o apóia no trabalho em prol de Minas e do Brasil. Vamos terminar dizendo apenas que as declarações do Dr. Marcello Siqueira merecem veemente repúdio, não só nas fileiras do PMDB, mas por parte de todos os cidadãos conscientes. Confessamos que nossa impossibilidade de conviver politicamente com o Governador nos levou a pensar mesmo em mudar de partido, juntamente com alguns colegas. A eleição do Senador José Alencar para a Vice-Presidência do Diretório Nacional, entretanto, mostrou- nos que nosso lugar é no PMDB: afinal, se nossos colegas souberam reconhecer o mérito do Senador, estão afinados conosco, e devemos junto com eles trabalhar para o bem do povo brasileiro. Muito obrigado! Sr. Presidente e Srs. Deputados, não podemos continuar presenciando as tentativas de determinados setores do Governo, nas situações mais discrepantes, de tirar o mérito de um Senador da República da estatura do Senador José Alencar. Não podemos permitir tal ingratidão, porque a insinuação foi feita com muita leviandade. Lembro que seu autor não conseguiu se eleger Deputado Federal, ficando na quarta suplência. E ele não pode vir, de pronto, em uma entrevista, tirar o valor, a credibilidade e o prestígio político de um Senador que merece todo o nosso respeito. O Sr. Marcello Siqueira não tem o direito de tentar desvalorizar, desmerecer e desrespeitar esse cidadão. José Alencar foi muito útil ao Governador em sua campanha por este Estado afora, no 1º turno, dando-lhe condições de toda natureza, e sequer veio a público, algum dia, para cobrar-lhe o apoio, porque reconhece que ajudou efetivamente o partido pelo qual ele se candidatou. Não podemos permitir essas ofensas inconsistentes ao Senador, por ciumeira e despeito. Querem manter a República de Juiz de Fora instalada no Palácio da Liberdade, às custas do partido e de nós, Deputados, que, ao lado do Senador, trabalhamos. Isso tem de ficar claro, porque a sociedade não permite que tal leviandade prossiga. E queremos o respeito a todos nós, políticos. Mesmo derrotados na convenção estadual de nosso partido, permanecemos nele e abraçamos os vencedores, pois ali fizemos nossa história tanto eu quanto o Senador. Em Brasília, presenciamos o assédio de todos os companheiros dos Estados da Federação, insistindo com o Senador José Alencar para que participasse das prévias, no dia 20/1/2002. E é o cúmulo do absurdo que o Governo Itamar Franco considere isso uma provocação. Queremos que o Itamar continue no PMDB e que participe das prévias junto com José Alencar, Pedro Simon e, possivelmente, Jarbas Vasconcelos, Governador de Pernambuco. Abraçaremos e apoiaremos a candidatura do vitorioso para a Presidência da República, pelo PMDB. Não é justo considerar esse gesto, que não é do Senador, mas de seus companheiros do PMDB nacional, uma provocação. O Senador José Alencar entende que o Itamar Franco tem melhores condições de ganhar as prévias, pelo seu passado e pelo que já foi neste País. Caso o Senador perca essas prévias, apoiará Itamar Franco automaticamente. Senti que a participação do Governador é um convite a retirar-se novamente do PMDB. Portanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, o PMDB se dá ao luxo de ter dois candidatos a Presidente da República disputando uma prévia no próprio Estado. Minas possui essa facilidade porque os quadros desse partido são o que vocês estão vendo. Tiveram a capacidade e a lisura de oferecer ao País esses dois cidadãos mineiros. Sr. Presidente e Srs. Deputados, muitos partidos sequer têm candidatos a Governador. E o PMDB tem dois candidatos para disputar uma prévia em Minas Gerais, demonstrando que está com candidatos que atendem o segmento da sociedade deste Estado e deste País. Tenho a certeza de que, quando o José Alencar começar a rodar por este Estado e a cumprir a sua agenda nacional por este País, verão que Minas já estará em uma situação, em um alcance e em uma expectativa de governo, porque a credibilidade de um homem não é construída do dia para a noite, mas conquistada com trabalho e com sacrifício nessa lavra de obrigações. Quando vi e participei daquele quadro nacional em Brasília, pude sentir-me feliz e honrado, como diversos colegas de partido, quando se dirigiam ao José Alencar com aquele respeito espontâneo e aquele carinho indispensável que fortalece qualquer ego político. Lá