Disponibilização de delegacias móveis especializadas e criação de rede de abrigos para mulheres vítimas de violência estão entre propostas aprovadas
Edição encerrada nesta sexta (21) reuniu jovens de 81 municípios mineiros
Participante do PJ Minas, Iara disse que hoje coloca a política em primeiro lugar
Jovens sugerem criação de protocolo de atendimento a mulheres vítimas de agressões

Parlamento Jovem é encerrado com aprovação de 12 propostas

Sugestões de medidas contra violência à mulher serão encaminhadas para a Comissão de Participação Popular da ALMG.

21/09/2018 - 19:50

Com a aprovação de seis das 12 propostas priorizadas para a Plenária final e a inclusão de outras seis novas sugestões, foi encerrada, no final da tarde desta sexta-feira (21/9/18), a 15ª edição do Parlamento Jovem de Minas (PJ Minas) 2018.

As 12 propostas compõem o documento final do encontro e foram entregues à gerente-geral da Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Ruth Schmitz, que as encaminhará para a Comissão de Participação Popular.

O PJ Minas deste ano teve a participação de jovens de 81 municípios, inseridos nos 16 polos regionais. O tema abordado pelos alunos foi a violência contra a mulher.

Dentre as propostas que surgiram na plenária final, uma que se destacou foi disponibilizar delegacias móveis especializadas em violência contra a mulher para os municípios que não dispõem desse órgão.

Também foi sugerido pedir providências para que a Secretaria de Estado de Segurança Pública garanta que mulheres trans e travestis cumpram penas em presídios femininos em vez das unidades masculinas, para evitar a violência a que geralmente são submetidas.

Pela manhã, a proposta aprovada de mais destaque foi a implantação no Estado do “Código Lilás” no protocolo de atendimento a vítimas de violência contra a mulher, permitindo que a mulher faça seu relato apenas uma vez e ele seja replicado pela rede de saúde e segurança sem que ela precise repeti-lo.

Ainda sobre violência doméstica, também foi aprovada a proposta de criação de rede de abrigos para mulheres vítimas de violência e seus dependentes, para promover proteção, apoio psicológico, assessoria jurídica e de qualificação e autonomia financeira.

Os jovens também sugeriram a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 16/15, que assegura a participação de, pelo menos, uma mulher na composição da Mesa da Assembleia. Propõem, ainda, a criação do programa “Parada Segura”, que permite o desembarque de mulheres em locais fora do ponto do ônibus, a partir das 20h30.

Estudantes exaltam aprendizado com o encontro

O estudante do 3º ano Hugo Moreira Beire, 17 anos, de Juiz de Fora (Polo Zona da Mata), afirmou que a experiência vivida no PJ Minas foi gratificante. Disse que por meio das discussões conheceu melhor sua região e o trabalho da Câmara Municipal. “Todo mundo entendeu que mulher sofre violência sim e merece respeito", afirmou.

Iara Boaventura, 18 anos, de Pará de Minas (Polo Oeste), ressaltou o aprendizado possibilitado por sua participação no PJ Minas. “Eu não era muito fã de política, mas hoje sou diferente e coloco a política em primeiro lugar”, ressaltou.

Vindo de Pains (Polo Oeste), Daniel Ferreira, 15 anos, aluno do 1º ano, diz que melhorou até sua relação interpessoal. “Ano passado era até machista; o PJ me ajudou a compreender melhor a situação que as mulheres enfrentam, ampliou a minha visão de mundo", contou.

Confira todas as propostas aprovadas:

Subtema 1: Violência doméstica e familiar

  • Implantação do “Código Lilás” no protocolo de atendimento a vítimas de violência contra a mulher, em toda a rede de saúde e segurança do Estado;
  • Criação de rede de abrigos para mulheres vítimas de violência doméstica e familiar e seus dependentes;

Subtema 2: Violência nos espaços institucionais de poder

  • Aprovação da PEC 16/15, para garantir a participação feminina na Mesa da ALMG;
  • Manifestação ao Congresso Nacional pedindo a revogação do parágrafo 5º do artigo 10 da Lei 9.263, de 1996, que trata do planejamento familiar;
  • Implantação do Projeto Luzia, que prevê instalação de postes em todos os locais de baixa luminosidade;
  • Disponibilização de delegacias móveis especializadas em violência contra a mulher, em municípios que não contam com órgão semelhante;
  • Criação, facultativa, de comissão em empresas públicas ou privadas para promover atividades sobre violência contra mulher e criação de ouvidorias para facilitar a prova contra assédios;
  • Pedido de providências à Secretaria de Estado de Segurança Pública para que mulheres trans e travestis cumpram penas em presídios femininos;

Subtema 3: Violência e assédio sexual

  • Ampliação de campanhas publicitárias sobre violência contra a mulher e para desmistificar o padrão de perfeição difundido na sociedade;
  • Implantação do “Parada Segura” nos transportes coletivos do Estado;
  • Ampliação dos bancos de custódia de DNA nos hospitais que executam exame de corpo de delito;
  • Divulgação da plataforma “Chega de fiu-fiu”, da organização não-governamental (ONG) feminista Think Olga, que monitora e divulga lugares com relatos de assédio.