A disputa entre os candidatos Lula e Bolsonaro se refletiu nos discursos na tribuna do Plenário

Eleição presidencial pauta discursos na tribuna do Plenário

Petistas repercutem fatos como a prisão de Roberto Jefferson. Deputado do PL defende política econômica atual.

25/10/2022 - 18:15

A reta final da campanha presidencial mobilizou parlamentares nesta terça-feira (25/10/22), durante Reunião Ordinária do Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Cinco deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) destacaram fatos recentes, como a prisão do ex-deputado federal Roberto Jefferson,  apontado como aliado do presidente Jair Bolsonaro, e a possibilidade de desindexação do salário mínimo. O contraponto foi feito pelo deputado Coronel Henrique (PL), que defendeu o governo e chamou de “manipuladas” as pesquisas eleitorais.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Para Cristiano Silveira (PT) essa eleição é “a mais importante desde a redemocratização do Brasil”, justamente por contrapor, segundo ele, dois projetos distintos para o País: “o aprofundamento da violência e da arbitrariedade ou a volta ao caminho da civilidade, do respeito e da harmonia entre os Poderes”. Para o parlamentar, a reação à prisão de Roberto Jefferson é, justamente, produto do discurso da violência e do desrespeito às regras constitucionais. “E o presidente disse que nem tinha fotos com ele”, ironizou.

Cristiano Silveira também se referiu a um “conjunto de mentiras”, como a ameaça de fechamento de igrejas, a censura aos meios de comunicação ou a implantação do comunismo em caso da vitória do ex-presidente Lula. A cada um dos temas, ele questionou o apoio do governador Romeu Zema a Bolsonaro e ainda cobrou do chefe do Executivo mineiro um posicionamento contra as agressões de Roberto Jefferson à ministra mineira Carmen Lúcia. “O povo de Minas Gerais não concorda com isso”, afirmou.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, a deputada Andréia de Jesus (PT) se solidarizou com as mães que perderam filhos em recentes operações policiais. “São mulheres negras e mães solos vítimas de ações violentas. E ainda temos que assistir a Polícia Federal negociando com um ex-deputado que atentou contra os policiais, sendo tratado com privilégio. Dói ver isso, porque nunca foi visto nos territórios vulneráveis”, comparou.

Para a parlamentar, no meio dessa “cena ridícula”, há que se pensar também na importância do desarmamento. Andréia de Jesus também se dirigiu a chefes de família e diaristas para alertar sobre o risco da desvalorização do salário mínimo. Segundo ela, em reunião recente com cerca de 90 associações quilombolas, ela ouviu a demanda de políticas para os jovens. “Se o Estado não chega, chegam outras coisas”, afirmou.

Direito ao voto passaria pelo transporte gratuito

Já Virgílio Guimarães (PT) se dirigiu aos prefeitos mineiros e defendeu que tenham uma postura republicana, independentemente da posição política. Segundo o deputado, é responsabilidade de todos eles garantir o direito ao voto, sobretudo dos mais pobres e dos que moram na zona rural. E também é inadmissível a pressão a subordinados e servidores. Na mesma linha, Beatriz Cerqueira (PT) parabenizou as Prefeituras de Contagem e de Belo Horizonte pelo anúncio do transporte gratuito no domingo de eleição.

De acordo com a deputada, o governador Romeu Zema, “amigo de locadoras e mineradoras”, se posicionou contra o transporte gratuito, que favoreceria a população. “Temos reunião com prefeitos, a Fiemg declara apoio a Bolsonaro, e Minas Gerais dispara como a campeã de assédio eleitoral”, relacionou, criticando o chamado voto de cabresto. “Seu voto é secreto e define a sua vida. Denuncie o assédio”, enfatizou Beatriz Cerqueira, dirigindo-se aos eleitores.

Falando do Jequitinhonha/Mucuri, o deputado Doutor Jean Freire (PT) criticou um vídeo postado por uma colaboradora da rede de farmácias Indiana, relacionando o aumento de roubos em Teófilo Otoni à presença de índios Machacalis no centro da cidade. O vídeo teria, inclusive, a imagem de crianças. Ainda segundo ele, a defensora dos indígenas Roberta Cangussu vem sendo ameaçada de morte.

“A violência aumenta a cada dia, e escutamos o presidente dizer que nos morros e periferias só tem bandido. Onde a Polícia Federal estava no domingo? De que lado está esse bandido?”, questionou, referindo-se a Roberto Jefferson. Doutor Jean Freire ainda contrapôs a política armamentista aos preceitos cristãos e o discurso da pátria ao desprezo pelos nordestinos. Médico, ele atuou na linha de frente no combate ao coronavírus e criticou, novamente, a postura do presidente Bolsonaro ao imitar um paciente com falta de ar.

Contraponto

Coube ao deputado Coronel Henrique fazer a defesa da gestão de Jair Bolsonaro. Para ele, o mundo atual e todos os seus desafios, entre os quais a pandemia e a guerra na Europa, exigem mudanças dinâmicas e adaptações da política econômica, o que estaria sendo feito pela equipe do ministro Paulo Guedes. “O Brasil não é mais o País do futuro, mas do presente. Somos o celeiro do mundo, graças ao incentivo ao agronegócio”, pontuou, citando, ainda, baixa inflação, crescimento econômico e acordos comerciais inéditos.

Por outro lado, Coronel Henrique criticou a esquerda centrada no nome do ex-presidente Lula que, segundo ele, sequer apresentou sua equipe econômica. O deputado também taxou de “manipuladas” as pesquisas eleitorais e ainda elogiou a postura do governador Romeu Zema e seu alinhamento com Bolsonaro. Para ele, essa é uma oportunidade para Minas Gerais ter novos investimentos. O deputado também agradeceu por sua reeleição para a ALMG.