estava o Senador com a sua humildade e convicção de estar este Brasil em uma situação e em uma condição de esperança de melhores dias para esta sociedade, porque o fruto da sua visão e do seu nacionalismo traduz a desesperança dos menos favorecidos, de que sabemos perfeitamente o número nacional. Portanto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, repudio, mais uma vez, a atitude do Governo Itamar Franco de identificar o convite e a insistência dos companheiros de José Alencar para que participe da prévia como uma provocação. Espero que o Sr. Marcello Siqueira retire, de pronto, tal insinuação indecorosa. Muito obrigado. Concedo um aparte ao Deputado Doutor Viana. O Deputado Doutor Viana (em aparte)* - Muito obrigado. Sr. Presidente, uso o tempo do nobre Deputado Paulo Pettersen para tratar de uma questão urgente e do interesse público, que tem de superar qualquer situação. Desde o dia 8/8/2001, os servidores federais das áreas de seguridade social e saúde encontram-se em greve. Trata-se de um recurso extremo, que preferiam não adotar. O Deputado Paulo Pettersen - Deputado Doutor Viana, houve uma falha. Regimentalmente, primeiro, terei de conceder um aparte ao Deputado Anderson Adauto; depois, automaticamente, concederei um aparte a V. Exa. O Deputado Anderson Adauto (em aparte)* - Sr. Presidente, Srs. Deputados, nobre Deputado Paulo Pettersen, que ocupa a tribuna, estamos abordando, pela primeira vez dentro da Assembléia Legislativa, que é o poder político do Estado, essa questão. Também estive em Brasília - estive antes, no dia e após a convenção - e pude perceber aquilo que Minas Gerais está começando a perceber e de que o Brasil também começa a tomar conhecimento. Todos nós que temos mandato, que estamos trabalhando para construir algumas candidaturas que venham a atender ao interesse da sociedade mineira, temos um quadro muito claro: o partido político que não tiver um candidato comprometido com a ética, com a probidade e com a moralidade não passará nem do 1º turno. Não temos dúvida de que esse será o quadro das eleições de 2002, e o nome que o Deputado Paulo Pettersen defende na tribuna, que é o do Senador José Alencar - grande mineiro -, talvez seja a salvação de Minas depois de alguns governos. Acredito piamente nisso. Vejo nas conversações, nas articulações que começamos a fazer, na possibilidade de surgir uma candidatura de centro-esquerda, que o Senador José Alencar é o nome que uniria um conjunto muito expressivo de partidos, juntamente com o Prefeito Célio de Castro, com Patrus Ananias, ex-Prefeito de Belo Horizonte, e agora também um companheiro desta Casa que entra no PSB e que reputo como grande liderança, prontos para formar um quarteto de lideranças com que poderíamos trabalhar na construção de uma candidatura majoritária, pensando em Governador, Vice-Governador e duas vagas para o Senado. Essa questão preocupa-me até porque, nessa ida a Brasília, percebi que a cúpula do PMDB está querendo outras alternativas, e isso é perfeitamente legítimo. Acredito na tese da candidatura própria. Tive condições de conversar pessoalmente com o ex- Presidente da Câmara Federal, Deputado Michel Temer, e tenho a convicção de que o atual comando do PMDB deseja lançar candidatura própria para a Presidência da República. O partido tem obrigação de estar atento ao surgimento de novos líderes. Cabe à cúpula partidária, inclusive, estimular o lançamento de novos líderes dentro da legenda. Feliz é o partido que tem mais de uma opção. Tivemos oportunidade de descrever para o PMDB nacional as nossas dificuldades. Considero-me um autêntico peemedebista, assim como V. Exa. Sempre lutamos pelos interesses do PMDB, sempre colocamos acima de qualquer liderança os interesses do partido, e até por isso mesmo tivemos algumas dificuldades com o Vice-Governador. Então, Sr. Presidente, Srs. Deputados, colocamos para a cúpula nacional as dificuldades, o desencanto dos mineiros para com o atual Governador no que diz respeito à questão administrativa. É muito legítima a preocupação do Governador Itamar Franco com relação à questão política, mas não é justo o abandono em que ele está deixando Minas Gerais, porque só pensa em política, enquanto os serviços essenciais para a população estão sendo deixados de lado: o transporte, as estradas - que estão esburacadas -, a crise