A feira Megacana Tech Show reúne produtores do setor sucroenergético, em Campo Florido (Triângulo)

Incentivo fiscal à biomassa une participantes de feira

Na abertura de feira do setor sucroenergético, governador disse que benefício poderá ser por meio de isenção de ICMS.

08/08/2019 - 18:10

A defesa da produção de energia a partir da biomassa foi um dos destaques da abertura oficial, na manhã desta quinta-feira (8), da 11ª Megacana Tech Show, maior feira do setor sucroenergético do Estado, realizada em Campo Florido (Triângulo). O evento recebeu a visita da Comissão de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Em pronunciamento aos produtores reunidos na sede da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido (Canacampo), o governador Romeu Zema defendeu incentivo fiscal ao setor. A ideia é que a energia produzida com resíduos da cana-de-açúcar (bagaço e palha), restos de madeira, carvão vegetal e casca de arroz, entre outras matérias-primas, tenha o mesmo tratamento fiscal dispensado à energia solar.

Atualmente, a geração de energia elétrica nas usinas fotovoltaicas com capacidade de até 5 megawatts é isenta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A legislação também dá benefícios à compra de equipamentos.

Esse incentivo, segundo Romeu Zema, poderá ser concedido por meio de projeto de lei a ser enviado à ALMG. A justificativa da medida se baseia no caráter renovável da energia produzida a partir da biomassa.

O presidente da Comissão de Agropecuária e Agroindústria, deputado Coronel Henrique (PSL), considera justa a concessão do benefício. Segundo ele, o setor sucroenergético conseguiu reduzir significativamente, nos últimos dez anos, os impactos ambientais gerados ao longo da sua cadeia produtiva. Ele disse que a comissão vai analisar a proposta com o objetivo de contribuir para seu aperfeiçoamento. “Faremos a defesa dessa relevante matriz energética”, declarou o parlamentar.

Para o presidente da Canacampo, Marcos Brunozi, a produção da cana-de-açúcar precisa se livrar da imagem de poluente. De acordo com ele, na última década, a cadeia produtiva se tornou “altamente sustentável”. Práticas como atear fogo na plantação para fazer a colheita teriam sido extintas. Brunozi acrescentou que a colheita é mecanizada e não há mais trabalhadores se ferindo no processo, “nem tampouco registro de mão de obra análoga à escravidão”.

Além disso, Brunozi disse que os produtores, sobretudo em Minas, adotaram procedimentos que tornaram o setor competitivo. “Nós produzimos de forma limpa, temos que nos fazer reconhecidos por essa conduta, o que agregará valor aos nossos produtos”, afirmou.

Inovação e diversificação da mão de obra são destaques da feira

Promovida pela Canacampo e pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), a Megacana Tech Show tem palestras, painéis, debates técnicos e a apresentação de inovações tecnológicas.

Uma delas é o computador de bordo criado por Samuel Gazzola, proprietário da startup Farm Solutions. Seu produto foi desenvolvido para monitorar o funcionamento de máquinas agrícolas nas plantações de cana.

Samuel trabalhou 15 anos em empresa do setor e percebeu a necessidade de desenvolver um instrumento específico para os produtores, que possibilitasse o controle do processo no momento da colheita.

Ele explicou que, ao acoplar o computador de bordo numa máquina agrícola, o seu operador, o gerente e o proprietário do negócio recebem informações sobre situações ou falhas que atrasam o processo e causam prejuízos. “Em tempo real, quem gerencia o trabalho fica sabendo se o equipamento se encontra parado, se o operador está fazendo pulverizações onde não devia, se a velocidade está acima da recomendada”, disse Samuel.

A diversificação da mão de obra também é tema do evento. Uma das participantes da feira, a trabalhadora rural Flávia Suriano Rocha, de 36 anos, acabou de obter certificado em curso que a qualificou para operar os modernos tratores usados nas colheitas.

Ela disse que está confiante de que receberá uma oportunidade para exercer a função na própria empresa na qual trabalha hoje. Segundo Flávia, a atividade será menos desgastante e mais rentável para ela.

A região de Campo Florido tem 60 produtores, 1,5 mil trabalhadores e produziu, no ano passado, cerca de 4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. O setor representa 70% da economia local.

Segurança – Outro assunto em debate na Megacana Tech Show é o da segurança, apontada como desafio do setor.

O presidente do Sindicato Rural de Campo Florido, Márcio Guapo, informou que o número de furtos de equipamentos e defensivos agrícolas e até mesmo os assaltos a produtores têm aumentado.

O deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB) disse que o tema já está na pauta do dia na Assembleia. Ele anunciou que serão repassados recursos advindos de emendas parlamentares para que haja a efetiva implementação de delegacias especializadas para atuar na investigação de crimes em áreas rurais.

Também participaram da abertura oficial da Megacana Tech Show os deputados Betinho Pinto Coelho (Solidariedade), Bruno Engler (PSL), Leonidio Bouças (MDB), Delegado Heli Grilo (PSL) e Bosco (Avante).

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