Também participaram do ato dirigentes da CUT-MG, MAB, Sindieletro e do Levante Popular da Juventude
Nilmário Miranda enfatizou que polícia agiu de forma arbitrária

Governo e deputados condenam ação contra o MST

Comissão de Direitos Humanos critica invasão da Polícia Civil de São Paulo à Escola Florestan Fernandes.

09/11/2016 - 18:07

Poderes Executivo e Legislativo, Ministério Público, Defensoria Pública e representantes de instituições da sociedade civil se uniram, nesta quarta-feira (9/11/16), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), em um ato contra a tentativa de criminalização dos movimentos sociais e de desagravo ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em decorrência da ação da Polícia Civil de São Paulo na Escola Nacional Florestan Fernandes, na última sexta-feira (4), considerada ilegal e abusiva. A escola é vinculada ao MST.

“Isso que aconteceu em São Paulo é o início de um planejamento para algo muito pior”, advertiu o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, Willian Santos, durante o encontro na Assembleia, referindo-se à ameaça de criminalização dos movimentos sociais.

Durante o encontro, o Governo do Estado foi representado pelo secretário de Direitos Humanos, Participação Popular e Cidadania, Nilmário Miranda, e pela chefe de gabinete da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão e coordenadora da Mesa de Diálogo e Negociação de Conflitos, Lígia Pereira.

Gladys Cristina de Oliveira, militante do MST que estava na Escola Florestan Fernandes no momento da ação policial, relatou que os policiais invadiram a escola apresentando apenas um mandado judicial por meio do aplicativo WhatsApp, sem qualquer assinatura. Mesmo advertidos de que esse documento não era válido, os policiais entraram na escola armados, dispararam tiros no chão, espancaram e prenderam o professor Ronaldo Valença, de 64 anos. Outras pessoas também foram detidas, inclusive Gladys de Oliveira.

Deputados condenam ação da polícia paulista

Autor do requerimento para realização da reunião, o deputado Rogério Correia (PT) convocou os movimentos sociais a se unirem contra o abuso de autoridade. “Hoje é o MST, amanhã serão os movimentos estudantis e os sindicatos”, afirmou.

Os deputados André Quintão (PT), Geraldo Pimenta (PCdoB), Cristiano Silveira (PT) e Doutor Jean Freire (PT) e a deputada Marília Campos (PT) também prestaram solidariedade ao MST. “Mais do que nunca, vamos precisar de muita coragem. É um momento grave e vai piorar”, afirmou Cristiano Silveira, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG.

O secretário Nilmário Miranda afirmou que a invasão na Escola Florestan Fernandes foi arbitrária e por motivos obscuros. “Questão social não é assunto de polícia, é assunto de política”, afirmou. A coordenadora da Mesa de Diálogo do Governo do Estado, Lígia Pereira, acrescentou que o órgão atua hoje para resolver 153 conflitos no campo, em toda Minas Gerais.

O dirigente estadual do MST, Ênio Bohnenberger, também repeliu as acusações de que o MST estaria organizando uma milícia armada no Paraná, na região da Fazenda Araupel, nos municípios de Quedas do Iguaçu e Rio Bonito do Iguaçu. Representante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, a jornalista Lidyane Ponciano afirmou que matéria divulgada pela Rede Globo sobre o caso não ouviu representantes do MST em nenhum momento, apenas a polícia. Bohnenberger negou que fuzis mostrados na reportagem fossem do MST.

Ao comentar o que ocorreu em São Paulo, o promotor Afonso Henrique de Miranda Teixeira, coordenador do Centro de Apoio Operacional da Promotoria de Justiça de Conflitos Agrários, disse que o órgão não aceitará nada parecido em Minas Gerais. “Não sei o que vai acontecer no Paraná e em São Paulo. Em Minas Gerais, o Ministério Público tem posição institucionalmente firmada de que a luta por direitos fundamentais não pode ser criminalizada”, afirmou o promotor.

Também participaram do ato dirigentes da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), do Sindicato dos Eletricitários (Sindieletro) e do Levante Popular da Juventude.

Tentativa de homicídio – Ao final da reunião, o deputado Cristiano Silveira afirmou que a Assembleia cobrará da Polícia Civil mineira a apuração da tentativa de homicídio sofrida por Antônio Gaspar Flores, na última sexta (4), na Fazenda São Severino, em Guarda-Mor (Noroeste de Minas). Antônio Flores, ainda muito machucado, participou da reunião na Assembleia. Ele disse que só escapou por fingir-se de morto e que seu agressor confessou, durante o crime, que teria recebido R$ 5 mil de um fazendeiro para matá-lo.

Consulte o resultado da reunião.