Experiência de leilões da Cedae foi compartilhada durante a reunião
Venda da Cedae pode servir de exemplo para Minas Gerais

BNDES afirma que tarifas de água não aumentarão no Rio

De acordo com diretor do banco, está previsto no edital que os consumidores fluminenses não terão reajustes.

01/06/2022 - 18:49

A Comissão Extraordinária das Privatizações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou, nesta quarta-feira (1º/6/22), debate sobre o processo de desestatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Estado do Rio de Janeiro (Cedae). O processo foi realizado por meio de quatro leilões das concessões de fornecimento de água e tratamento de esgoto nos municípios fluminenses. 

De acordo com o diretor de Concessões e Privatizações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Almeida Abrahão, a projeção é que sejam gerados 45 mil postos de trabalho no Rio de Janeiro entre sete e 12 anos de contrato. Ele destacou que os clientes fluminenses não terão aumento real nas contas, já que o congelamento das tarifas está previsto nos contratos.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Ele também ressaltou que, em Minas Gerais, o ideal é que o processo seja diferente daquele do Rio, onde a judicialização foi necessária e os municípios ingressaram nos blocos de concessões leiloados a partir de iniciativa dos prefeitos, sem a anuência da Assembleia Legislativa (Alerj).

“Eu penso que a demonstração do sucesso do processo do Rio falará por si só e essa cobrança virá da população mineira. Nenhum deputado mineiro vai se opor”, afirmou.

Leilão

O deputado Alexandre Freitas (Podemos-RJ) disse que os deputados da Alerj são contra o interesse público e não pensam nos mais pobres. “A Alerj tentou impedir o leilão, por meio de processo de dois deputados, mas o mandado de segurança que ajuizei permitiu que acontecesse. E aí os prefeitos, individualmente, entraram nos lotes do leilão”.

Segundo o deputado, com o leilão dos quatro blocos, o Estado conseguiu um caixa de mais de R$ 24 bilhões, que será, a seu tempo, repartido entre os municípios. Além disso, ainda sde acordo com o parlamentar, investimentos de cerca de R$ 35,5 bilhões serão feitos para “universalizar o acesso à água”.

Arsae defende modelo fluminense para Minas Gerais

Para o diretor-geral da Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais (Arsae-MG), Antonio Claret de Oliveira Júnior, a melhor solução será os municípios mineiros poderem aderir por conta própria à privatização dos serviços da Copasa em Minas Gerais.

“A Copanor (subsidiária da Copasa) não tem capacidade de cumprir as metas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). Não há capacidade econômica e financeira. Se fizermos nos mesmos moldes da Cedae, que definiu em edital que a tarifa estará congelada e que só se pode acrescer correção inflacionária, será bom para todos”, pontuou.

Projetos a serem executados

O vice-presidente institucional da Aegea Saneamento, Rogério Tavares de Paula, apresentou os projetos a serem executados pela empresa, previstos no contrato no Rio. Entre as ações listadas está a recuperação ambiental da Baía da Guanabara, com instalação de coletores, que deve ser concluída em cinco anos, a um custo de R$ 2,7 bilhões.

Também estão incluídas: a recuperação dos sistemas de saneamento existentes; a implantação dos coletores de esgoto no entorno da baía; a recuperação da Bacia do Rio Guandu, com implantação dos sistemas de esgotamento sanitário em municípios da bacia como Japeri (107 mil habitantes) e Queimados (153 mil habitantes).

Ele ressaltou, aind,a que atualmente o esgoto das cidades da Baixada Fluminense vai todo para os rios sem tratamento e que a implantação dos novos sistemas contribuirá para reduzir o nível de turbidez da água a ser tratada. O investimento nesse projeto será da ordem de R$ 645 milhões.

Universalização

“A conclusão desse rol de obras permitirá a universalização do acesso à água em 10 anos. Quanto ao esgotamento sanitário, a proposta é atingir 90% da população com coleta e tratamento de esgoto, em 12 anos”, afirmou.

Por fim, Rogério de Paula disse que a execução de todas as obras possibilitará a geração de emprego e renda para a população, especialmente os mais vulneráveis. Outro ganho adicional se daria com a formação de mão de obra, por meio de cursos profissionalizantes relacionados aos projetos, como de mecânico, encanador, eletricista.

Autor do requerimento para a reunião, o deputado Guilherme da Cunha (Novo) afirmou que os fluminenses mais pobres serão os mais beneficiados nesse processo e que Minas Gerais pode aprender muito com a experiência da Cedae. “Com mais eficiência no fornecimento de água, teremos a expansão no número de beneficiários na tarifa social, o que é muito bom”, frisou.