Hoje atendendo pelo nome de Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), a unidade da Polícia Civil de Minas responsável pelo enfrentamento às drogas funciona com cinco das sete delegacias previstas e também sofre com o deficit de pessoal, que atinge a corporação em geral, superando os 43%.

Por outro lado, as instalações físicas estão reformadas e funcionando em boas condições, conforme apurado pela Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em visita feita à unidade nesta terça-feira (2/7/19).

O Denarc está instalado no bairro São Cristóvão, em Belo Horizonte, em prédio que abriga também outra unidade da Polícia Civil, o Departamento de Homicídios e Proteção à Vida (DHPP).

Na visita, solicitada pela presidenta, deputada Delegada Sheila (PSL), o chefe do Denarc, delegado Júlio Wilke, informou que duas das sete delegacias que deveriam compor o departamento estão desativadas por falta de pessoal.

Segundo o delegado, a unidade contaria hoje, por exemplo, com somente três escrivães para atender às cinco delegacias, espelhando a realidade exposta por gestores da área de segurança do Estado durante audiências de prestação de contas do Assembleia Fiscaliza, quando a falta desses profissionais foi mencionada como sendo um dos maiores gargalos do sistema. 

Ainda assim, o chefe do Denarc registrou que o trabalho da unidade estaria sendo realizado de forma eficiente, o que segundo ele estaria sendo possível porque o departamento conta com equipes que o delegado avaliou como muito empenhadas e qualificadas.

O chefe do departamento ainda relatou que o hoje Denarc ganhou esta nomenclatura mais recentemente, em substituição à sua identificação como Departamento de Investigação Antidrogas. A mudança foi feita em atendimento à padronização nacional que se tem buscado na denominação de unidades policiais.

A unidade responsável pelo enfrentamento às drogas também já figurou como uma divisão da Polícia Civil, até ganhar status de departamento por decreto estadual que reorganizou a corporação em 2008.

Valorização – A visita ao Denarc fez parte de uma série de atividades desenvolvidas pela comissão em função da Semana Nacional de Políticas Sobre Drogas, celebrada na semana passada.

Conforme a deputada, o objetivo foi conhecer as estruturas voltadas para a repressão às drogas e analisar o funcionamento da unidade, além de valorizar o trabalho da Polícia Civil num momento de sucateamento.

Aquisição de equipamentos de tecnologia de inteligência é defendida 

Na visita, a comissão percorreu os andares do Denarc que abrigam as delegacias, almoxarifado, Agência de Inteligência, salas de oitiva e cartório. E ainda um espaço onde há uma cela, em que pessoas detidas não ficam presas, apenas aguardam pela conclusão de procedimentos formais, e uma sala para a guarda de drogas apreendidas e controle de autorizações para incineração do material.

“Trata-se de um departamento especializado, recém-reformado e com boa estrutura, mas que como todo o Estado enfrenta a ausência de material humano. Apesar disso, tem bons resultados, porque reúne pessoal vocacionado e treinado”, avaliou a deputada delegada Sheila.

Segundo ela, além da questão de pessoal, os esforços mais demandados pela unidade seriam direcionados à aquisição de equipamentos de inteligência, não só para acompanhar o desenvolvimento tecnológico de fora, como da própria criminalidades, conforme destacou a parlamentar.

A mesma avaliação foi feita pelo deputado Delegado Heli Grilo (PSL). Ele registrou que o imóvel estava em condições muito ruins há alguns anos, mas que hoje conta com um espaço físico bem estruturado e que ainda pode vir a ser incrementado na parte de tecnologia de investigação, como também destacou.

“Ontem o governador anunciou que serão chamados 425 investigadores do concurso que vence agora em 6 de agosto. É um avanço pequeno, mas importante”, disse ainda o parlamentar.

Quanto à carência também de escrivães, o parlamentar pontuou que o ideal é que houvesse pelo menos dois por delegacia, ou seja, dez escrivães somente para o Denarc, que atualmente conta com apenas três.

Frente parlamentar - A visita também foi acompanhada pelo deputado federal Charles Evangelista (PSL-MG), da Frente Parlamentar em Defesa das Apacs e das Comunidades Terapêuticas. Ele anunciou o protocolo de pedido à Mesa da Câmara dos Deputados para que seja instalada, também, a Frente Parlamentar de Enfrentamento às Drogas.