Presidente da ALMG assina carta de adesão ao Natal Sem Fome
Em Reunião Especial, Agostinho Patrus firma compromisso de mobilizar parceiros em prol de campanha de solidariedade.
18/11/2021 - 19:14 - Atualizado em 19/11/2021 - 11:35O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Agostinho Patrus (PV), assinou na tarde desta quinta-feira (18/11/21) a carta-manifesto de apoio à campanha “Natal Sem Fome 2021”.
A solenidade de adesão do Parlamento mineiro, que contou também com representantes dos principais veículos de comunicação do Estado nessa grande mobilização solidária, aconteceu em Reunião Especial do Plenário.
Organizada pela ONG Ação da Cidadania, fundada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Sousa, o “Betinho”, a iniciativa já ajudou mais de 20 milhões de pessoas a terem um Natal digno. A entidade congrega uma imensa rede de mobilização em todo o País e foi responsável pela maior campanha de combate à fome da história da América Latina.
Por meio de várias ações que estão sendo desenvolvidas no âmbito do Legislativo, a Assembleia vai mobilizar uma rede de parceiros para auxiliar e promover a edição deste ano.
“As crianças voltaram aos semáforos, cada vez mais pessoas estão dormindo nas ruas, falta comida no prato e a fome chegou literalmente aos ossos. Nenhum país civilizado pode aceitar passivamente a miséria”, afirmou Agostinho Patrus ao agradecer a adesão dos órgãos de imprensa à campanha da Ação da Cidadania.
Cestas básicas para vulneráveis
Em 2013, o Brasil saiu do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) mas a piora rápida dos indicadores sociais desde então levou a reativação da campanha já em 2017.
Por isso, em Minas Gerais, até o próximo dia 17 de dezembro a ALMG vai ajudar a Ação da Cidadania a arrecadar recursos, que serão utilizados para a compra de cestas básicas para a população mais vulnerável. As doações serão recebidas pela Associação Arebeldia Cultural, entidade parceira na execução de ações do Comitê Estadual da Ação Cidadania no Estado.
A Assembleia também vai recolher diretamente doações em brinquedos novos, em postos de coleta físicos que serão instalados na sede do Legislativo. Esses materiais também serão destinados à Arebeldia.
Assembleia Solidária
As ações integram o programa Assembleia Solidária, criado em setembro de 2011 pela ALMG e por entidades parceiras cujo objetivo é engajar pessoas e organizações em causas sociais.
Nessa linha, os veículos de comunicação que também assinaram a carta-manifesto vão ajudar a divulgar a campanha e mobilizar a rede de solidariedade em todo o Estado.
“Com a ajuda de vocês, essa ação ganha ainda mais força em prol daqueles que mais precisam de nossa atenção. Nossa esperança é tocar o coração de todos os mineiros e mineiras”, destacou Agostinho Patrus.
Campanhas
Por meio do programa Assembleia Solidária, já foram organizadas campanhas para vítimas do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (Região Central), em 2015, e das chuvas em 2017 e 2020, assim como campanhas sazonais.
É o caso, por exemplo, da campanha para aquisição de material médico-hospitalar indispensável no combate à pandemia de Covid-19 destinado às unidades de saúde de Belo Horizonte.
Depois da tempestade, veio o furacão
Em seu pronunciamento, o presidente da ALMG citou pesquisa da Universidade federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com entidades alemãs, que estimou que 59,4% dos lares brasileiros sofrem com a insegurança alimentar.
No Estado, segundo levantamento da Fundação João Pinheiro, mais de cinco milhões de mineiros vivem na pobreza ou na extrema pobreza, isso mesmo antes da pandemia, conforme lembrou o parlamentar.
“Seis a cada dez brasileiros passam fome ou se alimentam precariamente. E depois da tempestade, veio o furacão”, lamentou Agostinho Patrus.
Força Família
O presidente da ALMG lembrou as diversas iniciativas da ALMG visando ao combate da pobreza e a promoção da dignidade dos mineiros, como a aprovação do auxílio Força Família.
Ao lembrar o legado literário da escritora mineira Carolina Maria de Jesus, que relatou seu drama pessoal ao passar fome, Agostinho Patrus ainda condenou o que classificou como “condenação ética da miséria” promovida, segundo ele, por quem é abastado financeiramente, mas pobre de espírito e de empatia.
“Infelizmente, é senso comum a criminalização da miséria. Esses nunca souberam o que é a vertigem da fome, conforme escreveu Carolina de Jesus. Chegaram ao ponto de dizer que o auxílio criado por esta Casa será gasto num boteco. A que ponto chegamos”, criticou.
Pressa
Além de dezenas de deputados, a Reunião Especial de Plenário contou também com a participação de convidados e foi finalizada com apresentação musical do cantor Maurício Tizumba, artista apoiador da campanha Natal Sem Fome.
Um dos convidados foi a coordenadora do Comitê Mineiro da Ação da Cidadania, Danusa Carvalho, que lembrou a célebre frase cunhada por “Betinho”. “Quem tem fome, tem pressa. É um desafio retomar uma campanha desse porte, mas com a solidariedade de todos, vamos ter sucesso”, disse.
Segundo dados divulgados pela Ação da Cidadania, 116,8 milhões de brasileiros vivem com algum grau de insegurança alimentar, 19,1 milhões de brasileiros passam fome no Brasil e, ainda, 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres passam fome no Brasil.
Diante desse quadro, o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de Minas Gerais, Carlos Rubens Doné, reforçou que é preciso “virar esse jogo”.
“Estamos perdendo, e de goleada, mas ainda dá tempo. Vamos ser abençoados por Betinho onde ele estiver. Para ser solidário, basta imaginar o que é acordar todo dia de manhã e não saber se vai conseguir comer. Praticar cidadania é praticar a solidariedade de todas as formas”, cobrou Carlos Doné.
Fábula
Não à toa, a mensagem da campanha Natal Sem Fome 2021 é emblemática: “E se cada um fizer a sua parte?” Essa convocação à solidariedade faz referência à “Fábula do Beija-Flor”, uma das histórias contadas por “Betinho” ainda na década de 1990.
Nessa história, o pássaro é questionado ao tentar apagar um incêndio na floresta levando água no bico. Ele tem consciência de que sozinho não consegue, mas dá o exemplo de que, se cada animal da floresta fizer a sua parte, o fogo vai cessar.