Composições do metrô de BH poderão operar com oito vagões
Ampliação do número de passageiros poderia gerar recursos para financiar expansão do sistema, avalia deputado federal.
24/11/2016 - 20:01Nos próximos meses, será implantado no metrô de Belo Horizonte um sistema com câmeras de vídeo que permitirá que os trens dobrem sua capacidade atual, de quatro vagões, para oito. Essa medida simples propiciará o forte aumento do número de passageiros atual (cerca de 270 mil por dia), ampliando consequentemente a arrecadação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
O anúncio foi feito pelo deputado federal Diego Andrade (PSD-MG), que participou de audiência da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quinta-feira (24/11/16). A reunião teve como objetivo debater melhorias no transporte público em Belo Horizonte e foi solicitada pelo deputado Anselmo José Domingos (PTC), vice-presidente da comissão.
Segundo Diego Andrade, o aumento da arrecadação com o maior movimento do metrô de BH qualificaria a superintendência regional da CBTU a buscar sua autonomia. Atualmente o braço mineiro da CBTU arrecada por ano R$ 102 milhões, o que representa 60% da arrecadação da estatal federal, de acordo com o parlamentar.
A empresa também administra os metrôs de quatro capitais do Nordeste: Recife, Natal, Maceió e João Pessoa. A companhia tem sua sede no Rio de Janeiro, apesar de não ser responsável pela administração do metrô carioca.
Por esses motivos, Andrade, que é membro da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, defende a emancipação da parte mineira da CBTU. “A autonomia de gestão tornará viáveis vários projetos de expansão, que estão parados há muitos anos", observou.
Ele vislumbra, com a implantação do sistema de câmeras de vídeo, um aumento de 50% no número de passageiros no curto prazo. No longo prazo, o metrô de BH poderia dobrar sua quantidade de usuários. Tendo mais recursos em caixa e gestão autônoma, a CBTU poderia viabilizar o ramal do Barreiro num prazo de oito anos, na avaliação de Andrade.
O deputado federal avalia que, com a tarifa atual de R$ 1,80, o metrô de Belo Horizonte subsidia os sistemas que a CBTU opera no Nordeste (com passagens a R$ 0,50), e por isso, é praticamente impossível para a empresa ter recursos em caixa para financiar a ampliação das linhas na Capital mineira.
Verbas para expansão são insuficientes
O deputado Anselmo José Domingos acrescentou que até 2003, o projeto de construção do ramal do Barreiro recebeu alguns recursos federais, usados em esqueletos de estação, partes de muros e desapropriações. Como as verbas são insuficientes, em muitos trechos estão ficando espaços abertos que acabam servindo para abrigar moradores de rua, usuários de drogas e depósitos de lixo, alertou ele.
Em 2004, rememorou o parlamentar, o então ministro das Cidades, Olívio Dutra, anunciou a construção do ramal do Barreiro. “Foi feita uma grande festa, mas ficou só nisso”, lamentou. Ele ficou esperançoso depois de ouvir Diego Andrade. “Ele se colocou à disposição para lutar pelo metrô de BH, com uma estratégia viável”, elogiou.
Metrô de BH tem 28 km de extensão
O superintendente regional da CBTU, Miguel da Silva Marques, informou que o metrô de BH conta com 19 estações e atinge 28 km de extensão. São 275 viagens por dia, feitas a cada sete minutos nos horários de pico. A integração com ônibus é feita em seis terminais.
Em Minas Gerais, a CBTU tem 1.100 empregados concursados. “Temos enfrentado a falta de verbas na empresa e mesmo assim, todo dia colocamos o trem para rodar”, afirmou. Ele apoiou o projeto de Diego Andrade, dizendo que há um estudo mostrando a demanda reprimida no metrô de BH, especialmente nos horários de pico.
Metrominas propõe estadualização do metrô
Djaniro Silva, diretor de obras da Metrominas (empresa que tem como acionistas o Governo do Estado e as Prefeituras de Belo Horizonte e de Contagem), concordou com a proposta de separação do braço mineiro da CBTU. Ele avaliou que, pelo arcabouço legal no qual a Metrominas está inserida, o ideal é que o metrô de BH seja estadualizado.
Em resposta, Andrade afirmou não se importar com o modelo a ser adotado, se federal ou estadual, desde que seja dada autonomia ao metrô de BH. Mas ressalvou que a estadualização poderia criar indefinições, especialmente na área trabalhista, que provocariam atrasos no processo de expansão do sistema. “Num primeiro momento, seria mais simples federalizar e separar a estatal mineira, para depois se pensar na estadualização”, concluiu.