Usuários e trabalhadores do hospital acompanharam a reunião na noite desta quinta (28)
Neuza de Freitas denunciou a falta de materiais básicos para o atendimento dos pacientes

Reabertura da emergência do Júlia Kubitschek é demandada

Após anúncio da Fhemig de reabrir setor para a população em julho, trabalhadores e usuários pedem mais agilidade.

29/04/2022 - 00:15

A reabertura para a população da emergência do Hospital Júlia Kubitschek, na região do Barreiro, na Capital, o mais rápido possível, foi cobrada por trabalhadores e usuários da instituição em audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião foi realizada na noite desta quinta-feira (28/4/22).

Consulte o resultado da reunião.

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) anunciou, nesta quinta (28), a reabertura da emergência no mês de julho. Esse setor do hospital, que é referência para a região do Barreiro e também para cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), esteve nos dois últimos anos dedicada aos casos relacionados à pandemia de Covid-19. 

Segundo a Fhemig, a melhora dos índices epidemiológicos e a vacinação contra a Covid permitem a reabertura da emergência para atendimento à população.

Ainda de acordo com a Fhemig, na primeira quinzena de maio, 30 leitos de enfermaria serão disponibilizados e funcionarão como retaguarda para Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da RMBH.  

O anúncio não agradou trabalhadores e usuários do hospital presentes na reunião. A representante do Conselho Local de Saúde do Hospital Júlia Kubitschek, Relina Conradt Lemes, destacou que a demanda é pela plena reabertura da emergência para a população.

"Soubemos que, no início, só poderemos receber os encaminhados por UPA. Não vamos aceitar isso", disse. Ela relatou que, com o fechamento do setor de emergência da instituição, a UPA do Barreiro está superlotada. 

Trabalhadora e usuária do Hospital Júlia Kubitschek, Deusiene Cardoso denunciou a demora para a conclusão de obras na instituição, o que tem mantido sem funcionamento duas enfermarias e o bloco cirúrgico. 

Diretora alerta para precarização do setor

A diretora-executiva do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Minas Gerais, Neuza Pereira de Freitas, salientou que ainda está apreensiva com a possibilidade de fechamento e com a precarização do setor de emergência. Ela destacou ainda que os problemas no hospital são recorrentes e denunciou a falta de materiais básicos para o atendimento dos pacientes.

Além disso, abordou a falta de diálogo com o governo estadual. Ela explicou que, em 2020, com o início da pandemia, foi comunicado o fechamento da emergência do hospital para que leitos fossem utilizados para tratamento da Covid, o que foi compreensível, em sua opinião.

"Passaram-se dois anos e hoje temos outra realidade. Mas, de repente, somos surpreendidos com a notícia de que a emergência não iria reabrir. No último dia 25 de março, recebemos um documento sobre o fechamento do ambulatório de atendimento à saúde da mulher. Agora, pela imprensa, somos avisados da reabertura da emergência", contou.

Neuza Pereira também falou que, ao longo do tempo, milhões de reais foram destinados para obras no hospital, o que não trouxe resultados. Ela alertou para a necessidade de o Tribunal de Contas do Estado averiguar a situação. 

Ana Paula Carvalho Magalhães, usuária da Casa da Gestante do hospital, falou da insegurança com o boato de fechamento do espaço e destacou a sua importância. Ela relatou que está com 26 semanas de gestação e que é hipertensa e diabética. 

"A Casa da Gestante representa acolhimento. Já estive internada cinco vezes lá devido a descompensação da diabetes. Lá somos acompanhadas de perto. Recebemos orientações sobre alimentação balanceada. O Júlia é uma casa para mim", enfatizou. 

Deputada cobra data para reabertura da emergência

De acordo com a deputada Ana Paula Siqueira (Rede), que preside a comissão e solicitou a audiência em conjunto com o deputado Betão (PT), é preciso ter uma data exata para a reabertura da unidade, o que deve ocorrer o mais rápido possível. 

Ela enfatizou que 150 atendimentos/dia deixam de ser feitos com o fechamento do espaço, prejuízo que considerou inadmissível.

Para Ana Paula Siqueira, o anúncio da reabertura da emergência é uma conquista de todos os que se mobilizaram pela causa. "O que é nosso precisa ser defendido por nós. E todos vocês fizeram isso brilhantemente". Apesar disso, destacou que a luta continua.

“Vamos querer saber sobre essa abertura de leitos, os recursos colocados para reformas, os problemas de equipamentos. Vamos ficar atentos até a reabertura de todos os atendimentos desse hospital", afirmou. 

O vereador Helinho da Farmácia corroborou a fala de Ana Paula Siqueira e também cobrou uma data para a reabertura da emergência.

Gerente da Fhemig relata dificuldade com recursos humanos

A gerente da Diretoria Assistencial da Fhemig, Ana Carolina Amaral de Castro Hadad, falou que o Hospital Júlia Kubitschek, junto com o Eduardo de Menezes, será o último a se desmobilizar por completo em relação aos leitos destinados à Covid, por causa de compromisso feito com o governo.

Ela disse que para abrir as portas da emergência para a população é preciso ter recursos humanos e que há dificuldades quanto a isso. No entanto, afirmou que está em fase final a seleção para contratação de médicos clínicos para integrar a unidade.

Em relação ao ambulatório de atendimento à saúde da mulher, esclareceu que o diretor do hospital comunicou o fechamento no dia 25 de março como uma medida emergencial e temporária, necessária em função da rescisão de contratos por parte de médicos. "Mesmo assim, o atendimento foi apenas contingenciado", falou. Ana Carolina Amaral acrescentou que a situação já se normalizou.

Sobre os investimentos feitos no hospital, respondeu que, desde 2019, foram destinados R$ 20 milhões para melhorias. A gerente também explicou que as obras do bloco cirúrgico devem ser concluídas em julho.