Comissão se reuniu nesta quarta (29) para conhecer modelo de privatização de aeroportos mineiros
Secretário nacional informou que resolução limitando voos será revogada
Contrato
Aeroportos estão na lista de serviços do Estado que irão para a iniciativa privada

Aeroporto da Pampulha terá leilão de concessão no dia 5

Segundo gestores ouvidos em audiência, voos regulares poderão ser retomados e expansão não está descartada.

29/09/2021 - 16:32

Com leilão marcado para o dia 5 de outubro, a concessão à iniciativa privada do Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, não limitará uma possível retomada de voos regulares no terminal, segundo informou nesta quarta-feira (29/9/21) o secretário Nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, Ronei Glanzmann.

Juntamente com representantes do Estado, ele participou de audiência pública para discutir a desestatização de aeroportos mineiros, realizada a pedido do presidente da Comissão Extraordinária das Privatizações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Coronel Sandro (PSL).

Esta quinta (30) é o dia previsto para o recebimeto de propostas para o leilão, que ocorrerá na Bolsa de Valores (B3) em São Paulo.

Consulte o resultado e assista ao vídeo completo da reunião.

Embora o contrato de concessão a ser assinado com o vencedor não vá impedir a volta de voos regulares na Pampulha, Ronei Glanzmann disse que isso dependerá de fatores como demanda de mercado, restrições operacionais do aeroporto e entendimentos com o Governo de Minas.

Ele esclareceu que o Aeroporto da Pampulha foi delegado no ano passado ao Estado por suas características operacionais e mercadológicas, mas que sua concessão está sendo modelada em parceria com o governo federal. “Minas está percebendo a importância das parcerias com a iniciativa privada”, avaliou.

Respondendo a questionamentos do deputado Guilherme da Cunha (Novo), que conduziu a reunião, o secretário informou que, logo após o leilão, será revogada a Resolução 1/17, do Conselho de Aviação Civil (Conac), que limitou os voos na Pampulha.

Por causa dessa norma, o aeroporto passou a operar apenas voos fretados e particulares, com demais serviços limitados a voos diretos entre o terminal e aeroportos regionais.

De acordo com Ronei Glanzmann, essa resolução só não foi revogada ainda para não tumulturar o processo de concessão ou gerar a judicialização da questão.

Expansão é possibilidade futura, diz gestor

Já o subsecretário de Transportes e Mobilidade da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade, Gabriel Fajardo, indicou que ainda poderá ocorrer uma expansão do Aeroporto da Pampulha.

Ao ser indagado por Guilherme da Cunha sobre o que seriam receitas imobiliárias, item presente no modelo de concessão apresentado à comissão, Gabriel Fajardo disse que elas poderão ocorrer caso haja a otimização do espaço, observadas restrições municipais aplicáveis. “Isso (uma expansão) poderá acontecer por necessidade, com as devidas indenizações e desapropriações, em entendimento com a prefeitura”, afirmou.

O objetivo dessa previsão de receitas imobiliárias, segundo ele, é “não congelar” a possibilidade de no futuro o concessionário vir a propor uma expansão, tendo em vista que o contrato será assinado por 30 anos.

Gabriel Fajardo ainda frisou que, se novas atividades forem implementadas no aeroporto, há uma claúsula contratual de reequilíbrio financeiro, caso o Estado entenda que há novas receitas a serem recebidas pela concessão. 

Da mesma forma, ele destacou, também em resposta ao deputado, que o Aeroporto da Pampulha já é licenciado na esfera ambiental e que necessidades de ajustes que possam vir a ocorrer serão tratadas pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).

Apoio - Guilherme da Cunha apoiou as medidas informadas pelos dois convidados, dizendo esperar que a capacidade de investimento trazida pela iniciativa privada retorne em melhores serviço para o cidadão.

Para o deputado, a privatização tem trazido resultados positivos no próprio setor aeroportuário e a concorrência não deve ser limitada. “Todos se beneficiam com isso, mas é importante conhecer os detalhes (das concessões)”, observou, sobre a importância da audiência.

Modelo define indicadores

Ainda sobre o leilão do Aeroporto da Pampulha, o subsecretário de Estado disse que os investimentos com a concessão são estimados em R$ 151 milhões.

Ele acrescentou que já estão previstos investimentos para melhorar a convivência da população do entorno do terminal, inclusive quanto à poluição sonora e visual, e destacou que vencerá o leilão a empresa que der o lance de maior outorga fixa, sendo o valor mínimo fixado em R$ 9,8 milhões.

Ao longo de 30 anos, está previsto, ainda, o pagamento anual de outorga variável, que corresponde a um percentual da receita bruta auferida pelo concessionário. 

A homolação da licitação após o leilão está prevista para 12 de outubro, com a assinatura do contrato no começo do ano que vem. 

Gabriel Farjado esclareceu que não se trata de uma privatização clássica, de alienação do aeroporto, e sim de um contrato que define para o concessionáio um conjunto de indicadores de desempenho, com penalidades no caso de descumprimento.

Outros terminais mineiros serão leiloados no começo de 2022

Por sua vez, o representante do governo federal ainda detalhou como será o processo de concessão dos aeroportos de Uberlândia e de Uberaba, no Triângulo Mineiro, e de Montes Claros, no Norte de Minas.

Juntos, eles receberão investimentos de cerca de R$ 886 milhões, estando o leilão previsto para o início do ano que vem, com assinatura do contrato até abril de 2022

Diferentemente do Aeroporto da Pampulha, esses três serão leiloados pelo governo federal, e em bloco, juntamente com o Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ)

Com isso, uma única concessionária terá que operar as quatro unidades, o que motivou o questionamento ao secretário nacional de Aviação Civil se a medida não poderia concentrar melhorias no aeroporto do Rio, por ser o de maior porte, em detrimento dos terminais mineiros.

Ronei Glanzmann disse que o concessionário único assumirá o compromisso de fazer as melhorias necessárias simultaneamente em todo o bloco, colocando as quatro unidades no nível máximo de conformidade definido, no período de três anos. 

Ele também registrou que a Infraero já vem corrigindo parte dos problemas verificados nesses quatro aeroportos.