Centro-sul de Minas tem maior incidência de coronavírus
Ao reforçar isolamento como prevenção à doença, secretário disse que Estado se esforça para ampliar número de leitos.
02/04/2020 - 18:55 - Atualizado em 02/04/2020 - 19:40Com quatro mortes provocadas pelo coronavírus, 370 casos confirmados e mais de 39 mil suspeitos, Minas Gerais apresenta hoje um pico de casos no centro-sul e baixa incidência nas regiões mais ao norte. Se essa situação se mantiver, o Estado poderá trabalhar de forma planejada, mantendo, num primeiro momento, atuação intensa nas regiões mais atingidas, especialmente a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Num segundo pico da pandemia, o governo teria como concentrar recursos nos municípios das outras regiões.
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Estas e outras informações foram trazidas pelo secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em Reunião Especial de Plenário realizada nesta quinta-feira (2/4/20). O objetivo da Assembleia foi saber como o Governo de Estado tem conduzido as ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.
Carlos Eduardo Amaral afirmou que houve, até 31 de março, 347 internações por suspeita de coronavírus, sendo 70 em unidades de terapia intensiva (UTIs) e 277 em leitos clínicos. Ele completou que houve picos de internações, em 25 e 31 de março, com 100 em cada data. Já em 1º de abril, o número caiu para menos de 60.
Cenário nacional - Ao analisar o quadro brasileiro, Carlos Eduardo Amaral lembrou que, em março, as projeções feitas para o início de abril apontavam que o número de casos chegaria a 14 mil. Felizmente, segundo o secretário, esse dado não se confirmou e o Brasil apresenta hoje cerca de 7 mil casos da Covid-19.
Segundo secretário, Estado se prepara para ampliar testes disponíveis
Por outro lado, o gestor reconhece que há falha nas notificações da doença, especialmente devido à quantidade insuficiente de testes disponíveis e de laboratórios para realizar os exames.
Sobre esse último ponto, Amaral avalia que, em cerca de duas semanas, o Estado terá condições de fazer até 4 mil exames por dia.
Atualmente, apenas a Fundação Ezequiel Dias (Funed) está capacitada para fazer os testes. De uma fila de 5 mil a serem realizados, faltam 2,6 mil, o que deverá ser equacionado com a entrada em operação de um laboratório da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Quanto ao número de leitos clínicos disponíveis, o secretário de Saúde informou que, atualmente, Minas possui 16.386, sendo 11.625 do Sistema Único de Saúde (SUS) e o restante privados. Em relação às UTIs para adultos, são 2.013 do Sistema Único de Saúde (SUS) e 1.083 na rede particular, num total de 3.096.
O secretário reforçou a necessidade do isolamento social como a principal forma de prevenção ao contágio pelo vírus. “Não há outra forma. Temos que ter atitude colaborativa entre o Estado e os municípios, que não podem adotar medidas de maneira isolada”, alertou.
Participação parlamentar - A Reunião Especial com o secretário de Saúde foi conduzida presencialmente pelo presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV), e também teve à Mesa a presença do presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Pimenta (PDT).
Agostinho Patrus destacou o fato de que 66 parlamentares participaram da reunião, a maioria de forma remota, conforme estabelecido pela Deliberação da Mesa 2.737, de 2020, que regulamentou as atividades parlamentares a distância, a fim de atender às recomendações de isolamento social feitas pelas autoridades de saúde.
O presidente da Assembleia também agradeceu a participação do secretário, reconhecendo o grande desafio do gestor diante da pandemia, especialmente num Estado de grandes dimensões e diversidade como Minas Gerais.
Governo busca aumentar número de leitos
Após sua apresentação, o secretário Carlos Eduardo Amaral respondeu questionamentos dos deputados. As perguntas foram formuladas pelos líderes dos blocos parlamentares e pelos presidente e vice-presidente da Comissão de Saúde, respectivamente deputados Carlos Pimenta e Doutor Wilson Batista (PSD).
Em resposta às perguntas, Amaral afirmou que todo o esforço do governo estadual está sendo para ampliar o número de leitos para o atendimento à pandemia.
Em Belo Horizonte, por exemplo, o Estado deverá transformar 500 leitos disponíveis no Hospital Psiquiátrico Galba Veloso, para atender pacientes diagnosticados com a Covid-19, a doença causada pelo coronavírus. “Neste momento, estamos tentando resolver o problema do centro (Região Central) e, assim que resolver, em dez dias no máximo treinaremos uma equipe em cada macrorregião, se conseguirmos os kits para fazermos os exames”, pontuou.
A secretaria também já está liberando o atendimento em todos os hospitais do interior que já estão prontos para receber pacientes infectados.
Outra medida em andamento, segundo ele, é o adiamento das cirurgias eletivas para reduzir a ocupação das UTIs.
O secretário disse, no entanto, que o Estado tem dificuldades de adquirir respiradores, testes e equipamentos de proteção, em função do cancelamento de vendas desses produtos da China para o Brasil. Amaral afirmou que, se o Ministério da Saúde conseguir entregar os produtos, eles serão direcionados para os municípios ou regiões mais carentes.
O secretário agradeceu, ainda, o apoio da Assembleia no combate ao coronavírus, citando a rapidez na aprovação de leis importantes neste momento de emergência.
Carlos Pimenta e o líder do Bloco Democracia e Luta, deputado André Quintão (PT), lembraram que os R$ 300 milhões que podem ser liberados por meio da Lei 24.585, sancionada nesta quinta-feira, são três vezes mais que o destinado pelo governo federal ao Estado.
Amaral destacou também que o Governo de Minas disponibiliza o número telefônico 155 para orientações a todo cidadão.
Presidente homenageia profissionais de saúde
Durante a reunião com o secretário de Saúde, o presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus, prestou uma homenagem aos profissionais de saúde, que, segundo ele, serão colocados à prova diante da necessidade de combate ao coronavírus.
"Nós contamos muito com esses profissionais, porque temos, na capacitação deles, na devoção, na dedicação de cada um deles, a certeza de que os mineiros terão um bom atendimento, terão um auxílio, serão amparados, acima de tudo. É importante a infraestrutura, é importante que sejam colocadas mais UTis, sejam comprados mais respiradores, mas nós todos sabemos que a sáude, acima de tudo, se faz com os profissionais da saúde", declarou o presidente.