Deputados defendem apoio público ao ramo sucroenergético
Em Campo Florido, comissão visitou feira do setor, penalizado por crise devido ao baixo preço do combustível.
11/08/2016 - 16:40A importância do setor sucroenergético e agropecuário para a economia mineira e a necessidade de apoio do poder público ao segmento como um todo foram os principais assuntos tratados na abertura da 8ª edição da Canacampo Tech Show, maior evento mineiro do setor sucroenergético, nesta quinta-feira (11/8/16). Parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) participaram da solenidade, realizada em Campo Florido (Triângulo Mineiro), para o qual a Comissão de Desenvolvimento Econômico promoveu uma visita oficial da ALMG.
A feira é composta por vários estandes de empresas e instituições que divulgam produtos e serviços voltados para o segmento sucroenergético. Entre as atrações mostradas estão caminhões, tratores e outras máquinas para plantio e colheita da cana, além de insumos à produção, como sementes e adubos, e ainda, oferta de novas tecnologias, de mecanização e de enriquecimento do solo.
Canacampo é também a sigla da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido, fundada em 2000, que fornece 100% de sua produção à Usina Coruripe Açúcar e Álcool, instalada no município.
Fazem parte da Canacampo 236 associados, sendo 59 fornecedores de cana-de-açúcar e 177 arrendadores de terra em oito municípios do Triângulo Mineiro: Campo Florido, Pirajuba, Conceição das Alagoas, Planura, Frutal, Prata, Comendador Gomes e Veríssimo.
Além de prefeitos do município e vizinhos, produtores rurais, especialistas, empresários e outros envolvidos no setor, compareceram à feira os deputados: Antônio Carlos Arantes (PSDB) e Felipe Attiê (PTB), presidente e vice da comissão; Fabiano Tolentino (PPS) e Inácio Franco (PV), presidente e membro da Comissão de Agropecuária; e ainda, o deputado Tony Carlos (PMDB). Antônio Carlos Arantes e Fabiano Tolentino solicitaram a visita à Canacampo Tech Show.
PIB mineiro - Em entrevistas durante o evento, os deputados valorizaram o papel do ramo sucroenergético na formação do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais e reconheceram a necessidade de maior atuação do poder público no fomento ao agronegócio.
Antônio Carlos Arantes classificou a Canacampo como uma grande vitrine do que há de melhor nessa área, fundamental para o desenvolvimento do Brasil. “Esse segmento fornece combustível limpo e barato, além de gerar emprego e renda na área rural”, sublinhou, lembrando que Minas é o 2º maior produtor de açúcar e o 3º maior de etanol.
Quanto ao apoio governamental, o deputado lembrou que, em 2014, quando Antonio Anastasia era o governador do Estado, foi reduzida a alíquota do ICMS do etanol de 19% para 14%, tornando mais competitivo o produto mineiro no Brasil. Para ele, falta agora o governo atuar no estímulo ao consumo do álcool, aumentando a divulgação do produto e valorizando os benefícios do seu uso.
Nesse sentido, Fabiano Tolentino reforçou que a participação da Assembleia na Canacampo Tech Show tem como um dos objetivos mostrar a importância do produtor rural. “Quanto mais produzirmos, melhor será para o PIB mineiro, que hoje tem no agronegócio um de seus pilares, representando mais de um terço desse PIB”, apontou.
“O Triângulo Mineiro é o 'cerrado que deu certo'”, avaliou Felipe Attiê, para quem a região foi muito bem aproveitada na produção agrícola. “Temos a policultura implantada no Triângulo, com plantações de cana, café, milho, soja, um verdadeiro celeiro para o País”, elogiou. Na sua avaliação, falta apenas maior incentivo por parte dos governos. Uma das formas, segundo ele, se daria por meio de investimento pesado em empresas públicas que apoiam o setor, como a de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e a Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Já para Inácio Franco o incremento da atividade sucroenergética pode ser a solução para a ocupação produtiva de grandes extensões de terra no Estado, principalmente no Triângulo e na região Noroeste. Inácio Franco explicou que produtores rurais têm sido incentivados a plantar a cana, que depois é comprada pelas usinas de álcool e açúcar. Ele exemplificou que, em Paracatu (Noroeste de Minas), foi implantada uma das maiores usinas de açúcar e álcool da América Latina, ampliando os empregos e a renda na região.
Por fim, Tony Carlos também enfatizou a importância da redução do ICMS para o álcool, o que propiciou a melhoria do preço desse produto em Minas Gerais. Sobre o papel do poder público no estímulo ao setor, o deputado defendeu que os parlamentares intercedam junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, de modo a agilizar a liberação de licenças ambientais.
Setor sucroenergético vive crise há cinco anos
O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado de Minas Gerais (Siamig), Mário Ferreira Campos Filho, registrou que o setor, depois de vivenciar uma crise aguda nos últimos cinco anos, está agora tentando se reerguer. Os principais motivos da crise, conforme Mário Filho, seriam a manutenção artificial dos baixos preços dos combustíveis pelo governo federal, o que provocou o endividamento das usinas, além da seca nos últimos anos e da alta taxa de juros.
Mário Filho esclareceu que a indústria e os produtores passam agora por uma fase de adequação, com busca de mais tecnologia, para conseguir aumentar as margens de lucro e reduzir o endividamento, ampliado durante a crise.
O sindicalista elogiou a redução para 14% do ICMS no etanol, mas acredita que os governos precisam fazer mais pela atividade. Mário Filho ressaltou que, além da produção de açúcar e álcool, o setor gera energia do bagaço da cana, a chamada biomassa, a qual é responsável pela geração de energia elétrica para 5% das residências do Estado.
Financiamento - O presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Marco Aurélio Crocco, também reconheceu que a crise no preço do álcool fez com que o banco voltasse a atuar no fomento ao agronegócio. “Desde 2015, o BDMG tem participado do esforço de reerguimento do setor agroenergético. Hoje, já temos várias linhas de financiamento, com um total de R$ 200 milhões aplicados”, relatou.
Já o presidente da Canacampo, Ademir Ferreira de Mello Jr., também enfatizou que a crise do setor foi agravada pela inflação, que contribuiu para o aumento do frete e a consequente redução da margem de lucro. “Vamos precisar da compreensão do poder público, que precisa nos ajudar, com mais crédito”, cobrou. Também criticou a proposta do governo de importar álcool, apesar de toda a estrutura que o País possui para produzir o insumo. E reclamou que os produtores rurais têm sido muito cobrados, mas sem ter uma contrapartida em termos de crédito e apoio governamental.
Homenagens – Durante o evento, foram homenageadas pela Canacampo várias personalidades, por terem prestado “relevantes serviços ao agronegócio brasileiro”. Entre elas estava o deputado Fabiano Tolentino, que de acordo com a organização, lidera uma “comissão que defende o agronegócio e o setor produtivo no Parlamento mineiro".
A entidade ressaltou ainda que a comissão já foi presidida por Antônio Carlos Arantes e pelo ex-deputado Paulo Piau, atual prefeito de Uberaba (Triângulo Mineiro).