Comissão de Minas e Energia realizou audiência na tarde desta quarta-feira (5)
Rafael Câmara pediu apoio para mobilizar mais jovens para a causa
Alunos fizeram apresentações culturais
Parlamentares temem crise hídrica no Estado

Rompimento de barragens é lembrado no Dia do Meio Ambiente

Participantes de reunião destacam que não há o que se comemorar na data, mas defendem medidas para mudar esse quadro.

05/06/2019 - 19:15

As tragédias que ocorreram em Minas Gerais recentemente, relacionadas ao rompimento de barragens em Mariana (Região Central) e Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), foram lembradas em audiência pública nesta quarta-feira (5/6/19).

A reunião, realizada pela Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), teve o objetivo de destacar o Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado anualmente em 5 de junho. De modo geral, a mensagem dos participantes foi de que, apesar do sentimento de tristeza e indignação pelos fatos e suas consequências, é preciso celebrar e valorizar a vida nesta data.

Para o representante do Instituto Guaicuy, Marcus Vinícius Polignano, embora não haja muito o que se comemorar, o Dia do Meio Ambiente não poderia passar despercebido. “Não podemos trabalhar com a cultura da morte. O ambiente é vida. Só existimos neste planeta por um efeito divino ou, para quem não acredita, pelo acaso. Somos o único planeta dotado dessa capacidade de vida. Recebemos essa herança. Uma herança que cuidamos mal”, declarou.

Ele acrescentou que o Estado não pode ser um especialista em lidar com tragédias. “Deve ser exemplo de preservação”, afirmou.

Integrante do Projeto Manuelzão e do Movimento Preservação Serra do Gandarela, Jeanine Renate Souza Oliveira concordou que não há o que se comemorar na data. Contudo, ela agradeceu às entidades presentes na audiência pelo trabalho que realizam. “Que possamos construir coisas positivas a partir do que estamos vivendo”, disse.

Segundo Maria Teresa Corujo, da coordenação do Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM), apesar de imperar um sistema econômico baseado em valores de acúmulo de riqueza e lucro, a sociedade está cada vez mais pronta para viver uma outra realidade. “Com muita luta, temos obtido algumas conquistas”, afirmou.

Ela citou como exemplos a Lei 23.291, de 2019, que institui a Política Estadual de Segurança de Barragens e que contém propostas do PL 3.695/16, de iniciativa popular, e o impedimento para que a mineração fosse realizada na Serra da Gandarela.

Aposta no conhecimento - O representante do Lei.A - Observatório de Leis Ambientais, Leonardo Cardoso Ivo, explicou que a instituição tem o objetivo de oferecer informações sobre questões ambientais de forma clara à sociedade. Estão disponíveis no site da entidade projetos de lei pertinentes ao tema e outros conteúdos.

“Pretendemos combater retrocessos na legislação ambiental e empoderar mais a população para que ela participe de iniciativas com mais conhecimento”, contou.

Coletivo da Fridays For Future aposta no protagonismo da juventude

Representantes da Fridays For Future (FFF), ou Sextas para o Futuro, com idades entre 17 e 19 anos, participaram da audiência desta quarta. Eles destacaram que a temática ambiental precisa de ações urgentes e que estão dispostos a lutar por isso.

O movimento, iniciado em 2018 na Suécia pela estudante Greta Thunberg, organiza a cada sexta-feira greves escolares, com o intuito de demonstrar a necessidade e a urgência da proteção do clima. Progressivamente, jovens de todo o mundo aderiram à iniciativa.

Rafael Câmara de Castro salientou o papel do jovem nesse contexto. “Vivemos a grande desesperança de presenciar desastres ambientais e cortes de investimentos nessa área. Mas estamos dispostos a fazer nossas vozes serem ouvidas”, ressaltou. Ele pediu apoio para mobilizar mais pessoas para a causa.

Já Eduardo de Freitas Rodrigues Weber Gutseit pediu que os parlamentares sejam afetados positivamente pelo movimento. “É preciso falar sobre o clima, mas não da forma como é tratado hoje, de maneira subestimada”, enfatizou.

Roberta Scarpelli leu uma Carta Aberta pelo Clima. “Até o início do século XXI, agimos com pouca sensibilidade ambiental e com ineficientes políticas ambientais, sobretudo quanto ao clima, o que nos levou ao atual cenário de crise climática. Porém, nós jovens não mais ficaremos impassíveis diante desse apocalipse que estamos a enfrentar. Nós não concordamos com o futuro que está sendo escolhido para nós”, diz um trecho do documento.

Isabella Almeida Guerra, por sua vez, enfatizou que o movimento discute, além da mudança climática, a questão da água, uma vez que os temas estão entrelaçados. “As mudanças climáticas vão afetar nossos aquíferos”, afirmou. 

Deputados destacam importância do Dia Mundial do Meio Ambiente

Segundo o deputado João Vítor Xavier (PSDB), vice-presidente da comissão e autor do requerimento que deu origem à audiência, refletir sobre a data é essencial, sobretudo neste momento em que o Estado sofre as consequências do rompimento de barragens de rejeitos da mineração.

Durante a reunião, ele leu documento para a instalação da Frente Parlamentar pela Água e Segurança Hídrica, da qual é um dos solicitantes.

O deputado Guilherme da Cunha (Novo) parabenizou a iniciativa, que disse considerar como relevante para a preservação do meio ambiente e para a segurança hídrica no Estado. Já a deputada Andréia de Jesus (Psol) defendeu que é preciso discutir como a sociedade mineira vai sobreviver e se devemos continuar a nos basear no modelo extrativista de desenvolvimento.

Apresentações - A reunião foi acompanhada por estudantes da Escola Municipal Adauto Lúcio Cardoso, que fizeram apresentações culturais em alusão à data e ao rompimento das Barragens de Fundão e de Córrego do Feijão. O cantor Tom de Minas encerrou a programação. Uma das músicas que apresentou foi “Um canto para Brumadinho”.

Consulte o resultado da reunião.