Parlamentares da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia se reuniram com o presidente do TCE

Comissão quer atuar com o TCE para garantir investimentos

Em reunião para tratar dos recursos mínimos constitucionais da educação, deputados defendem parceria com o Tribunal.

04/11/2019 - 14:42 - Atualizado em 13/11/2019 - 16:51

Uma parceria entre a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) para garantir que o mínimo constitucional a ser destinado à área da educação (25% da receita com impostos e transferências) seja efetivamente investido ao longo de todos os meses do ano. É o que defendeu a presidenta da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia do Parlamento mineiro, deputada Beatriz Cerqueira (PT), em visita ao órgão nesta segunda-feira (4/11/19).

Os parlamentares foram recebidos pelo presidente do TCE, conselheiro Mauri Torres, e técnicos que o assessoram. O objetivo foi tratar do que Beatriz Cerqueira chamou de “tendência histórica” em relação ao não cumprimento do mínimo constitucional e, consequentemente, discutir formas mais eficientes para pressionar os governos nesse sentido.

Durante o encontro, Mauri Torres disse que gestões sucessivas têm tido dificuldade em cumprir o mínimo constitucional da educação e defendeu um novo pacto federativo, de forma a garantir mais recursos para estados e municípios. Para ele, embora os dois entes sejam os mais responsabilizados pela prestação de serviços, são os que menos arrecadam com os impostos. 

TCE apresenta dados sobre a alocação de verbas

A equipe técnica que acompanhava o presidente do TCE apresentou dados que mostram a trajetória de alocação de verbas na área da educação desde 2010. Um dos gráficos mostra que, entre 2010 e 2014, embora houvesse grande discrepância entre os dados apresentados pelo Poder Executivo e os apurados pelo corpo de analistas do TCE, o Pleno do Tribunal, composto pelos conselheiros, aprovou as contas em uma linha quase coincidente com aquela dos dados apresentados pelo governador.

Nos anos de 2015 e 2016, porém, o Pleno decidiu em concordância com o apurado pelos técnicos do Tribunal, voltando à situação anterior em 2017 e 2018. Para 2019, ainda não houve julgamento.

Beatriz Cerqueira afirmou que o quadro reflete que as decisões do Pleno são políticas, quando deveriam ser técnicas. Outra preocupação da parlamentar é a de que, como demonstrado em outro gráfico apresentado, a tendência em anos sucessivos têm sido de aumentar os investimentos no último bimestre, de forma a suprir os deficits nos recursos alocados no resto do ano. “Essa verba, desse jeito, não chega na ponta. Não chega para os alunos, não chega para os professores, não chega nas escolas”, disse.

Segundo ela, o que se faz é uma maquiagem, na qual recursos são lançados em “restos a pagar”, para serem quitados no ano seguinte.

A falta de constância nos investimentos, para Beatriz Cerqueira, é sentida na comunidade escolar com, por exemplo, o adiamento do início de aulas em programas como o da Educação Integral, que, iniciado em abril, dispensa verbas nos primeiros meses do ano, mas tem grande impacto na política educacional. Ela defende, assim, que o mínimo constitucional deve ser aplicado mensalmente. Ou seja, a cada mês, 25% da arrecadação devem ser revertidos para a educação.

Como forma de garantir isso, ela defende a Proposta de Lei Complementar (PLC) 23/2019, que pretende exatamente tornar mensal essa apuração do mínimo constitucional aplicado.

Dificuldades financeiras - O deputado Bartô (Novo) também esteve no encontro com o objetivo de compreender e participar do debate sobre as finanças do Estado. Segundo ele, tendo em vista que Minas Gerais passa por um momento de grandes dificuldades financeiras, a obrigação do órgão é agir com rigor na punição dos gestores que o levaram a tal situação em suas administrações, seja no âmbito estadual ou municipal.

Contudo, na visão de Bartô, é preciso compreender os desafios enfrentados pelos gestores que herdaram o problema e, agora, não têm as mínimas condições de cumprir as exigências do TCE.

Bartô, assim como a colega, também consideraram a visita importante para estreitar os laços entre ALMG e TCE, instituições com funções fiscalizadoras em relação ao Poder Executivo. Nesse sentido, eles consideraram a visita apenas preliminar e asseguraram que vão voltar em outras ocasiões. Os deputados receberam os relatórios elaborados pelos técnicos para a reunião e disseram que vão estudá-los para, no próximo encontro, aprofundarem as conversas.