A Comissão das Privatizações debate a concessão da Rodoviária de BH com representantes do Governo do Estado

Concessão vai possibilitar melhorias na Rodoviária de BH

Garantia foi dada por representantes do Governo do Estado em reunião da Comissão das Privatizações nesta quarta (27).

27/04/2022 - 17:41

A concessão da Rodoviária de Belo Horizonte e dos terminais do Move Metropolitano vai permitir a oferta de melhores serviços para os passageiros. A garantia foi dada por representantes do Governo do Estado que participaram da audiência realizada pela Comissão Extraordinária das Privatizações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quarta-feira (27/4/22).

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

O leilão para exploração dos terminais foi realizado na B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, no dia 25 de março. O vencedor do certame, o Consórcio Terminais BH, ofereceu R$ 20 milhões, o que representou um ágio de 1.829%. Atualmente o processo está em fase de análise de documentos.

O subsecretário de Estado de Transportes e Mobilidade, Gabriel Fajardo, prevê a assinatura do contrato de concessão em junho. Depois disso, tem início um período de transição da gestão, e os investimentos em reformas devem começar até o final do ano, segundo o subsecretário.

A previsão é de que sejam investidos R$ 122 milhões ao longo dos 30 anos de concessão. As melhorias vão contemplar a Rodoviária de BH, cinco terminais e 17 estações do Move Metropolitano. Segundo os representantes do Governo do Estado, a privatização vai proporcionar mais conforto para cerca de 17,5 milhões de passageiros que passam por essas estruturas todos os anos.

Somente na Rodoviária de BH, também conhecida como Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro (Tergip), são 8,6 milhões de passageiros por ano. Atualmente a gestão do espaço é de responsabilidade da Codemge, empresa pública controlada pelo Estado. “Não é papel do Estado administrar esse tipo de imóvel”, afirmou o subsecretário Gabriel Fajardo.

“Vamos entregar o Tergip para quem sabe de fato gerenciá-lo. Teremos um equipamento público de melhor qualidade”, completou o presidente da Codemge, Thiago Toscano. Ele lembrou que a empresa gastou R$ 2 milhões em obras de adequação de infraestrutura da Rodoviária de BH. Na sua avaliação, esse dinheiro público poderia ser destinado a melhorias na saúde e na educação.

Até 2019, a operação do Tergip era superavitária. Segundo o gerente do terminal, Fábio Paes Daibert, o lucro naquele ano foi de R$ 3,3 milhões. Com o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, a média diária de passageiros despencou de 10 mil para 300, e, com isso, a gestão passou a ser deficitária.

Desde outubro de 2021, a operação voltou a ser lucrativa. O mês de abril de 2022 deve fechar com lucro de R$ 400 mil. “A tendência é de que esse valor tenha aumentos progressivos até o final do ano”, afirmou o gerente. O deficit de receita do Tergip durante a pandemia foi coberto pela Codemge, que administra o terminal desde 2016.

Para a subsecretária de Estado de Turismo, Degislaine da Silva Souza, a reforma da infraestrutura da Rodoviária de BH vai permitir o melhor atendimento dos turistas do interior do Estado que visitam a Capital, o que vai facilitar a promoção do turismo interno.

O deputado Guilherme da Cunha (Novo), que presidiu a reunião, também considera positiva a privatização do Tergip. “A concessão abre portas para um volume substancial de investimentos. O terminal é antigo e não oferece conforto para os passageiros”, afirmou.

Ambulantes temem ser despejados

A concessão preocupa os ambulantes que vendem água, salgadinhos e chocolate nas plataformas da Rodoviária de BH. O vice-presidente da Administração dos Vendedores Ambulantes do Tergip (Advater), Dirceu Joviano Ferreira, disse que a categoria teme não poder continuar com seu trabalho.

“Com a privatização, fica aquela insegurança. Gostaríamos de ser lembrados nessa negociação”, afirmou. “A maior parte do nosso pessoal só aprendeu a trabalhar aqui”, acrescentou.

Respondendo a questionamentos do deputado Guilherme da Cunha, ele esclareceu que os ambulantes têm autorização para trabalhar na Rodoviária graças a um acordo verbal firmado em 1994, com intermediação da Câmara Municipal de Belo Horizonte.

Para o parlamentar, é preciso formalizar um acordo por escrito com o novo concessionário, com o estabelecimento de obrigações e direitos para os ambulantes. O subsecretário Gabriel Fajardo assumiu o compromisso de discutir a situação dos vendedores com a empresa vencedora da licitação. “O Estado não vai fechar as portas para essa demanda”, garantiu.