Comissão homenageia produtor mineiro de vinho premiado
Vinho Maria Maria, feito em Três Pontas, se destaca em competição da revista Decanter em Londres.
05/12/2017 - 18:38 - Atualizado em 06/12/2017 - 10:49A parceria bem-sucedida entre a pesquisa e o empreendedorismo foi celebrada em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta terça-feira (5/12/17). Os deputados homenagearam Eduardo Junqueira Nogueira Júnior, produtor e proprietário da Fazenda Capetinga, de Três Pontas (Sul de Minas). Ele recebeu, em junho deste ano, o prêmio World Wine Award da revista inglesa Decanter, pela produção do vinho Maria Maria, um dos vencedores da categoria bronze.
A união da tecnologia com o trabalho árduo no campo foi confirmada por Maria Lélia Rodriguez Simão, chefe de gabinete da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Ela leu texto do presidente do órgão, Rui da Silva Verneque, em que ele rememora como começou a produção de vinhos no Sul de Minas.
Numa conversa entre degustadores de vinho em Poços de Caldas (Sul de Minas), um produtor de café pergunta ao pesquisador da Epamig, Murilo Regina, se seria possível produzir vinho fino na região, ao que este responde: “Tenho como hipótese que sim, mas teríamos que adotar o procedimento de inversão do ciclo de produção da uva. Tenho procurado um louco que acredite na hipótese”. O produtor responde: “Você acaba de encontrar o louco que procura”.
Foi dessa forma que, em 1998, começou o ciclo de produção de vinhos finos de Minas, através de um médico de Poços de Caldas que acreditou em um pesquisador criativo. A esse processo se juntaram outros produtores de vinho, entre eles, Eduardo Junqueira, que em 2006 começou a produzir o vinho Maria Maria na Fazenda Capetinga (a bebida é processada na vinícola experimental da Epamig em Caldas, também no Sul do Estado).
Dupla poda - Maria Lélia Simão ressaltou o trabalho do empresário e também da Epamig, que desenvolveu a técnica da dupla poda ou inversão do ciclo da uva. Esse método consiste em realizar duas podas nas parreiras, em dezembro e agosto ou após a colheita de inverno. Com esse processo, as uvas produzidas entre maio e julho ficam menores, mas com altos teores de açúcares e antocianinas ou compostos fenólicos, fundamentais na produção de um bom vinho.
De acordo com Maria Lélia, em 2017, cinco diferentes vinhos produzidos em Minas utilizando essa técnica foram premiados. “Esta é uma prova da utilização da tecnologia para alavancar os processos produtivos, melhorar a qualidade do produto, gerar renda para o produtor e disponibilizar produtos de qualidade para a população”, comemorou.
Empresário começou a produzir vinho após sofrer infarto
Agradecendo a homenagem, o Eduardo reconheceu o trabalho do pesquisador Murilo Regina, que muito contribuiu para o sucesso da produção do vinho. Eduardo, que começou a produzir e consumir vinhos por recomendação médica, após sofrer um infarto, complementou que o prêmio recebido em Londres não foi o único de sua vinícola.
Também neste ano, em concurso com 43 marcas brasileiras, o syrah produzido em sua fazenda recebeu medalha de ouro, apesar de ser um vinho jovem. Irônico, ele citou frase atribuída a uma rainha de que “não é difícil produzir um vinho; difícil são só os 200 primeiros anos”.
O autor do requerimento pela homenagem, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), acrescentou que, no concurso em Londres, mais de 17 mil vinhos foram julgados por mais de 200 especialistas. “Eduardo Junqueira confiou no seu trabalho e por isso estamos valorizando seu espírito empreendedor”, afirmou.
O parlamentar entregou a Eduardo uma placa alusiva à homenagem, como prova de reconhecimento do seu trabalho. E lembrou que foi o autor de projeto transformado em lei que reduziu a carga tributária do vinho produzido no Estado. O deputado João Leite (PSDB) também destacou o trabalho vitorioso de Eduardo.