Um prédio com nove andares e mais de 54 mil metros quadrados, mas ainda assim chamado no diminutivo: é o estádio Mineirinho. O nome oficial é Estádio Jornalista Felipe Drummond, mas é como Mineirinho que a população conhece o local instalado em frente à Lagoa da Pampulha.

Na manhã desta quarta-feira (25/9/19), deputados da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude estiveram no local para verificar as condições da sua estrutura, que está em grande parte subaproveitada.

Desde a sua inauguração, em 1980, apenas 30% da estrutura foi de fato operacionalizada, conforme informações do engenheiro Ricardo Raso, que trabalha há mais de duas décadas no complexo do Mineirinho e do Mineirão.

Alguns dos nove andares nunca chegaram a ter suas obras finalizadas, embora propostas que vão da instalação de um mercado a um complexo de auditórios já tenham sido aventadas por governos anteriores.

Entre as estruturas finalizadas, estão 62 alojamentos, cada um com capacidade para abrigar quatro pessoas. Como explicou Danieli da Costa, diretora de operações do Mineirinho, esses alojamentos eram usados constantemente por participantes de competições esportivas, funcionários que atuam na montagem e organização de shows na região e até participantes de congressos e eventos acadêmicos da UFMG.

Em 2013, porém, o local foi destinado para hospedagem de trabalhadores da obra que preparou o Mineirão para a Copa do Mundo. O contrato com a construtora previa, segundo Danieli da Costa, a reforma dos alojamentos depois da saída dos trabalhadores, mas isso nunca foi cumprido. As condições nas quais os alojamentos foram entregues de volta inviabilizaram seu uso e, desde então, eles estão fechados.

Há também 40 salas que deveriam ser destinadas ao uso de federações esportivas, mas apenas uma dezena está ocupada. As salas, como informou Ricardo Raso, foram feitas com adaptações aos esportes. A que seria destinada à ginástica olímpica, por exemplo, tem o teto mais alto para propiciar alguns treinamentos. A de boxe conta com um ringue. Mas a maioria desses espaços está abandonada.

Outro problema é que a estrutura do local, depois de quase 40 anos de uso, precisa de reformas. As paredes expõem inúmeras rachaduras, enquanto sinalizações são improvisadas. Além disso, vestiários, por exemplo, não foram adaptados aos novos tempos, onde a performance de atletas de elite exige, por exemplo, mesas de massagens e banheiras para o pós-jogo.

Poder Executivo faz diagnóstico e pensa em parcerias com a iniciativa privada

Quem guiou a visita dos deputados ao local foi Izabel Campos Ferreira. Ela é chefe do núcleo de governaça e gestão da coordenadoria de parcerias e concessões da Secretaria Estadual de Infraestrutura e Mobilidade. Foi essa secretaria que assumiu a responsabilidade pelo estádio com a extinção da antiga Secretaria de Esportes durante a reforma administrativa conduzida pelo governador Romeu Zema (Novo).

Segundo ela, como a atribuição é nova para a secretaria, eles ainda estão em um momento de diagnóstico dos problemas e potencialidades para, em seguida, fazer um planejamento voltado ao uso do Mineirinho.

Atualmente, os recursos obtidos com o aluguel do espaço e a bilheteria sustentam a estrutura, mas o problema é que esses valores vão para o caixa único do Estado e, portanto, não são revertidos a reformas ou investimentos para além da manuteção básica.

O deputado Zé Guilherme (PRP), presidente da comissão, defendeu que esses recursos sejam direcionados ao Mineirinho, mas a Izabel Ferreira lembrou que, para isso, seria necessario um remanejamento de gestão que passaria por outras secretarias. Para ela, será necessário buscar parcerias na iniciativa privada para revitalizar o estádio, mas é necessário terminar o diagnóstico antes de definir caminhos.

O deputado Zé Guilherme se pronunciou favorável às parcerias e disse que a comissão da ALMG vai também atuar na busca de soluções. O deputado Coronel Henrique (PSL) destacou que o Mineirinho é um símbolo para moradores e turistas que frequentam a Capital e que será uma bandeira da comissão a revitalização do espaço.