Ações educativas levam à reflexão sobre câncer de mama
Em estandes na Assembleia foram oferecidos informações, orientações e kits de embelezamento para pacientes.
18/10/2017 - 17:49Acolhimento, informação, apoio e autoestima elevada. Essa é a receita adequada para enfrentar os desafios naturais de um câncer de mama, que é indicada por mulheres que já passaram pelo drama da doença. Na véspera do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama, 19 de outubro, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) dedicou esta quarta-feira (18/10/17) para realizar ações educativas, dentro da campanha Outubro Rosa.
“Quanto mais forte emocionalmente, mais preparada a paciente se torna para encarar os desafios do câncer”, afirma a psicóloga da Diretoria de Humanização do Hospital Mário Pena, Adriane do Carmo Pedrosa. Ela coordenou uma roda de conversa sobre o assunto, atividade oferecida semanalmente pela instituição como ferramenta de apoio ao enfrentamento da doença.
Durante essas rodas, pacientes trocam informações e experiências e se apoiam mutuamente. Especialistas de diferentes áreas prestam informações, esclarecem dúvidas e orientam as mulheres sobre as fases e dificuldades do tratamento e da recuperação.
Neide Maria de Oliveira, 66 anos, é uma das pacientes atendidas, que esteve na ALMG para prestar seu depoimento de superação. Neide foi diagnosticada em outubro de 2015, quando enfrentava a doença da filha, que acabou morrendo ano passado, vítima de um Linfoma de Hodgkin. “Eu pedia a Deus todas as forças porque precisava cuidar dela e dos meus netos, de 8 e 18 anos”, relatou.
Neide passou por todo o tratamento e já recebeu alta. “É preciso muita fé, paciência e disposição para luta. Eu estou curada e feliz” - disse. Segundo ela, a prevenção lhe salvou a vida. Descobriu o nódulo numa mamografia que fez na campanha do Outubro Rosa. O exame estava marcado para dois meses à frente. “O diagnóstico precoce foi fundamental para reduzir a área atingida”, afirma.
Gilmara Esteves dos Santos, 40 anos, que também é atendida pelo Mário Pena, reforça a sugestão da amiga. “Coragem, paciência e perseverança. Precisamos passar pela doença de cabeça erguida” – afirmou.
Diagnosticada em 2013, Gilmara recebeu alta no ano seguinte, mas há cinco meses descobriu um câncer na coluna que a deixou incapacitada de andar. Em tratamento, ela já começa recuperar os movimentos e a determinação. “Não podemos desistir nunca.”, ensina.
A própria dor transformada em solidariedade
Analista em direito do Ministério Público, Nádia Bueno Gomes transformou a própria dor de enfrentar o câncer de mama em ação solidária para mulheres carentes.
Em abril deste ano, ela realizou uma campanha, pelo Facebook, de arrecadação de lenços, maquiagens e bijuterias, para distribuir para pacientes dos hospitais públicos. Ela conseguiu tantos objetos que aqueles que estavam com defeitos foram doados a outro projeto, que ensina mulheres em situação de rua a recuperar bijuterias.
Do sucesso da campanha, nasceu o projeto A Vida é Bela. Voluntários visitam os hospitais para distribuir os kits e ensinar as pacientes a ficarem mais bonitas. Elas aprendem automaquiagem e a fazer diferentes amarrações com o lenço, atividades oferecidas também na Assembleia, nesta quarta-feira (18).
“Para mim, manter a autoestima fez toda diferença no tratamento” – explica. Nas visitas às pacientes, também são realizadas dinâmicas direcionadas ao resgate do amor próprio.
Conscientização e apoio – Também participou da programação a organização não governamental Pérolas de Minas, criada por mulheres que passaram pelo tratamento do câncer de mama. O grupo promove visitas a pacientes levando lenços, pulseiras e informações, e realiza palestras, além de outras campanhas de conscientização sobre a doença.
Mantém, ainda, grupos de discussão entre as pacientes, para que tirem dúvidas e compartilhem dificuldades e conquistas. No Facebook, o grupo já conta com 283 mulheres.
Autoexame é ensinado por protótipo
Mais uma vez, a Associação de Prevenção do Câncer na Mulher (Asprecam) participou das atividades do Outubro Rosa da ALMG. No estande, as visitantes recebiam informações sobre o autoexame e aprendiam a forma adequada de se tocar e perceber os sinais.
O aprendizado é feito por meio de um protótipo de seio, dividido por quatro áreas que distinguem o órgão sadio do que apresenta a doença. No quadrante A, a mulher percebe como se mostra um seio normal; no B, o seio denso, que apresenta ondulações semelhantes a nódulos, mas que são naturais.
No quadrante C, pelo toque, é possível perceber como são os nódulos móveis, que indicam a necessidade de se procurar um especialista. Finalmente, no D, os cistos mais duros são identificados. O seio de borracha ainda tem o bico, apresentando os sinais que podem indicar o câncer: um líquido cristalino, sangue ou com cor de café.
Uma das coordenadoras da Asprecam, Danusa Coutinho, explica que a presença de nódulos não significa que seja câncer, pois alguns são benignos. O tripé do diagnóstico precoce, segundo ela é formado pelo autoexame, a mamografia anual e o exame clínico periódico.
“Quanto mais cedo iniciado, mais eficiente é o tratamento. Quanto mais tardio, mais riscos de metástases” - adverte.