Durante a audiência pública, parlamentares receberam demandas de atletas com deficiência
Tadeu Augusto Mitraud apresentou os objetivos da associação
Futebol para amputados mantém vivo sonhos de atletas

Associação pede apoio para sediar campeonato de amputados

Entidade não tem sede própria nem espaço adequado para treinamentos. Auxílio de clubes poderia atrair patrocínios.

29/10/2019 - 19:31

Sediar em Minas Gerais o Campeonato Brasileiro 2020 de futebol para amputados. Esse é um dos objetivos da Associação Mineira de Desportos para Amputados (AMDA), apresentado durante audiência pública da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (29/10/19).

A associação pediu o apoio dos parlamentares e das entidades presentes à reunião para a realização de uma série de objetivos de médio e longo prazo. Criada em 2005, a AMDA se destaca por seu trabalho com o paradesporto mineiro, mas não possui patrocínio nem apoio de entidades esportivas ou clubes mineiros.

De acordo com o presidente da AMDA, Tadeu Augusto Mitraud, a seleção brasileira de futebol para amputados conta atualmente com três atletas da associação, mas, apesar disso, ela não possui sede administrativa nem um espaço próprio adequado para o desenvolvimento das modalidades adaptadas. “Atualmente, usamos um espaço que nos é cedido e os nossos atletas são obrigados a treinar debaixo do sol, em horários horríveis, muitas vezes com fome, depois de se deslocarem de cidades da região metropolitana para BH apenas para treinarem”, lamentou.

Segundo ele, ter o apoio de um clube mineiro seria muito importante, pois a camisa “tem peso”. “Atrairia um patrocínio direto com mais facilidade, num valor mais justo, que valorize a entidade como um todo e mostre sua importância”, afirmou.

Em outros países, o futebol para amputados é bastante desenvolvido. Em Angola, atual campeã mundial, tem sido feito um investimento intenso na modalidade. “Em outros países, as categorias já são até separadas por idades, de tão avançado que está. Aqui temos muito potencial, tendo em vista que o esporte começou no País em 1986 e em 2005 já éramos tetracampeões”, reforçou o presidente da AMDA.

Entidades se dispõem a ajudar associação

Representantes das entidades presentes ficaram sensibilizados pela força de vontade e desempenho da associação. Daniel Ribeiro, advogado do Departamento Jurídico da Federação Mineira de Futebol, destacou que este ano o foco da instituição está voltado para a inclusão do desporto feminino e a operacionalização do campeonato de futebol das mulheres. “Precisamos nos aparelhar para que as pessoas com deficiência também sejam incluídas. Levaremos esse assunto à diretoria. Queremos receber vocês e tentar intermediar um contato com os clubes mineiros”, ressaltou.

Já o diretor da Luarenas, que administra o estádio Independência, Helber Gurgel Carneiro, se disse surpreso e afirmou que foi à reunião para entender e aprender, pois não entende da modalidade. “O que nós podemos fazer é chamar vocês para produzir um vídeo institucional, para divulgar nos placares nos jogos a partir de agora. Isso vai trazer conhecimento sobre o trabalho desenvolvido e gerar público. Também podemos falar sobre a entidade nas nossas mídias sociais e no jornal da Arena Independência. Precisamos aprender quais as adaptações são necessárias para o campo receber uma partida de futebol para amputados”, salientou.

O gerente de Paradesporto da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Belo Horizonte, Marcelo Mendes, disse que a obrigação do poder público é dar atenção maior à qualidade de vida e oportunizar a prática de atividades físicas num âmbito geral para pessoas com deficiência. “Damos suporte técnico a algumas entidades, mas esse não é o nosso foco. Na prefeitura, temos o Programa Superar, que atende oito núcleos, incluindo a Associação dos Deficientes Visuais de Belo Horizonte (Adevibel) e algumas escolas de ensino especial. Mas nos colocamos à disposição da AMDA, para estudarmos o que podemos fazer para ajudar”, enfatizou.

Admiração - Os deputados também se solidarizaram com as demandas da entidade. Autor do requerimento para realização da reunião, o deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) se disse admirado com o esforço dos atletas, que mesmo após sofrerem acidentes e amputações não se abatem e continuam a praticar esportes. “Isso merece nosso respeito e admiração”, ressaltou.

O deputado Professor Cleiton (PSB) se disse honrado de estar do lado de Gabriel Lucas Feijão, futuro atleta da AMDA cujo caso ficou muito conhecido na mídia, por ter sido ferido por linha chilena e ter tido a perna amputada. O garoto de 15 anos tinha o sonho de ser jogador profissional de futebol. “Acompanhei o que se passou com ele e fico satisfeito de ver hoje a esperança em seus olhos. Os sonhos desse menino não serão interrompidos por essa fatalidade. Muito me alegra ter você aqui hoje”, pontuou o parlamentar.

Consulte o resultado da reunião.