Para deputado, protetores de animais enfrentam conflitos com vizinhos e falta de condições financeiras para alimentação e higiene adequadas
Isabela, que não recebe apoio financeiro fixo, mantém o local por meio de doações

Abrigo para animais já teve água cortada e pede apoio

Falta de políticas públicas para proteção animal é constante em municípios mineiros, diz deputado em visita a abrigo.

04/07/2018 - 14:58

Uma sacola de pães na entrada do número 1775 de uma rua em Contagem (Região Metropolitana de Belo Horizonte) é observada por um cachorro em cima do muro. Isabela Freitas logo abre o portão para receber a visita da Comissão Extraordinária de Proteção dos Animais da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Ela é a fundadora de um abrigo para animais que funciona no local e reivindica apoio do poder público para dar continuidade ao seu trabalho.

Os pães, Isabela Freitas joga fora. “Antes, nós aproveitávamos todas as doações, mas uma vez recebemos ração envenenada, agora jogamos fora quando não sabemos quem doou”, explica. Esse é apenas um exemplo dos conflitos que a dona do abrigo que leva o seu nome enfrenta. “Todo mundo acha lindo alguém ser protetor dos animais, mas ninguém quer ser vizinho de um”, diz.

Segundo o deputado Noraldino Junior (PSC), presidente da comissão e autor do requerimento para a visita, a falta de políticas públicas para abrigar e proteger os animais é uma constante em vários municípios mineiros.

“Os ativistas, então, acabam sobrecarregados e têm até a sua saúde prejudicada por essa luta”, disse. Conflitos com vizinhos e falta de condições financeiras para alimentação e higiene adequadas seriam, para o parlamentar, os problemas recorrentes dos protetores dos animais.

Essas dificuldades estão entre as relatadas por Isabela Freitas. Apoio público para tratamento dos animais com problemas graves e ajuda para a construção de uma estrutura mais adequada para recolher os animais estão entre os pedidos feitos por ela.

A protetora reforça que o trabalho que ela faz deveria ser feito pelo poder público e, mesmo assim, ela não recebe nenhum apoio. Sua solicitação imediata é que, em no máximo 30 dias, sejam recolhidos os animais em estado mais grave para serem tratados adequadamente.

Com mais de 150 animais abrigados, o local já teve a água cortada

Cinco cavalos, um bode, cerca de 140 cachorros e 20 gatos estão hoje abrigados no local que, segundo Isabela Freitas, tem espaço para cerca de 30 animais. Ela também mora na casa com seus dois filhos e alega que não resgata mais animais na rua. Contudo, as pessoas os abandonam em sua porta. Recentemente, alguém teria jogado por cima do muro um gato machucado.

O trabalho, porém, não recebe nenhum apoio financeiro fixo. Tudo é mantido, de acordo com a fundadora do abrigo, com doações conseguidas em campanhas e mobilizações online, que ficam entre R$ 3 mil e 4 mil mensais. Com o número de animais hoje abrigados, os gastos são de R$ 22 mil mensais, ainda de acordo com Isabela Freitas.

Entre os resultados, está o corte de água, já que a dívida com a concessionária chegaria a R$ 19 mil. Por isso, há duas semanas não há fornecimento de água para o local. Segundo ela, não há recursos sequer para colocar os animais para a adoção, já que, para isso, é necessário vacinar e realizar uma série de exames. “Fiz isso pela última vez no ano passado e consegui que 48 cachorros fossem adotados, mas agora devo R$ 9 mil para a clínica”, explicou.

O deputado Noraldino Junior disse que vai atuar junto à prefeitura para que sejam tomadas providências para que o local volte a ser abastecido com água. Ele disse, ainda, que vai buscar apoio da prefeitura para que os exames necessários sejam feitos de forma a realizar uma feira de adoção com os animais do Abrigo Isabela Freitas.