A pilhagem de barras de ferro-gusa, que acontece em plena luz do dia e à vista de todos, foi flagrada em vídeo

Ataques a trens de ferro-gusa na RMBH serão tema de debate

Cenas de faroeste flagradas em vídeo se repetem rotineiramente e motivam audiência conjunta nesta quinta (11) na ALMG.

10/11/2021 - 16:08

Um assalto ao trem digno dos antigos filmes de faroeste. A cena surreal saiu da ficção e se tornou uma triste realidade cotidiana nos trilhos situados entre as regiões da Gameleira, Oeste de Belo Horizonte, e da Cidade Industrial, já em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Nesse trecho, ladrões abordam as composições ferroviárias, sobem nos vagões e promovem a pilhagem de barras de ferro-gusa em plena luz do dia, e à vista de todos sem serem incomodados, em um prejuízo que pode superar os R$ 400 mil mensais.

É essa denúncia recebida pelos deputados estaduais que será discutida em audiência conjunta das Comissões Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras e de Segurança Pública, nesta quinta-feira (11/11/2021), a partir das 9h45, no Auditório José Alencar da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). O debate acontece atendendo a requerimento do presidente da Comissão Pró-Ferrovias, deputado João Leite (PSDB).

Acompanhe a reunião ao vivo e participe do debate, enviando dúvidas e comentários.

O gabinete do parlamentar recebeu um vídeo, que deve ser exibido na audiência pública, do momento em que acontece um desses ataques ao trem da Vale Logística e Transporte (VLI), flagrante quando a composição passava por uma passagem de nível. Segundo a denúncia, o trem trafega em velocidade bastante reduzida, quase parando, por cortar o perímetro urbano.

Rotineiramente, uma quadrilha com cerca de 20 ladrões abordam os vagões carregados de ferro-gusa na altura do Bairro Calafate, em BH, e rapidamente empilham o material na lateral dos vagões. Quando chegam próximo à Vila São Paulo, eles jogam o material pra fora do trem, que é recolhido por comparsas.

Ferro-gusa é o nome que se dá aos lingotes de ferro bruto, ainda impuro, produzidos em um alto-forno para serem convertidos depois em outros produtos, como o aço.

Receptação - Segundo a denúncia recebida pela Comissão Pró-Ferrovias, o material seria comprado pelo dono de um ferro-velho situado no Bairro Petrolândia, divisa de Contagem com Betim, e depois levado para a cidade de Itaúna (Região Central), onde é revendido a uma siderúrgica, supostamente também cúmplice no esquema de receptação do material furtado.

Os registros das ocorrências e a estimativa do valor furtado já teriam sido levantados pela direção da VLI Logística. A empresa é uma subsidiária da Mineradora Vale que opera as ferrovias Norte Sul (FNS) e Centro-Atlântica (FCA), além de terminais integradores, que unem o carregamento e o descarregamento de produtos ao transporte ferroviário, e a operação em terminais portuários em eixos estratégicos da costa brasileira. 

Convidados - O objetivo da audiência pública é debater com representantes das Polícias Civil e Militar o que pode ser feito para coibir os ataques.

Também foram convidados para a reunião representantes da VLI, da Superintendência de Transporte Ferroviário da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra), da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e de especialistas em transporte ferroviário.