Videoconferência encerrou evento de uma semana em celebração do Dia Internacional da Mulher
Mulheres lançam um olhar para o futuro pós-pandemia

Mulheres apontam prioridades para o pós-pandemia

Deputada se compromete com a consolidação de propostas em evento e sua tramitação na ALMG.

15/03/2021 - 20:29

Diante da impossibilidade de retorno à normalidade que existia antes da pandemia de Covid-19, as mulheres devem buscar, após a doença ser controlada, construir uma nova realidade que considere as prioridades femininas nas mais diversas áreas. Foi essa a mensagem que ficou, nesta segunda-feira (15/3/21), no encerramento do “Sempre Vivas”, evento organizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para celebrar o Dia Internacional da Mulher.

Preparado em parceria com 55 entidades, o “Sempre Vivas: luta das mulheres em tempos de pandemia” teve início no dia 8 de março e incluiu um seminário virtual, debates transmitidos ao vivo pelo canal da ALMG no YouTube e pela TV Assembleia, além do lançamento de um edital de fotografia para fotógrafas mineiras e uma cartilha virtual para facilitar o acesso a serviços de atendimento à mulher.

“Ao longo do evento, refletimos sobre saúde, educação, trabalho e violência. Passamos por várias temáticas e vamos transformar as propostas em um programa concentrado para trabalharmos na ALMG ao longo do ano”, disse a deputada Ana Paula Siqueira (Rede), presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da ALMG. Assim, a parlamentar se comprometeu em trabalhar pela tramitação, pela sanção e pela efetivação das propostas.

A live de encerramento, nesta segunda-feira, debateu as perspectivas para o pós-pandemia, com a participação da ex-deputada Jô Moraes; da coordenadora do Bloco Oficina Tambolelê, Luci Lobato; da prefeita de Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e ex-deputada da ALMG, Marília Campos; e da atriz e diretora de teatro Cida Falabela, covereadora da Gabinetona BH pelo Psol.

Educação, participação política e autonomia financeira são diretrizes

“Não acho que vamos voltar ao normal de antes da pandemia”, afirmou a prefeita Marília Campos, apontando a educação e a participação política como duas prioridades que devem mobilizar as mulheres na reconstrução da sociedade brasileira.

Marília Campos disse que Contagem vive uma realidade dramática, com 100% de seus leitos de tratamento intensivo ocupados por doentes de Covid-19 e paralisação de diversas atividades. “Mas a gente não cancelou as ideias que vão nortear o enfrentamento das desigualdades”, ressalvou. Uma dessas ideias, segundo ela, é a revisão dos cursos de capacitação profissional para mulheres, incluindo opções mais valorizadas no mercado de trabalho.

Jô Moraes, que integra o Fórum Nacional do PCdoB sobre a Emancipação da Mulher e foi deputada federal e estadual e vereadora por Belo Horizonte, concordou que não será possível voltar à realidade anterior à pandemia, acrescentando que a desigualdade cresceu na época atual. Ela avalia que a doença trouxe lições como a necessidade de se valorizar a ciência e as políticas públicas. “Estamos percebendo que o esforço pessoal não basta. Políticas públicas são uma necessidade”, afirmou.

Para Jô Moraes, as prioridades da sociedade com relação à mulher devem ser políticas de renda mínima, que garantam autonomia econômica; um programa de inclusão digital; cuidados relativos ao adoecimento mental provocado pela pandemia e a participação feminina na política.

Presidenta da Comissão de Direitos Humanos e vice-presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da ALMG, a deputada Andréia de Jesus (Psol) também considerou urgente reavaliar políticas públicas nas áreas da saúde mental, educação e qualificação profissional, com valorização da inclusão digital. Além disso, defendeu a importância de se desburocratizar as ações do Estado para enfrentamento da violência contra as mulheres. “Precisamos transformar a institucionalidade e não nos encaixar nela”, concluiu.

Organização para superar os desafios

Luci Lobato, da diretoria colegiada do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de BH (Sind Rede), ressaltou a necessidade de se reafirmar a esperança. “Falar em pós-pandemia agora, quando estamos no pico da pandemia, é afirmar a esperança de que isso vai passar”, disse. Para ela, a superação do quadro atual se dará por meio da organização das mulheres em busca de melhorias para todos. Ela se lembrou do bairro em que mora há 40 anos, quando não havia luz ou água encanada e foi na luta coletiva que a estrutura atual se construiu.

A deputada Ana Paula Siqueira concordou e, perguntada por uma participante do evento sobre o Conselho Estadual de Direitos das Mulheres, que segundo ela está sem presidência e sem paridade de cadeiras entre sociedade civil e Estado, Ana Paula Siqueira disse que vai se inteirar da situação e buscar garantir o efetivo funcionamento do Conselho.

Memória – A atriz e diretora de teatro Cida Falabella, por sua vez, falou da importância da memória. Ela recitou o trecho de uma peça de teatro que está em construção e disse que será preciso, quando a pandemia acabar, contar e recontar o que aconteceu no período, principalmente reforçar as construções coletivas e os aprendizados que foram possíveis. “Que a gente consiga reconstruir o mundo com a perspectiva feminina da preservação e do cuidado”, disse.