Polo moveleiro pode estimular o turismo de negócios
Participantes de audiência pedem mais atenção do governo com o setor e defendem regulamentação do polo de Ubá.
17/07/2019 - 15:43Nesta quarta-feira (17/7/19), a Comissão Extraordinária de Turismo e Gastronomia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) recebeu gestores e empresários de Ubá (Zona da Mata) e de municípios vizinhos, para discutir estratégias de fomento ao desenvolvimento da região.
Duas dessas estratégias estão materializadas em proposições apresentados pelo deputado Coronel Henrique (PSL): o Projeto de Lei (PL) 515/19, que declara Ubá a "Capital Estadual da Indústria Moveleira"; e o Projeto de Lei (PL) 516/19, que institui o Polo Moveleiro de Ubá e Região.
O polo, apesar de gerar 14 mil empregos diretos e movimentar bilhões de reais por ano, segundo dados apresentados na audiência, ainda não existe formalmente, em lei. Além de Ubá, são reconhecidas como integrantes as cidades de São Geraldo, Guiricema, Visconde do Rio Branco, Guidoval, Rodeiro, Guarani, Piraúba e Tocantins. No entanto, o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá, Áureo Barbosa, já pediu ao deputado Coronel Henrique que acrescente outros municípios no polo, como Rio Novo, Goianá e Cataguases.
Para o deputado, que solicitou a reunião, a criação de uma lei instituindo o polo, definindo as cidades que o integram, pode ajudar a fortalecer a cadeia produtiva local, o aporte de recursos para pesquisas e o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor moveleiro, sempre na perspectiva do desenvolvimento sustentável.
O deputado Fernando Pacheco (PHS) acredita que as ações voltadas para o fortalecimento do polo podem recolocar a Zona da Mata em uma posição de destaque na economia mineira. Ele elogiou a iniciativa do colega em promover o debate na comissão extraordinária e se colocou à disposição para ajudar também na Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, da qual faz parte.
Turismo é alternativa para alavancar o desenvolvimento da indústria
Outro ponto destacado pelos participantes foi a vocação da região para o turismo de negócios. A Femur, feira de móveis e decorações realizada no Horto Florestal de Ubá, já está no calendário oficial de eventos da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, segundo a superintendente de Gastronomia e Marketing Turístico, Marina Simião. A próxima será realizada de 20 a 23 de janeiro de 2020.
Marina Pacheco afirmou que o turismo de negócios é um dos focos da atual gestão no Estado e que já estão sendo estudadas possibilidades de levar outros eventos para a região, para que os turistas frequentem a cidade ao longo de todo o ano, e não somente na época da feira.
Ela sugeriu que sejam tomadas medidas para desenvolver também o design e a apresentação dos produtos do polo, e que os empresários busquem algum tipo de certificação dos móveis ali produzidos, para promover os produtos no mercado nacional e ampliar sua exportação. Outra alternativa seria a aproximação das indústrias com as universidades, para a criação de novos cursos e de outros roteiros de negócios.
Empresas enfrentam problemas com licenças ambientais
De acordo com o prefeito da Ubá, Edson Teixeira Filho, os donos de indústrias de móveis enfrentam muitos problemas com o licenciamento ambiental. Segundo ele, há fábricas que estão lá há 30, 40 anos, e, de repente, não conseguem mais renovar suas licenças e recebem uma notificação para seu fechamento.
"Não queremos empresas que trabalhem na ilegalidade, mas também não podemos deixar que esses empresários sejam massacrados e perseguidos como estão sendo hoje", afirmou o prefeito.
Ele pediu uma maior atenção do governo ao sistema de licenciamento ambiental, de modo a permitir que a região continue se desenvolvendo e que não haja retração da indústria moveleira ali instalada.
O empresário Adauri da Cunha Tavares, de Visconde do Rio Branco, em nome de vários fabricantes de móveis presentes à audiência, confirmou que as dificuldades enfrentadas com relação à legislação ambiental desestimulam novos investimentos nas empresas. "Aqueles que querem trabalhar e continuar gerando empregos precisam de apoio", reivindicou.
O presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá, Áureo Barbosa, disse que a intenção é transformar o polo em um centro de inteligência e de soluções para o setor de móveis, na busa de eficácia, sustentabilidade e eficiência fiscal.
De acordo com o representante das indústrias, já existe na região um amplo trabalho de pesquisa para desenvolver matérias-primas ecologicamente corretas, que serão utilizadas nos móveis. Segundo Áureo Calçado, já existe também um projeto para produzir energia alternativa com os resíduos gerados pelas fábricas.
Infraestrutura - As primeiras indústrias moveleiras começaram a se instalar em Ubá na década de 1960; hoje são mais de 300 empresas na região. A cidade de Ubá, com cerca de 114 mil habitantes, conforme informou o prefeito, Édson Teixeira Filho, apesar de ser a que mais cresce em população na região, atualmente carece de investimentos em várias áreas.
O prefeito, empresários e militares da cidade trouxeram para a audiência outras reivindicações, como a melhor estruturação dos hospitais Santa Isabel e São Vicente de Paula, que atendem a toda a demanda dos municípios vizinhos. Outra solicitação do prefeito é a de que o Corpo de Bombeiros local seja transformado em uma companhia independente e melhor equipado.
No que diz respeito ao turismo, outro pedido que será encaminhado pelo deputado Coronel Henrique, por meio de requerimento, é que sejam liberados recursos para a construção de um cineteatro em Ubá, em terreno que já foi doado pela prefeitura.