Ausência de representante da Copasa na audiência motivou crítica dos participantes
Lidiane Cristina enfatizou que situação fere direito constitucional

População de Esmeraldas cobra abastecimento de água

Moradores e vereadores reivindicam da Copasa obras para garantir fornecimento em 14 bairros.

29/06/2017 - 14:47

Falta de água para tomar banho, fazer o almoço, lavar a roupa das crianças. Separadas do centro da Capital por apenas 30 quilômetros, várias comunidades de Esmeraldas (Região Metropolitana de Belo Horizonte) ainda sofrem com problemas de abastecimento, conforme relatos feitos em audiência realizada, nesta quinta-feira (29/6/17), pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

“A Copasa está em débito conosco”, resumiu a vereadora Flávia Leroy (PSD) ao criticar a ausência de representantes da concessionária de água do Estado à reunião. O objetivo era ouvir a Copasa sobre os projetos e o cronograma de obras para abastecimento de água em Esmeraldas, conforme requerimento da deputada Marília Campos (PT), que pediu a audiência.

A deputada divulgou carta encaminhada na véspera em que a presidente da Copasa, Sinara Chenna, justifica a ausência, argumentando que os projetos serão apresentados primeiro às autoridades municipais, no mês de julho. Uma vez chancelados pelo município, os mesmos poderão ser expostos à comunidade a partir de agosto, conforme aponta o documento.

Frustração e decepção foram sentimentos manifestados por moradores e outros convidados da reunião. “A empresa e o Executivo poderiam ter mandando pelo menos um representante”, defendeu a vereadora. Segundo ela, em janeiro deste ano, na Câmara Municipal, a Copasa apresentou um plano de investimentos para Esmeraldas. “Tinham inclusive acenado para uma reunião mensal conosco, mas depois isso caiu no esquecimento”, criticou ela.

“Realmente uma frustração grande", endossou o presidente da Câmara Municipal de Esmeraldas, Marcelo Nonato Figueiredo (PR). “Em vez de discutirmos coisas como um bom hospital para a cidade, estamos discutindo uma coisa tão básica como a água”, lamentou ele, questionando a ordem de prioridades do Governo do Estado. "Há dinheiro para propaganda do governo, mas não há para comprar um hidrômetro para a cidade”, comparou.

Bairros - Representante da comunidade, Lidiane Cristina Barbosa disse que 14 bairros ainda não contariam com o abastecimento de água em Esmeraldas. “Essa situação fere um direito constitucional. Ainda tenho água porque faço uma reserva de emergência numa caixa d`água. Mesmo assim, desde ontem não saiu uma gota no meu hidrômetro, mesmo pagando uma conta de R$ 184,00 no mês passado”, expôs ela.

Maria Eunice Dias de Sousa, presidente da Associação de Moradores do Bairro Vivendas, relatou que a comunidade depende basicamente do abastecimento por caminhão-pipa, que não chega às casas nas épocas de chuvas devido às más condições de acesso para o veículo. “Tentamos pegar água que escorre das calhas na chuva. Até campanha na igreja por melhorias já fiz”, disse ela.

Morador do bairro Parque do Sabiá, Robson Barroso dos Santos defendeu maior comunicação da Copasa com a população acerca dos recursos a serem investidos e do cronograma a ser cumprido. “Estou na região desde 1994 e não paramos de lutar pelo abastecimento, mas as ações estão andando a passos de tartaruga com a perna quebrada, o que irrita o povo”, desabafou ele.

Segundo Robson, o contrato de concessão vigente com a Copasa no município acabaria em 2020. “Temos locais no setor sul da BR-040 com água e o setor norte sem água”, emendou ele.

Deputada diz que cobrará projetos em agosto

Diante da ausência da Copasa, a deputada Marília Campos apresentou requerimento para que uma nova reunião seja realizada em agosto, com o mesmo objetivo de ouvir a empresa acerca dos projetos e do cronograma para Esmeraldas. E, ainda, outros requerimentos para que as notas taquigráficas da audiência sejam enviadas à Copasa, à Prefeitura de Esmeraldas e à Secretaria de Estado de Cidades e Integração Regional.

Mesmo endossando a frustração quanto à ausência da empresa na reunião, a deputada ponderou que a gestão atual estaria demonstrando um perfil de maior proximidade com a população em reuniões nas comunidades. Ela cogitou que a justificativa para o adiamento, para agosto, da presença da concessionária poderia envolver inclusive uma justificativa legal, de apresentar os projetos primeiro ao poder concedente, no caso ao município. "Mas vamos continuar nessa luta pela universalização da água, iniciada em Esmeraldas em 2015, junto com essa persistência dos moradores", frisou ela.

Fazendo um histórico da mobilização das comunidades por esse direito, a deputada acrescentou ser testemunha do esforço dos moradores para que a água chegue à torneira de cada casa. “Muitos ainda são obrigados a andar para conseguir água ou dependem de caminhões-pipa, vivendo a humilhação de pedir favores”, criticou.

Na sua avaliação, ouvir os relatos na audiência significou fazer um registro histórico de uma situação de luta das mais relevantes. “Temos acompanhado a agenda da Copasa diariamente. Os moradores são lutadores e isso é histórico, pois a água é geradora de desenvolvimento econômico e social; é questão de infraestrutura básica”, registrou ela.

Consulte o resultado da reunião.