Santa Casa de Formiga deve conseguir recursos federais
A liberação de verbas estaduais será mais complicada, contudo, devido à complicada situação fiscal de Minas Gerais.
26/06/2019 - 15:12Sob intervenção determinada pelo Ministério Público (MP) do Estado desde 2018, a Santa de Casa de Formiga (Centro-Oeste) solicitou R$ 240 mil mensais do governo estadual, pelo período de um ano, para manter seu funcionamento. A reivindicação foi apresentada pela gestora executiva do hospital, Myriam Araújo Coelho, durante audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) na manhã desta quarta-feira (26/6/19).
Após iniciar uma investigação sobre a instituição em 2011, pela falta de oferta de serviços contratados, o MP conseguiu, em 2018, que fosse determinada uma intervenção na Santa Casa de Formiga. Foi aí que Myriam Coelho assumiu a gestão do hospital, para regularizar a prestação dos atendimentos e o pagamento das dívidas.
Conforme relatou, três serviços estavam fechados nesse período: a UTI neonatal, a UTI adulta e a hemodinâmica (principalmente cateterismo e angioplastia). O maior risco era o de que o Ministério da Saúde descredenciasse os serviços, o que dificultaria a sua retomada. Atualmente, o hospital já reabriu os atendimentos nas três áreas, mas continua com grande deficit financeiro para a sua manutenção.
A gestora afirmou que outras unidades de saúde que sofreram intervenção passaram a receber recursos estaduais, ao contrário da Santa Casa de Formiga. A liberação de pelo menos R$ 240 mil reais mensais, ao longo de um ano, foi seu principal pedido. Depois desse período, a situação poderia ser reavaliada. Ela lembrou que, como o hospital está sob intervenção, a gestão vai obrigatoriamente prestar conta dos seus gastos e investimentos a cada três meses.
Investimentos em estrutura também são necessários
Ainda seria necessária, além dos recursos mensais solicitados ao governo estadual, verba para melhorias estruturais, como a reforma do telhado, que tem impedido vários atendimentos nos períodos de chuva. Alguns equipamentos, como o aparelho de ultrassom, também estariam danificados e, como o hospital já tem muitas dívidas com o prestador de serviço capaz de consertá-lo, não pode contar com esse aparelho até que o débito seja quitado, ainda de acordo com Myriam Coelho.
Os recursos para as intervenções já realizadas, como a reabertura dos três serviços que haviam sido interrompidos e algumas adaptações impostas pelo Corpo de Bombeiros, foram conseguidos, segundo a gestora da Santa Casa, junto à Câmara Municipal, à Prefeitura de Formiga e à população local. Nove outras prefeituras da região também têm contribuído, já que utilizam os serviços da Santa Casa, que possui mais de 30 especialidades médicas e possui capacidade para oferecer serviços de média complexidade.
Em sua apresentação, ela mostrou as contas – receitas e despesas – do hospital e apontou os deficits. A instituição, que tem 60% dos atendimentos feitos pelo Sistema Único de Saúde, é atualmente sustentada, primordialmente, pelo SUS.
O prefeito de Formiga, Eugênio Vilela Júnior, bem como oito vereadores do município, participaram da reunião e apoiaram as demandas apresentadas por Myriam Coelho.
Executivo afirma que parte da demanda pode ser atendida
A representante da Secretaria de Estado da Saúde, Monique Felix, explicou que, em função da supressão de alguns serviços entre 2016 e 2018, quando foi determinada a intervenção no hospital, houve redução de repasses de valores provenientes do governo federal.
Como esses serviços foram retomados, será possível fazer aditivos nos contratos e, assim, aumentar em mais de R$ 90 mil mensais a verba recebida pela Santa Casa de Formiga. Para isso, ela orientou os representantes da Santa Casa em relação à documentação, ao deixar claro que, tecnicamente, defende a proposta.
Por outro lado, Monique Felix lembrou a complicada situação financeira do Estado para informar que a liberação de recursos por parte do Governo de Minas será mais difícil. A demanda será repassada ao Secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, que deverá avaliar não só a situação do hospital, mas também de toda a região, para entender as necessidades locais.
Visita - O deputado Duarte Bechir (PSD), autor do requerimento que deu origem à reunião, elogiou a postura da representante da pasta, mas disse que será preciso fazer mais do que o proposto. Ele sugeriu que os parlamentares agendem uma visita à secretaria para tratar da questão.
Os deputados Carlos Pimenta (PDT), Doutor Paulo (Patri), Doutor Jean Freire (PT), Coronel Henrique (PSL) e Antonio Carlos Arantes (PSDB) manifestaram seu apoio tanto aos pedidos apresentados pela gestora da Santa Casa quanto à visita proposta por Duarte Bechir.
O deputado Doutor Wilson Batista (PSD) críticou o uso político do SUS, já que, segundo ele, com a falta de vagas e a demora no atendimento, alguns utilizariam sua influência para encaminhar pedidos e, assim, angariar votos.
Já o deputado André Quintão (PT) disse que é necessário entender o contexto da demanda, ao lembrar que, com a Emenda à Constituição Federal 95, aprovada no governo de Michel Temer, os investimentos em todas as áreas, inclusive a saúde, estão congelados por 20 anos, o que tende a piorar a situação dos hospitais.
Ele informou, ainda, que já foi acordado entre o Poder Legislativo e o Executivo a construção de um plano de prioridades de atendimento de demandas, já que as contas públicas estão comprometidas. Assim, Quintão sugeriu estudar como inserir as Santas Casas do Estado nesse plano.