Documento final de 2019 foi entregue ao deputado André Quintão, da Comissão de Participação Popular - Arquivo ALMG
Desmatamento e altas temperaturas em Limeira do Oeste preocupam Leandro
Para Cássyo, de Catas Altas, desafio do tema sobre meio ambiente será mudança de comportamento

Participantes do PJ Minas voltam para casa pensando em 2020

Edição de 2019 gerou 16 propostas sobre a discriminação étnico-racial; próximo tema será o meio ambiente.

23/09/2019 - 15:35

Aprendizado é a palavra corrente entre os estudantes, quando o assunto é avaliar a participação no Parlamento Jovem de Minas (PJ Minas), projeto de formação política e cidadã criado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que concluiu sua 16ª edição na sexta-feira (20/9/19). O trabalho de vários meses de 4.073 alunos participantes, de todas as regiões do Estado, gerou um documento final com 16 propostas sobre o tema 2019, que foi discriminação étnico-racial.

Após a plenária final, que teve a participação de cerca de 120 estudantes, o documento foi entregue à Comissão de Participação Popular da Assembleia, representada pelo deputado André Quintão (PT), que acompanha o programa desde sua implantação. Cabe a essa comissão analisar as propostas e dar os encaminhamentos possíveis a cada uma das sugestões trazidas pelos jovens.

Pelos próximos dois anos, a coordenação estadual do programa acompanha os desdobramentos das propostas de 2019, dentro da Assembleia Legislativa, e informa os coordenadores nos municípios, por meio de um boletim de monitoramento, que vai sendo atualizado sempre que surge uma nova ação.

Eugênia Luz Alves Siqueira e Dalvaní Pereira Medeiros, ambas estudantes de 16 anos, de Bocaiúva (Norte), participaram do projeto pela primeira vez este ano e afirmam que foi "uma experiencia engrandecedora demais". 

Dalvaní contou que já conhecia o PJ Minas pelas redes sociais e que o desejo de participar era grande. "Nós somos lá do interior, são muitas coisas diferentes aqui no Legislativo da Capital, aprendemos muito", afirmou ela, durante uma visita à sede da Assembleia, poucos dias antes da etapa estadual. 

A maioria dos estudantes que estiveram na plenária final, na última semana, manifestam desejo de continuar no PJ Minas, mas os que terminam o 3º ano do ensino médio têm que dar lugar a outros que estão entrando no 1º ano e não podem mais voltar como alunos. Eles podem retornar como monitores. Em cada cidade, dependendo do entendimento da câmara municipal e das escolas, há uma dinâmica própria para a escolha dos estudantes que participarão do projeto.

De todo modo, a partir de agora, monitores, coordenadores municipais e regionais e os próprios jovens já começam a pensar no tema escolhido para 2020: Meio ambiente e desenvolvimento sustentável

Debate sobre meio ambiente gera grandes expectativas

A atualidade, urgência e abrangência da temática ambiental, além da possibilidade de enfoques locais, devem enriquecer as discussões do PJ Minas no próximo ano, na visão de coordenadores e estudantes que participam do projeto.

Além de questões com impacto global, como as queimadas na Amazônia, muitos vislumbram a chance de debater aspectos como a coleta do lixo, a preservação de cursos d’água e até uma mudança de postura nos municípios. Alunos que discordam da escolha também já se preparam para o que consideram um desafio.

Em alguns municípios, o trabalho já começou. “Sem saber da escolha do tema, iniciamos um projeto de coleta de tampinhas de refrigerante e outros plásticos duros, que serão trocados por cadeiras de roda”, conta Pedro Simões, coordenador de Córrego do Bom Jesus, do Polo Sul I.

A opção dos alunos da cidade foi pelo tema Jovens e mercado de trabalho, mas Pedro destaca que os estudantes precisam saber do risco que a destruição do meio ambiente traz para o mundo e para Córrego do Bom Jesus. “Sofremos com escassez de água e não temos coleta seletiva. O PJ Minas do ano que vem vai ferver”, prevê.

Ação local, impacto global, uma das premissas da defesa do meio ambiente, também é a meta de Leandro de Souza Carvalho, coordenador municipal de Limeira do Oeste, do Polo do Triângulo. “Temos duas usinas de açúcar e álcool. A cidade está quente, foi desmatada para o plantio da cana. Isso já gera discussão entre os alunos”, pontua.

Segundo Leandro, a temática de gênero e orientação sexual foi priorizada no município, mas a expectativa do novo tema pode levar a um diagnóstico importante sobre a legislação ambiental. “Precisamos saber se a lei é falha ou se falta fiscalização. A gente é parte, e não dono, do meio ambiente”, aponta.

Desafio – Alguns participantes, por outro lado, esperam dificuldades na apresentação de propostas, justamente porque a legislação ambiental é ampla. “O tema está em alta, está nas redes sociais, é debatido por presidentes em todo o mundo, mas será um desafio propor novas políticas públicas”, opina Cássyo Pousas Vieira, estudante de Catas Altas, do Polo Metropolitano II.

A “praticidade” do tema Jovens e mercado de trabalho era a aposta de Cássyo. “O meio ambiente exige uma mudança cultural. Isso vale mais que muitas leis, mas leva tempo”, justifica. Ainda assim, o estudante espera voltar em 2020 como monitor e ajudar os colegas justamente a repensar as atitudes.

“Acho que a escolha foi um impulso, em função da repercussão das queimadas na Amazônia. Vi gente defendendo o tema e jogando copinho no chão logo depois. Vamos precisar mudar as posturas, o que é mais difícil”, argumenta também Gabrielle Souza. “A discussão pode mudar posturas”, intervém Michelly Vitória Nunes, estudante de Iturama, do Polo Triângulo.

Câmaras municipais - O Parlamento Jovem de Minas foi criado em 2004, sendo realizado por meio da Escola do Legislativo, em parceria com câmaras municipais e escolas públicas e privadas e com o apoio também da Puc Minas. As câmaras que não participam do PJ Minas ainda podem se inscrever para fazer parte da edição 2020 do programa.

As inscrições vão até as 23h59 do dia 30 de setembro e devem ser feitas pela internet, preenchendo o formulário disponível no Portal da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).