na saúde, os problemas na educação e em todas as outras áreas. É claro e óbvio que, se ele deixar o Governo em março e colocar- se como pré-candidato do PMDB, a sociedade e a grande imprensa nacional farão um balanço do que foi, administrativamente, o Governo Itamar Franco em Minas Gerais. Nesse momento, o Brasil vai conhecer um quadro que não conhece ainda, vai tomar conhecimento de um governo que não está indo bem, repito, do ponto de vista administrativo, no que diz respeito a cumprir os compromissos maiores que fez com a sociedade mineira. Se o Governador Itamar Franco for o único pré-candidato do PMDB, corremos o risco de não ter candidato algum. É muito importante o trabalho que a cúpula do PMDB faz no intuito de, obviamente, não ignorar a candidatura do atual Governador, apesar do conhecimento que passará a ter, juntamente com os companheiros de outros Estados, da forma como ele governa Minas, da forma como ele trata seus companheiros. Mas ele é importante para o partido, e espero que continue no PMDB, apesar de tudo. É preciso que o PMDB tenha outras opções. Temos já declarado como pré-candidato o ex-Senador Pedro Simon, que foi um grande Governador e tem todas as qualidades de um nacionalista com espírito público, probidade e sentimento nacional, como o Governador de Minas. É importante que o partido estimule a candidatura de uma grande liderança no Nordeste, como é o atual Governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos. E ainda não vejo problema algum em uma outra liderança mineira. O Governador Itamar Franco não pode querer a exclusividade no campo nacional. Venho dizendo, há algum tempo, dentro do PMDB, que o partido precisava observar o Senador José Alencar. O Senador José Alencar é o candidato do momento para a Presidência da República ou para Governador do Estado. Ele traz com o seu nome todas as qualidades que esperamos de um governante. Nobre Deputado Paulo Pettersen, quero parabenizá-lo por ter assumido a tribuna e feito essas considerações. Ouvi, em parte, o discurso de V. Exa. Saí do meu gabinete e fiz questão de vir para cá fazer um aparte, porque é importante que todos os outros partidos saibam que o PMDB fará tudo que estiver a seu alcance para ter candidatura própria. A tese de desenvolver a candidatura própria é estimular os possíveis candidatos que temos dentro do PMDB. O Senador José Alencar engrandece o partido. Na minha avaliação, repito, é o candidato que reúne grandes condições, não apenas para ser candidato a Governador de Minas como também a Presidente da República. Particularmente, gostaria muito que ele viesse a ser candidato a Governador. Mas entendo o gesto das lideranças maiores do PMDB quando solicitam ao Senador José Alencar que coloquem também o seu nome. Não conheço ainda, Deputado Paulo Pettersen, a decisão do Senador José Alencar. Mas entendo como legítimos o ato e o gesto do partido em querer que o Senador José Alencar possa fazer parte do grupo de grandes lideranças que o partido tem em nível nacional. Muito obrigado. O Deputado Paulo Pettersen* - Deputado Anderson Adauto, agradecemos as suas palavras, mas não vamos comentar o desgoverno do Sr. Itamar Franco, pois pretendo ressaltar as qualidades do produto que Minas tem para oferecer ao Brasil. Coincidentemente é o PMDB que está oferecendo essa opção, essa capacitação e essa ética. Isso é importantíssimo para o partido, para Minas e para o Brasil. Tenho a certeza de que nós e a sociedade mineira havemos de nos conscientizar, o mais rápido possível, da importância do Senador Alencar para o Governo de Minas ou para a Presidência da República, pois não se prestará a um projeto pessoal, exclusivista, sem parceiros, sem companheiros, sem amigos. O Senador é um homem que sabe conservar suas amizades, porque seguiu o estilo de Tancredo Neves, que se foi, mas deixou o seu legado. Por que acompanhamos o Senador José Alencar? Porque é uma pessoa solidária, amiga, que não usa o companheiro em benefício próprio, para o atendimento de projetos pessoais. Por isso, a cada dia, até mesmo fora das hostes peemedebistas, tem amigos e companheiros. Isso é muito importante. Apesar de a sociedade mineira aprovar as suas atitudes, o Senador não é reconhecido pelo Governador do Estado, que sente por ele despeito, ciúme e inveja. Muito obrigado. * - Sem revisão do orador.