Presidente da Fiemg participou de audiência sobre o papel do setor privado no processo de desestatização da economia

Privatizações demandariam investimentos no setor energético

Em reunião na ALMG, presidente da Fiemg apontou necessidade de expansão do fornecimento de energia e gás nesse cenário.

17/05/2022 - 19:32

O parque industrial mineiro está preparado para suprir a demanda por insumos e serviços em caso de um novo ciclo de privatizações, no qual deveriam ser priorizados investimentos nos setores de gás e energia. A opinião é do presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiemg), Flávio Roscoe, que participou de audiência pública da Comissão Extraordinária das Privatizações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (17/5/22).

De forma unânime, os participantes da reunião defenderam a inclusão da iniciativa privada na oferta de serviços públicos, embasando seus argumentos no histórico de desestatizações do País.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Nesse sentido, Flávio Roscoe ressaltou que os resultados das empresas privatizadas são incontestáveis, de forma que vieses estatizantes no poder público constituem um obstáculo para o crescimento da economia.

Ao defender que companhias como a Cemig e a Gasmig recebam especial atenção em um processo de privatizações, ele afirmou que a indústria é responsável por mais de 90% do gás e de 50% da energia consumidos em Minas, elementos essenciais para o desenvolvimento do Estado.

Em contrapartida, a Gasmig atua em apenas 5% dos municípios mineiros, o que impediria determinadas regiões de receberem investimentos. Já na área de energia, a concessão do serviço a uma empresa privada (Energisa) em parte do Estado não resultou em nenhuma crise para o segmento, de acordo com o presidente da Fiemg.

Para Flávio Roscoe, o poder público subtrai recursos da sociedade, por meio de impostos, e fornece serviços de má qualidade. Essa ineficiência se refletiria no preço das tarifas e na dificuldade de se obter os serviços ofertados, devido à falta de capacidade do Estado para investir e à necessidade, inversamente proporcional, de aportar recursos para cobrir rombos de empresas deficitárias.

Energias limpas

De forma semelhante, Luiz Antônio Vasconcelos, vice-presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas Gerais (ACMinas), destacou a importância da participação da iniciativa privada na produção de energia limpa. Só o Norte de Minas, conforme informou, poderia gerar o equivalente a 10 usinas de Três Marias de energia fotovoltaica.

Outros setores lembrados por ele foram o de educação, que sofre com o nível do ensino público, e de infraestrutura, para que Minas se transforme em um centro da logística nacional.

A deputada Laura Serrano (Novo), por sua vez, afirmou que é obrigação do Estado garantir o acesso a serviços públicos de qualidade, não necessariamente geri-los e executá-los. “O serviço público não é gratuito, todos pagamos com impostos. Esse (a desestatização) é um assunto fundamental para a melhoria da qualidade de vida da população”, disse.

Na mesma linha, o deputado Guilherme da Cunha (Novo) lembrou que mais de 50% dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) já são geridos pela iniciativa privada, como hospitais filantrópicos. Ele também citou o Projeto Somar, em andamento no Estado, no qual três escolas públicas serão administradas por organizações sociais e que, no seu entender, trará importantes dados sobre esse modelo de gestão para o governo.

Já o deputado Bartô (PL) ressaltou os ganhos com as desestatizações, como o aumento de recursos investidos, a geração de emprego e renda e, mais do que tudo, a adequação de empresas à sua função social, a de fornecer soluções para os cidadãos. O parlamentar classificou como populista o discurso antiprivatizações.

Secretário apresenta panorama no Estado

Para o secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Augusto Faria, o Estado precisa se desfazer de ativos por ocupar de forma indevida o papel da inciativa privada em diversas atividades, como o beneficiamento de lítio e a manutenção de turbinas, e por não ter capacidade de oferecer serviços essenciais de forma adequada, apesar de possuir bom nível de gestão em empresas como a Copasa e a Cemig.

Guilherme Faria destacou que, no primeiro caso, o desinvestimento pode gerar caixa, enquanto no segundo, apesar de não representar fluxo volumoso de recursos (dada a pparticipação acionária do governo), a saída do Estado será revertida em benefícios diretos para a população.

A Cemig, especificamente, pode ter seu plano de investimentos de R$ 20 bilhões nos próximos cinco anos bancado com a venda de ativos, especialmente de fora de Minas e que não impactam diretamente os mineiros, para depois seu controle poder ser transferido.

No caso da Copasa, o novo marco legal do saneamento traz o desafio de as concessionárias atingirem até 2033 níveis de excelência na prestação do serviço, o que atualmente está a uma grande distância da estatal, que nem mesmo apresenta capacidade operacional para realizar os investimentos necessários, superiores ao valor da própria companhia.

Incoerência

Após acompanhar a apresentação do secretário, o deputado Bruno Engler (PL) ponderou que, apesar do discurso do governo, a Assembleia só recebeu até agora um projeto de privatização , no caso a venda da Companhia de Desenvolvimento Econômico (Codemig).

Guilherme Faria explicou ao deputado que o desinvestimento em empresas privadas independe de autorização legislativa e está sendo levado a cabo. Já em relação à venda de estatais, que precisa passar pelo Legislativo, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico trabalha na modelagem dos negócios, para oferecer fundamentação técnica para a privatização.