Leilão de equipamentos de fábrica de amônia é adiado
Grupo de trabalho com representantes do Executivo e da Petrobras estudará investidores para tirar iniciativa do papel.
14/11/2017 - 19:52 - Atualizado em 16/11/2017 - 10:32O adiamento por um prazo de 60 dias do leilão de equipamentos da Petrobras que seriam utilizados na implantação de uma fábrica de amônia em Uberaba (Triângulo Mineiro) foi comemorado pelos presentes à reunião conjunta das Comissões de Minas e Energia e de Agropecuária e Agroindústria da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta terça-feira (14/11/17).
Inicialmente, o leilão da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 5 (UFN–V) aconteceria nos próximos dias 21, 22 e 23 de novembro. A prorrogação foi anunciada pela gerente-geral de Projetos Especiais de Aquisições e Desinvestimentos da Petrobras, Márcia Springer.
De acordo com Márcia, agora, será montado um grupo de trabalho, com a participação de representantes do Governo de Minas e da Petrobras, para avaliar novas possibilidades de retomada da obra, especialmente a identificação de um potencial investidor para parceria no modelo de sociedade de propósito específico (SPE).
“Estamos com uma expectativa grande de conseguir um final feliz para essa história. O maior gasto feito nessa fábrica foi nosso e nada nos deixaria mais felizes do que encontrar um investidor interessado”, frisou a gerente-geral.
Ainda segundo Márcia, desde o início do projeto, em fevereiro de 2014, uma série de empecilhos dificultaram que o projeto da fábrica saísse do papel. “Primeiro, tivemos a postergação da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) para a construção do gasoduto, que iria de Queluzito (Central) a Uberaba. Depois, tivemos a revisão da curva de oferta de gás natural e a consequente suspensão por 120 dias do consórcio", afirmou
Além disso, completou Márcia, a Petrobras passou por momentos complicados. "Mesmo assim, repensamos o modelo de negócio, mas nenhuma empresa demonstrou interesse em investir", explicou.
Por fim, a ela lembrou que em 2015 a Petrobras perdeu grau de investimento e é uma das companhias mais endividadas do mundo. “Naquele ano, geramos R$ 21 bilhões, enquanto tínhamos uma dívida de R$ 132 bilhões. Atualmente, pagamos 7 bilhões de dólares em juros, por causa do nosso endividamento. E os bens da usina vão sendo depreciados, o custo de manutenção é grande", disse.
Gasoduto - O diretor comercial da Gasmig, Danilo de Siqueira Campos, garantiu que a companhia não medirá esforços para construir o gasoduto e fornecer gás para a fábrica de amônia. “Inclusive já está viabilizada a linha tronco do gasoduto de Queluzito. Não temos problemas nenhum na parte administrativa, nem de engenharia”, garantiu.
O prefeito de Uberaba, Paulo Piau Nogueira, falou da importância da unidade para o Triângulo Mineiro e para o agronegócio brasileiro. “Estamos alicerçados no agronegócio e consumimos 80% de fertilizantes estrangeiros. Isso é um absurdo! Essa planta é viável sim e colocá-la em funcionamento só depende de nós”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba, Romeu Borges de Araújo Júnior, sugeriu ao prefeito que a Mosaic Fertilizantes, empresa sediada na cidade, possa ser a investidora, contando com incentivos fiscais estaduais. “Se nacionalmente não tivermos apoio, que ele venha de uma empresa da própria região”, ponderou.
Novo prazo – Os deputados Antonio Carlos Arantes (PSDB), João Vítor Xavier (PSDB), Tony Carlos (PMDB) e Bosco (Avante) celebraram o adiamento do leilão e a retomada das negociações por meio do grupo de trabalho.
Presidente da Comissão de Agropecuária, Antonio Carlos Arantes destacou o desenvolvimento que a fábrica trará para o Triângulo Mineiro. “O agronegócio é que mantém o País de pé. Espero que possamos encontrar uma solução definitiva, pois ter essa planta em funcionamento seria benéfico não apenas para os mineiros, mas para o Brasil”, finalizou.