Preso injustamente por 18 anos fará relato na Assembleia

Comissão de Direitos Humanos ouvirá artista plástico confundido com estuprador em Belo Horizonte.

12/08/2016 - 10:31

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ouvirá o artista plástico Eugênio Fiúza Queiroz, de 66 anos. Ele foi confundido com um criminoso e ficou 18 anos preso, por suspeita de cometer vários estupros em Belo Horizonte. A audiência pública será na quarta-feira (17/8/16), às 9 horas, no Auditório.

Eugênio Fiúza foi detido em 1995, ao ser reconhecido por uma vítima, e depois por outras oito. Apontado, na época, como o "maníaco do Anchieta", foi condenado a 37 anos de prisão. De acordo com o deputado Cristiano Silveira (PT), presidente da comissão e autor do requerimento para a reunião, o objetivo é dar oportunidade ao artista plástico de contar sua história e relatar o que viveu na prisão.

“Queremos com isso sensibilizar o Poder Judiciário, para que o processo de pedido de indenização para o senhor Eugênio possa ganhar celeridade. O Estado precisa fazer essa reparação o mais rápido possível”, defende o parlamentar.

Entenda o caso

O ex-bancário Pedro Meyer, autor da série de crimes nos anos 1990, foi reconhecido em 2012, e condenado a 13 anos de prisão. Atualmente, cumpre pena em uma penitenciária de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ele apresentava grande semelhança física com Eugênio Fiúza. Assim, as autoridades esclareceram que o artista plástico havia sido preso por engano, por ter sido confundido com o criminoso. Na época, o caso ganhou repercussão na imprensa nacional.

Eugênio Fiúza relatou, em entrevistas, que foi torturado durante o tempo em que ficou preso. Nesse período, a mãe dele e os cinco irmãos faleceram. Atualmente, ele vive com a única irmã que tem. Ele também diz que, mesmo depois de ter sido inocentado, ainda sofre preconceito.

“O senhor Eugênio vai sempre ao nosso gabinete. Estamos acompanhando o processo dele na Justiça. Ele pede indenização para poder comprar uma casa, montar um estúdio de artes e retomar a vida. Ele também quer escrever um livro sobre esse lamentável episódio. É o mínimo que o Estado deve fazer depois de ter praticamente destruído a vida dele”, explica o deputado Cristiano Silveira.