Betim, atualmente, apresenta uma taxa de homicídios de 51,5 a cada 100 mil habitantes - Foto Arquivo ALMG

Onda de violência em Betim pauta reunião na ALMG

Comissão debate, na terça (8), medidas em andamento para conter sensação crescente de insegurança no município.

04/05/2018 - 11:35 - Atualizado em 04/05/2018 - 13:33

Antes conhecida nacionalmente pelo rápido processo de industrialização que serviu de exemplo de desenvolvimento para o País, atualmente a imagem de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), está ligada a um atributo não tão louvável: a violência.

Para discutir as causas desse problema e, principalmente, as medidas de enfrentamento à criminalidade no município, a Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realiza audiência pública nesta terça-feira (8/5/18), a partir das 10 horas, no Plenarinho IV, atendendo a requerimento do deputado Ivair Nogueira (PMDB), que já foi prefeito daquele município.

"A audiência pública se faz necessária porque Betim é o município mais violento de todo o Estado. Temos a expectativa de buscar soluções para diminuir essa criminalidade", afirma Ivair Nogueira. "E apesar de todo o esforço, ainda não foram alcançados resultados positivos e quem sofre é o cidadão, que permanece testemunhando diariamente uma onda de crimes de grande potencial ofensivo", completa.

Para o debate, foram convidados gestores e lideranças do município, como o atual prefeito, Vittorio Medioli, além de um representante da Secretaria Municipal de Segurança Pública. Também foram chamados representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública, das polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Líder - Com mais de 400 mil habitantes, Betim é o município mais violento de Minas Gerais, com uma taxa de homicídios de 51,5 a cada 100 mil habitantes, conforme apontou a edição de 2017 do Atlas da Violência, estudo produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

O ranking somente contabiliza municípios com população superior a 100 mil habitantes e leva em conta a taxa de homicídio somada aos casos de Mortes Violentas com Causa Indeterminada (MVCI). É que, segundo os organizadores do estudo, a análise isolada das taxas de homicídio pode ocultar o verdadeiro nível de agressão letal por terceiros em um município. Na comparação com Betim, Altamira, no Pará, lidera a relação dos municípios mais violentos do Brasil, com uma taxa de homicídio somada a MVCI de 107.

O estudo analisou os números e as taxas de homicídio no País entre 2005 e 2015. Considerando o ranking nacional, Betim ocupa a 272ª posição. No caso da cidade, a ocupação desordenada das regiões periféricas justamente por quem foi atraído pela promessa de emprego nas indústrias gerou bolsões de pobreza e de violência, agora agravada em virtude da crise econômica. Com isso, até mesmo os bairros mais centrais têm sofrido com o aumento das ocorrências e da sensação de insegurança.

Negros - Segundo o estudo, o Brasil registrou, em 2015, 59.080 homicídios. Isso significa 28,9 mortes a cada 100 mil habitantes. Os homens jovens são as principais vítimas, com mais de 92% dos casos. E a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. De acordo com informações do Atlas, os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação ao restante da população, já descontado o efeito da idade, da escolaridade, do sexo, do estado civil e do bairro de residência.

Consulte a lista completa de convidados para a reunião.