Implantação da linha vem sendo negociada com a Vale como uma compensação pelo rompimento da barragem de rejeitos
Luisa Barreto informou que o projeto ainda está sendo formatado
Estado cobra da Vale liberação de linhas férreas para transporte de passageiros entre a Capital e Brumadinho

Trem para passageiros entre BH e Brumadinho é demandado

Participantes de audiência solicitam que projeto de linha ferroviária considere integração da RMBH, além do turismo.

02/04/2019 - 18:59

Uma linha de trem entre a Capital mineira e Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que não seja apenas turística, mas que também atenda à população local. A demanda foi reforçada em audiência pública da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta terça-feira (2/4/19).

A reunião, solicitada pelos deputados João Leite (PSDB), presidente da comissão, Gustavo Mitre (PSC), vice, Roberto Andrade (PSB) e Coronel Henrique (PSL), teve como objetivo discutir a implantação de uma linha ferroviária entre o Museu de Artes e Ofícios, na Praça da Estação, na Capital, e o Museu Inhotim, em Brumadinho.

A iniciativa foi anunciada pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo, Marcelo Matte, em fevereiro. A implantação da linha vem sendo negociada com a Vale como uma compensação pelo rompimento da barragem de rejeitos de minério do Córrego do Feijão, na cidade, em 25 de janeiro deste ano.

Segundo o coordenador da Minas Trilhos, Antônio Augusto Moreira de Faria, há a necessidade de implantar as linhas, sobretudo a que vai atender à população da região de Brumadinho, com capacidade para 290 mil passageiros/dia. Ele defendeu que os municípios de Conselheiro Lafaiete e Congonhas (Região Central do Estado) sejam contemplados.

O diretor da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Apito, Sérgio Motta de Mello, contou que, desde 2006, tem um projeto para um trem turístico até Inhotim. Após o desastre, passou a avaliar também como importante a existência de um trem que atenda à população que trabalha na região.

Turismo - A presidente da Arca Ama Serra de Brumadinho, Simone Botrel, abordou a relevância da linha férrea e da abertura para o turismo na cidade. “É preciso construir daqui para frente uma Brumadinho diferente”, falou.

Para a vereadora do município Renata Parreiras, após a tragédia, é preciso reconstruir Brumadinho e repensá-lo para além da questão da mineração. Um caminho, em sua opinião, é alavancar o turismo.

Segundo Renata, o Inhotim é um chamariz, mas é preciso considerar toda a cidade. Ela defendeu que a linha ferroviária pare no centro do município para, depois, chegar ao Inhotim, o que contribuiria para o desenvolvimento de Brumadinho. “Temos muitos atrativos como o comércio, a gastronomia e a cultura de povos tradicionais como quilombolas”, listou.

Foi aprovado durante a audiência requerimento para que seja assegurada uma estação no centro da cidade, assinado pelos deputados João Leite, Gustavo Mitre, Glaycon Franco (PV) e pela deputada Marília Campos (PT).

Deputados reforçam demanda por linha de passageiros

O deputado Glaycon Franco e a deputada Marília Campos apoiaram a ideia de que a linha a ser implantada deverá atender à população, integrando a RMBH. “Temos que promover não só o turismo, mas também a integração de toda a população da cidade a esse transporte, com passagens acessíveis”, defendeu Glaycon Franco.

De acordo com João Leite, a ideia é realmente implantar as duas linhas entre as cidades, uma que ligue a antiga Central a diversos municípios da RMBH, atendendo à população, e outra turística, que ligue o Parque Estação Belvedere ao Inhotim. “Chegou o momento de um encontro de contas da Vale com Minas Gerais ”, destacou.

Coronel Henrique defendeu a implementação de linha de trem entre a Capital e o Inhotim. “É uma forma de minimizar o mal que foi feito ao Estado e ao município”, afirmou.

Para Gustavo Mitre, o turismo é muito importante para Brumadinho e Inhotim. “A Vale é uma grande devedora. O momento não poderia ser melhor para a retomada desses trens”, afirmou. O 1º-vice-presidente da ALMG Antonio Carlos Arantes (PSDB) concordou com ele.

A deputada Marília Campos acrescentou que a judicialização do processo atrasa muito para que se chegue a uma solução. Ela lembrou a situação de Mariana (Região Central do Estado), que ainda não teve um desfecho desde o rompimento de barragem em 2015.

Coordenadora de comitê gestor traz informações sobre projeto

A coordenadora do Comitê Gestor Pró-Brumadinho e assessora da Vice-Governadoria, Luisa Cardoso Barreto, enfatizou que o projeto de implantação da linha entre a Capital e Brumadinho está em andamento e que estudos são feitos para que se chegue ao melhor formato.

“A ideia é que seja um trem de transporte de passageiros, mas com um viés turístico”, informou.

Luisa contou que há previsão de uma estação no centro de Brumadinho, conforme demandado, e que a extensão da linha para outras cidades pode ser avaliada.

O procurador do Estado Valmir Peixoto Costa destacou a importância do envolvimento da Assembleia, de organizações não-governamentais e da sociedade civil para a reparação desse trecho ferroviário. Ele disse que essa iniciativa traz reparações socioeconômicas para a localidade afetada.

Audiência pública - Foi aprovado na reunião requerimento para realização de audiência pública para ouvir a Confederação Nacional do Transporte (CNT) a respeito do Plano CNT de Transporte e Logística. A autoria é dos deputados Coronel Henrique, João Leite e Marília Campos.

Solicitada pelos deputados João Leite, Gustavo Mitre e Glaycon Franco, também foi aprovada audiência para discutir com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) políticas públicas de proteção e resgate de vagões, locomotivas e trilhos.

Consulte o resultado da reunião.