Os participantes enfatizaram a necessidade de melhorar a infraestrutura da cidade para receber o aumento de turistas
Padre Júlio Agripino detalhou a dimensão do empreendimento

Acesso a Cássia é reivindicado em função de Santuário

Município vai inaugurar, em maio de 2022, complexo religioso dedicado a Santa Rita de Cássia, que impactará o tráfego.

20/10/2021 - 20:04

Deputados e representantes do município de Cássia (Sul de Minas) defenderam, nesta quarta-feira (20/10/21), a construção de uma alça viária ligando a MG-344 a uma parte a cidade, onde será instalado o maior santuário do mundo dedicado à Santa Rita de Cássia. A proposta teve unanimidade entre participantes de audiência pública realizada pela Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

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De acordo com o coordenador do projeto, padre Julio Cesar Agripino, o complexo religioso ocupará uma área de 180 mil metros quadrados, que contará com o templo (7 mil m²), um centro comercial com 48 lojas, uma casa para o clero com sete suítes, vestiários, sanitários, praça de alimentação, velário e, ainda, uma réplica da casa onde nasceu a santa.

O templo, ainda segundo o religioso, tem espaço para 5 mil devotos sentados e mais 2 mil em pé. O estacionamento será suficiente para abrigar 200 ônibus e mil carros. O santuário está sendo financiado pelo empresário cassiense Paulo Flávio de Melo Carvalho e já custou cerca de R$ 50 milhões.

Pela grandiosidade da obra, o prefeito da cidade, Rêmulo Carvalho Pinto, afirmou que será necessária a construção da variante de ligação para receber os turistas. Ele disse que a expectativa é que a cidade receba 150 mil romeiros na época da inauguração do santuário, marcada para 20 a 22 de maio – período no qual estão previstas diversas atividades de comemoração. “Sem ela (a alça viária) vai ficar difícil o acesso ao local”, advertiu.

O secretário Municipal de Turismo de Cássia, Diego Borges Dias, completou que o município de 17,4 mil habitantes não tem infraestrutura para receber tantos visitantes. De ruas estreitas, o volume esperado de carros pode provocar um caos na cidade. A construção da alça está orçada em R$ 11 milhões.

A proposta teve apoio dos deputados presentes à audiência pública: o autor do requerimento, Professor Cleiton (PSB), o presidente da comissão, Mauro Tramonte (Republicanos), além dos deputados Antonio Carlos Arantes (PSDB), Bosco (Avante) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Eles se prontificaram a unir esforços para intermediar negociações com o governo do Estado para viabilizar o novo acesso viário.

Pronto Socorro – O vereador da cidade, Luiz Adriano de Souza Machado, conhecido por Priminho, ressaltou que também precisa de reforma a unidade de pronto atendimento do hospital local para atender aos visitantes. Ele calcula que seriam necessários investimentos entre R$ 900 mil a R$ 1 milhão nas obras.

Santuário impactará turismo em todo o Estado

A expectativa dos participantes da audiência pública é de que a construção do gigantesco complexo impactará a economia e a movimenação não apenas em Cássia, mas na região e até no Estado. Padre Júlio Agripino lembrou que o município já é uma rota de peregrinação e que deverá atrair ainda mais turistas de todo o País e até do exterior depois da inauguração do santuário.

Andréa Salerno Miguel Sousa, membro da Comissão de Administração do santuário, revelou que já está sendo elaborado um plano de turismo para depois da abertura do complexo que inclui a implantação do turismo de caminho em duas grandes rotas – uma com saída a partir do Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté (Região Central), e a outra partindo do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no município do interior de São Paulo.

Também estão sendo planejadas outras estratégias como o treinamento de famílias para implantação de hospitalidade domiciliar, uma vez que a cidade não tem rede hoteleira; qualificação de guias de turismo como “guardiões dos caminhos” e implantação de aplicativo local para oferecer pacotes de atrações e serviços aos turistas.

Benefícios à economia também são exaltados

O deputado Professor Cleiton confia que o empreendimento vai gerar emprego e renda e contribuir para a dignidade de muitas pessoas, com substancial impacto social e econômico. “Não tenho dúvida que a presença desse santuário vai mudar drasticamente a rotina da cidade, a vida do povo de Cássia”, afirmou.

Para Mauro Tramonte, o santuário “inaugura um novo cenário no turismo religioso do Estado e um novo espaço de manifestação da fé”. Ele reforçou a necessidade de investimentos em infraestrutura para assegurar boas estradas, segurança e atendimento médico aos visitantes.

Antonio Carlos Arantes também acredita que a obra vai gerar grande transformação da região. O deputado ressaltou a importância do estímulo ao turismo. “É uma indústria limpa que traz emprego e desenvolvimento”.

Além dos benefícios econômicos, Dalmo Ribeiro Silva enalteceu a importância do complexo para a religiosidade. “Nesse momento que a gente vive torna-se tão necessário e tão importante a fé para semear o bem, o amor, a caridade”.

Bosco destacou, também, o fomento que o empreendimento pode representar para o turismo religioso em Minas. Ele lembrou que o Estado já conta com grande potencial para esse segmento e que a obra soma ainda mais.

A vocação mineira para festas religiosas e visitações a monumentos, caminhos e igrejas também foi apontada pelo diretor de Produtos e Segmentação Turística da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), Rafael Frederico Valadão. Ele falou de alguns programas do governo que estão sendo desenvolvidos para incentivar a retomada do turismo no pós-pandemia.