Servidores protestaram contra as condições de trabalho no Hospital Governador Israel Pinheiro
Deputados cobraram maior atenção do governo com o Hospital do Ipsemg

Deputados verificam problemas no Hospital do Ipsemg

Servidores denunciam falta de medicamentos e de profissionais e precarização do atendimento.

27/02/2018 - 15:52

O Hospital Governador Israel Pinheiro, também conhecido como Hospital do Ipsemg, está passando por uma crise financeira e administrativa, com funcionários insatisfeitos trabalhando em escala mínima de greve. Também faltam insumos básicos para o atendimento, desde sabão e soro até medicamentos para quimioterapia.

Essa foi a situação encontrada pelos deputados da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que esteve no local na manhã desta terça-feira (27/2/18). Outro dado que chamou a atenção da comissão foi a fila de cerca de sete mil pessoas aguardando para fazer cirurgias. Entre as queixas, está a falta de profissionais, como médicos anestesistas, imprescindíveis para realização das cirurgias.

Após ouvir vários representantes dos servidores e também a gerente técnica do hospital, Diva Novy Barbosa Chaves, o presidente da comissão, deputado Carlos Pimenta (PDT), decidiu enviar ofício à direção da instituição, nos próximos dias, pedindo mais esclarecimentos sobre diversas queixas dos servidores, que ficaram sem resposta após a visita.

O deputado Doutor Jean Freire (PT) afirmou que está pressionando o governo para que o hospital receba uma atenção maior, mas admitiu que a crise financeira por que passa o Estado impõe alguns limites.

“Só não podemos deixar que isso vire uma pauta política, para atacar este ou aquele, em ano eleitoral. Nossa luta deve ser pela saúde pública”, enfatizou. Os servidores e demais deputados presentes pediram ao parlamentar que seja intermediário de uma solução junto ao governo.

Parte dos problemas seria causada pelos atrasos nos repasses de recursos ao hospital. Uma reunião entre governo e representantes dos servidores em greve está marcada para esta quarta-feira (28).

Servidores reclamam de terceirização

Uma das denúncias apresentadas pelos servidores aos deputados é o que eles chamam de “terceirização indiscriminada” dentro do hospital, além da contratação de profissionais sem concurso público, muitas vezes com salários mais altos que o dos efetivos.

A baixa remuneração é outra queixa dos funcionários. O salário de um técnico de enfermagem no hospital seria de R$ 1.300 (R$ 900 líquidos, conforme diversos relatos), enquanto um enfermeiro com curso superior ganharia R$ 2.800. Esses profissionais estariam se submetendo a plantões de 36 horas corridas, para atender à necessidade do hospital, mas também para aumentar um pouco a renda.

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi apontada pela representante da direção, Diva Novy, como entrave para nomeação de novos servidores, mesmo havendo um concurso em vigor, que vence em junho deste ano. 

O deputado Bonifácio Mourão (PSDB) considerou a falta de itens básicos como irregularidade grave. Ele lembrou que o governo desconta 3,2% no contracheque dos servidores, como contribuição ao Instituto de Previdência de Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). Sobre a falta de insumos como soro, seringas e sabão, Diva alegou que as compras do hospital estão sujeitas às regras rígidas das compras públicas, o que muitas vezes atrasa o processo. 

Já a deputada Ione Pinheiro (DEM) classificou como “falta de respeito” a situação do Hospital Israel Pinheiro, que já foi um dos melhores do Estado, e sugeriu que o Ministério Público seja chamado para acompanhar o problema.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) contou que a situação dos hospitais conveniados com o Ipsemg no Sul de Minas também é bastante delicada, assim como relatou o deputado Carlos Pimenta sobre a situação em Montes Claros (Norte de Minas).

Atendimento estaria sendo sucateado

Como exemplo do sucateamento, o enfermeiro Sirlânio Cordeiro citou, ainda, o fato de o hospital não contar mais com as pequenas farmácias próprias nos setores. Os medicamentos agora seriam administrados pela empresa Unihealth (multinacional de logística hospitalar), que colocou máquinas dispensadoras de produtos em alguns pontos do hospital.

“Esta noite todas as máquinas travaram e não havia funcionários da empresa para consertar. Vários pacientes ficaram sem tomar a medicação. E isso é recorrente”, afirmou Sirlânio.

Autonomia - A maioria dos problemas levantados durante a reunião com a Comissão de Saúde poderiam ser sanados, de acordo com os servidores, se fosse devolvida ao hospital a autonomia financeira e administrativa que já houve no passado. Funcionários alegam que os recursos arrecadados com as contribuições dos servidores são desviados do Ipsemg para o caixa único do Estado.

Vários sindicalistas que acompanham o movimento, entre eles Antonieta de Cássia, da Federação Única Democrática de Sindicatos das Prefeituras, Câmaras Municipais, Empresas Públicas e Autarquias, garantem que o sucateamento do Hospital Israel Pinheiro pode culminar na privatização da instituição, muito em breve. Antonieta afirmou que a instituição está com a ala de odontologia fechada há vários anos e centenas de leitos desativados.

O Ipsemg, por meio do Hospital Israel Pinheiro e dos hospitais conveniados em todo o Estado, presta assistência médica, farmacêutica, odontológica e hospitalar a cerca de 900 mil servidores públicos estaduais e seus dependentes.

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