Discutir com especialistas a relação entre o chamado estresse pós-traumático e o abuso de substâncias químicas é o objetivo da Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que realizará audiência sobre o assunto nesta quinta-feira (5/11/20), às 9 horas, no Auditório do andar SE.

Quem solicitou o debate foi a vice-presidente da comissão, deputada Ana Paula Siqueira (Rede), e o ponto de partida da discussão serão as tragédias ocorridas em Mariana (Região Central) e Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), com o rompimento de barragens, e o quanto isso teria afetado a saúde mental das pessoas atingidas.

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Em seu requerimento, a deputada cita estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sobre a saúde mental da população de Mariana, após o rompimento da barragem, ocorrido em novembro de 2015. Dois anos após a tragédia, quase 30% dos atingidos estavam com depressão, percentual cinco vezes superior ao constatado na população do País, segundo o estudo.

Situação semelhante ocorre em relação ao rompimento da barragem em Brumadinho, em janeiro de 2019. Segundo um dos membros da Comissão de Emergências e Desastres do Conselho Regional de Psicologia de Minas (CRP-MG), o psicólogo Marcelo Arinos Drummond, todos os afetados - os que perderam tudo, os que acharam os corpos de parentes e aqueles para os quais a busca nunca terá um fim - estão sujeitos a consequências como depressão e abuso de substâncias químicas.

Para a deputada Ana Paula Siqueira, as consequências psicológicas do trauma causado por essas tragédias à população não podem ser ignoradas pelo poder público. "É preciso fomentar a discussão sobre políticas públicas e planejamento em saúde, além de permitir uma melhor orientação e alocação de recursos, diante da realidade atual dessa população", afirmou a parlamentar, ainda em 2019.

Convidados - Para a audiência desta quinta (5), já estão confirmadas as presenças da assessora do Centro de Referência Estadual em Álcool e outras Drogas (CREAD), Michelle Ralil da Costa; da presidente do Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais, Lourdes Aparecida Machado; da médica e professora da UFMG, Deborah Carvalho Malta; e do presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas, Aloísio Antônio Andrade de Freitas, que também é conselheiro titular do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça.