Primeiro coro profissional do Estado, o Coral Lírico é considerado patrimônio histórico e cultural de Minas Gerais

Importância do Coral Lírico é destacada em audiência

Em reunião que homenageou os 40 anos do grupo, categoria manifestou preocupação com cortes sofridos pela área cultural.

15/05/2019 - 21:25

Parte da história do Estado e, assim, da história dos mineiros. Dessa forma, participantes de audiência pública da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na noite desta quarta-feira (15/5/19), definiram o Coral Lírico de Minas Gerais. A reunião teve o objetivo de homenagear o coral pelos seus 40 anos.

O presidente da comissão e autor do requerimento que deu origem à audiência, deputado Bosco (Avante), ressaltou a importância do Coral Lírico para a cultura mineira. “É gratificante saber que o Estado pode contar com um coral de tamanha expressão”, enfatizou.

Ele também salientou que o coral não só se apresenta na Capital e nas cidades próximas, mas também tem capilaridade por todo o Estado, levando cultura de forma gratuita à população.

Bosco acrescentou ainda que é autor do Projeto de Lei (PL) 5.453/18, transformado na Lei 23.246, de 2019, que declara o Coral Lírico patrimônio histórico e cultural do Estado.

Tanto o coral quanto a Orquestra Sinfônica do Estado de Minas Gerais integram a Fundação Clóvis Salgado, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura. Antes da Lei 23.246, no entanto, apenas a orquestra tinha status de patrimônio histórico e cultural.

Tradição - De acordo com a presidente da Fundação Clóvis Salgado, Eliane Denise Parreiras Oliveira, o Coral Lírico é o primeiro coro profissional do Estado. “Demonstra uma vocação de Minas Gerais. O canto coral é uma das tradições do Estado. E democratizar essa tradição valiosa é garantir que novas gerações tenham acesso à arte”, enfatizou.

Eliane destacou que a participação no coral requer estudo e dedicação. Ela ressaltou também que o grupo diversifica as suas apresentações, contemplando também grandes compositores de Minas e do Brasil.

Segundo a regente titular e maestrina Lara Tanaka, o coral é uma referência desde sua instituição há 40 anos. “Divulga um amplo repertório operístico, além de outros estilos, desafiando e afirmando a capacidade de seus cantores, pianistas, arranjadores, entre outros”, afirmou. Ela também relatou que o coral tem impulsionado grandes nomes que se destacaram, posteriormente, no País e no exterior.

Mais cultura, menos armas

Embora tenham comemorado os 40 anos de existência do Coral Lírico, participantes da reunião também enfatizaram dificuldades pelas quais o setor cultural passa com o corte de recursos governamentais. Para a presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais de Minas Gerais, Vera Pape Pape, investir em arte é mais importante do que priorizar armas.

“Valorizar cultura, arte, educação, amor e beleza. Aprender a entender o mundo com tolerância. Isso é essencial. Falo tudo isso porque está difícil para nós artistas sobrevivermos atualmente”, lamentou. Vera acrescentou que fica feliz com os 40 anos do Coral Lírico, mas que quer que ele complete 400 anos. “Precisamos caminhar muito”, disse.

Segundo o presidente da Associação dos Músicos Cantores Líricos de Minas Gerais, Wellington Luiz Costa Vilaça, o corte de recursos para a cultura tem prejudicado o setor. “Mas, este é um momento de festa, apesar de todas as adversidades. No Coral Lírico, tentamos sobreviver com pouco e fazemos muito com esse pouco”, afirmou.

Ele salientou que o coral tem qualidade excepcional. Conforme explicou, para fazer parte do grupo, o processo seletivo é criterioso. “É uma responsabilidade grande representar o nosso Estado”, enfatizou.

Wellington destacou que chegar ao público é o foco do grupo. “Fazemos de tudo para entregar o melhor para a população de Minas Gerais. Sem o público não somos nada”, disse.

Homenagem - Durante a audiência, foi entregue um diploma de votos de congratulações ao Coral Lírico e também foi lançado simbolicamente um selo comemorativo da data.

O público presente pôde apreciar canções apresentadas pelo coral como Allellujah, do compositor alemão Georg Friedrich Händel, Coro di Aimorè, do compositor brasileiro Carlos Gomes, Suíte dos Pescadores, de Dorival Caymmi, e Maria Maria, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

Histórico - A estreia oficial do Coral Lírico ocorreu em 17 de abril de 1979, mesmo ano em que a Fundação Palácio das Artes passou a se chamar Fundação Clóvis Salgado. Atualmente, o coral conta com 55 membros efetivos e 12 contratados.

O Coral Lírico interpreta um repertório diversificado, incluindo motetos (composições polifônicas sacras), óperas, oratórios e concertos sinfônico-corais.

Consulte o resultado da reunião.