A fiscalização das linhas por terceiros, não apenas pelas empresas detentoras das concessões, foi um dos pontos abordados na palestra

CNT quer mais empresas investindo em ferrovias

Diretor da entidade afirmou durante palestra que malha ferroviária precisa de mais investimentos privados.

12/11/2019 - 22:19

A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) acredita na alteração do contrato das concessões, possibilitando que mais empresas privadas de capital estrangeiro invistam na malha ferroviária brasileira. Essa foi a conclusão apresentada durante palestra do presidente da entidade, Vander Francisco Costa, na Sociedade Mineira de Engenheiros (SME), em Belo Horizonte.

O evento, realizado pela Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), aconteceu na noite desta terça-feira (12/11/19). O objetivo foi debater sobre a integração dos diversos modais de transporte, com foco no desenvolvimento do Estado.

Segundo Costa, a Confederação respeita o cumprimento dos contratos vigentes, mas quer garantir a efetividade do transporte ferroviário no Brasil. “Se for renovar, é hora de alterar, privilegiando a sociedade brasileira e o direito de passagem, já previsto em lei”.

De acordo com o presidente da CNT, é importante separar a exploração do trilho e do vagão, por meio do direito de passagem. Seja por meio de pedágios ou outras formas, para dar a mais empresas a oportunidade de transportar pelas linhas usadas pela mineração. “Quem faz o transporte de carga teria passagem compulsória. Mas com o direito de passagem haveria a possibilidade que essas linhas sejam mais utilizadas. Seria só cumprir a legislação”, enfatizou.

Ele também enfatizou a possibilidade de Minas Gerais ocupar trechos ociosos com trens urbanos. “Existe também um potencial de colocar trens de turismo, com os passageiros dispostos a pagar mais. E penso que a melhor maneira da Vale compensar Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte) por toda aquela tragédia é investir na cidade. E uma das formas de investir é levar um trem para lá. Emprego e renda é o que a população precisa”, completou.

Por fim, Costa pediu que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tenha mais independência, que a fiscalização das linhas seja feita por terceiros, não apenas pelas empresas detentoras das concessões, e que o pedágio seja de um valor determinado pelo poder público, para viabilizar investimentos de outras operadoras nas linhas. "Só quatro empresas não darão conta dos investimentos necessários e o governo federal não está disposto a investir. Precisamos de pelo menos 30 empresas investindo".

O presidente da Sociedade Mineira de Engenheiros, Ronaldo José Lima Gusmão, disse que a categoria está "ávida" por um novo modal ferroviário que englobe o transporte de passageiros. “Acreditamos em políticos com vontade de trazer Minas de volta aos trilhos”, afirmou.

Diversificação econômica - Uma das autoras do requerimento para a realização da reunião, a deputada Marília Campos (PT) enfatizou que investir na malha ferroviária diversificará a economia mineira. “Se quisermos o desenvolvimento do Estado, precisamos disputar essa agenda ferroviária em todos os lugares, como uma prioridade do legislativo mineiro”, ressaltou.

O presidente da Comissão, deputado João Leite (PSDB), deu aos presentes um panorama dos trabalhos da ALMG até o momento, abordando a questão do anel ferroviário, uma possibilidade que beneficiaria 22 municípios no entorno de Belo Horizonte, a antecipação ferroviária da Vale e a adição de mais três horários ao Trem da Vale que faz o trajeto Vitória - Minas.

“Estamos trabalhando em várias frentes simultaneamente. Temos inclusive uma grande demanda do interior do Estado, com a cidade de Pirapora (Norte) nos cobrando uma ligação a Unaí (Noroeste), para o escoamento de grãos”, informou.

A superintendente estadual de Transporte Ferroviário, Vânia Silveira de Pádua Cardoso, explicou que agora é uma prioridade do Estado concretizar projetos na área, elaborando e colocando em prática o plano estratégico ferroviário. “É o momento de fomentar propostas e fazer o levantamento. A Fundação Dom Cabral fará o estudo de viabilidade para termos um cenário no nosso Estado do que é possível implantar e como. Eu acredito na ferrovia como uma solução logística para o nosso País. Desafogar as rodovias e os centros urbanos é mais do que necessário”, completou.

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