Na audiência, produtores rurais disseram ter organizado o Movimento Segurança no Campo, em resposta às reivindicações por terra do MST
Adriano disse que há parcialidade na definição de terras destinadas à reforma agrária
Produtores fazem apelo por segurança contra ocupações de terra

Deputados e produtores acusam o MST de praticar crimes

Participantes de audiência denunciam ameaças e uso de violência contra assentados e proprietários de terra.

21/05/2018 - 16:20

Criminosos armados que tomam de assalto terras produtivas com a conivência do Governo do Estado. Assim, deputados e produtores rurais retrataram integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que se encontram em ocupações no interior do Estado, durante audiência conjunta promovida pelas Comissões de Segurança Pública e de Agropecuária e Agroindústria para discutir conflitos fundiários que têm gerado tensão no campo.

A reunião foi marcada por denúncias sobre a conduta de membros do MST, que estariam se valendo de ameaças e violência para expulsar proprietários de terra de suas fazendas e dirigir assentamentos de acordo com suas posições ideológicas. As críticas também chegaram à Superintendência de Patrimônio da União (SPU) e ao Ministério Público (MP), que formariam, em conjunto com outras instituições, um extenso aparato de órgãos públicos responsável por dar guarida às ações ilegais de invasores.

Entre os depoimentos contra as ações do movimento dos sem-terra, destacam-se os relatos de Valdemar Silva e Amauri Camargo, ex-integrantes de um assentamento em Campo do Meio (Sul de Minas). “Esses assentamentos funcionam como um reduto eleitoral do PT. Eles atraem trabalhadores de grandes centros com falsas promessas e depois usam essas pessoas”, afirmou Valdemar.

Ele disse que, por se recusar a votar no Partido dos Trabalhadores e recriminar a conduta violenta do grupo em invasões de propriedades produtivas, passou a ser perseguido. Valdemar também acusou assentados de se prostituírem e fazer uso de drogas. “Estou correndo risco de vida”, salientou.

Segundo Amauri Camargo, que também se diz vítima de perseguição por não seguir a cartilha imposta pelas lideranças, quase ninguém produz no assentamento. Amauri contou que sua casa foi destruída e saqueada e até mesmo pediu desculpas por um dia ter participado do MST.

Produtores se organizam contra invasões

Como resposta às reivindicações por terra do MST, produtores rurais organizaram o Movimento Segurança no Campo. Adriano Coelho, que compõe o movimento, acusou a Superintendência de Patrimônio da União de parcialidade na definição de terras destinadas à reforma agrária, entre as quais parte de sua fazenda, localizada em Buritizeiro (Norte de Minas).

Após mais de uma década de disputa judicial, ele conseguiu uma sentença definitiva pela reintegração de posse da propriedade. “Aí, vieram com a história de que lá reside uma comunidade tradicional. Estão criando comunidades que pleiteiam 120 mil hectares na região”, relatou.

De acordo com Adriano, a SPU e o MP, de maneira tendenciosa, dão atenção a falsas acusações contra ele, enquanto fazem vistas grossas a crimes praticados pelos assentados, como a exploração ilegal de madeira.

“Quem vai investir na terra se grupos armados são uma ameaça permanente?”, indagou João Damásio, também representante do Movimento Segurança no Campo, ao informar que um empreendimento em Montes Claros (Norte de Minas) da ordem de R$ 600 milhões está momentaneamente suspenso, após o terreno destinado à empresa ter sido ocupado pelo MST.

Violência – Virgínia Tofani, mais uma integrante do Movimento Segurança no Campo, relatou a violência praticada durante a ocupação de uma fazenda em Capitão Enéas (Norte de Minas). Conforme informou, uma funcionária foi surrada na sede da fazenda por 18 homens armados, que procuravam pelo dono da propriedade.

Ela afirma que os invasores destruíram pastos, venderam e mataram animais e pediram R$ 100 mil para vender aos proprietários móveis e gado da própria fazenda. Diante do deferimento de ação de reintegração de posse, Virgínia disse que os líderes da ocupação debocharam da polícia, se vangloriando de ter acesso e apoio de instâncias superiores no governo.

Deputados defendem ocupação de terras devolutas

Os deputados Antonio Carlos Arantes (PSDB), Luiz Humberto Carneiro (PSDB), Sargento Rodrigues (PTB), Carlos Pimenta (PDT), Inácio Franco (PV) e Gil Pereira (PP) se posicionaram a favor dos produtores rurais, por considerarem que os métodos utilizados pelo MST e outros movimentos por terra não encontram amparo no Estado Democrático de Direito.

Os parlamentares se disseram a favor da reforma agrária, mas desde que ela seja feita sem violência e as famílias sejam alocadas em terras devolutas, aquelas sem destinação e que em nenhum momento tenham integrado o patrimônio de alguém.

“O que fizemos aqui é denunciar os abusos e proteger o direito de propriedade. Enquanto nós estivermos aqui, os produtores rurais terão voz ativa nesta Casa”, ressaltou Antonio Carlos Arantes.

Carlos Pimenta e Gil Pereira abordaram as angústias dos produtores do Norte de Minas, com ocupações de áreas que margeiam o Rio São Francisco. Na mesma linha, Luiz Humberto Carneiro e Inácio Franco relataram situações semelhantes enfrentadas por produtores no Triângulo Mineiro e na Região Central do Estado.

Sargento Rodrigues enfatizou as relações entre o MST e o Governo de Minas. “O MST é um braço à disposição do PT, há uma promiscuidade que envolve o Poder Executivo e o movimento”, observou. Ele também compartilhou com o público presente sua objeção ao Projeto de Lei (PL) 3.562/16, do deputado Rogério Correia (PT), que, no seu entender, praticamente legaliza invasões de terra no Estado.

Consulte o resultado da reunião.