As principais demandas dos servidores do Hospital Governador Israel Pinheiro são redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais e revisão do plano de carreira
Edvalth Pereira (à direita) revelou ter ficado espantado com a situação do Ipsemg, ao assumir a vice-presidência

Governo recebe ultimato dos servidores do Ipsemg

Data final para pronunciamento sobre demanda de trabalhadores da saúde será 9 de maio. Servidores sinalizam greve.

19/04/2016 - 19:35

A realização de reunião com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) e o Sindicato dos Servidores do Ipsemg (Sisipsemg) no próximo dia 9 de maio foi acertada durante audiência da Comissão de Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada nesta terça-feira (19/4/16), no Espaço José Aparecido de Oliveira. Representantes do Sisipsemg estabeleceram esta como data final para que o Executivo se pronuncie sobre as principais demandas dos servidores do Hospital Governador Israel Pinheiro: a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais e a revisão do plano de carreira. 

A presidente do Sisipsemg, Maria Abadia de Souza, disse que os servidores entrarão em greve caso o governo chegue à reunião sem um posicionamento definitivo. Segundo ela, as demandas são antigas e foram apresentadas a Pimentel quando ele ainda era candidato a governador. “Um ano depois, ainda não tivemos retorno e estamos aqui hoje para cobrar. Cansamos de esperar”. A diretora de Relações Sindicais Institucionais do Sisipsemg, Antonieta de Cássia de Faria, foi ainda mais assertiva: “Estamos em estado de greve, faltando pouco para pararmos. A redução é medida simples, que já podia valer praticamente sem impacto financeiro. As 30 horas são para prestar serviço de qualidade, com condições físicas e emocionais. Os servidores estão carregando a instituição nas costas”.

Representando o instituto, o vice-presidente do Ipsemg, Edvalth Rodrigues Pereira, disse que, ao assumir, ficou espantado com a situação que encontrou, tendo a atual gestão dificuldades para colocar as contas em dia. “Abrimos um canal de comunicação constante com o sindicato e, no próximo dia 28, teremos uma reunião técnica com a Seplag para discutir avanços nas demandas de vocês. Por um tempo, isso ficou parado. Mas agora sentimos que poderemos chegar a um acordo”.

Autor do requerimento que deu origem à reunião, o deputado Rogério Correia (PT) assumiu o compromisso de pressionar o governo para que, na reunião do dia nove, à qual também estará presente, seja apresentado um posicionamento definitivo do Estado. “Queremos restruturar o Ipsemg. Fizemos um fórum de debate sobre o assunto, com a presença de servidores de todo o Estado. O Ipsemg sofreu muito com o choque de gestão do governo anterior, passou por desestruturação salarial, de pessoal e de carreira".

O deputado Professor Neivaldo (PT) ressaltou a importância do Ipsemg para todos os servidores públicos e o quanto os trabalhadores da saúde precisam e merecem ser valorizados. “Se queremos qualidade no atendimento que recebemos, temos que valorizar. É essencial! Sabemos da realidade do Estado, das dificuldades financeiras, mas temos que atendê-los. Eles estão por um fio! E o debate das 30 horas já é feito em âmbito nacional há bastante tempo. Em Minas, nós avançamos nas demandas da educação e queremos também avançar na saúde”.

Representantes do Sisipsemg apresentaram outras demandas, além de repudiarem o Projeto de Lei Complementar (PLC) 257/16, em tramitação na Câmara dos Deputados. O projeto prevê uma série de exigências fiscais para os Estados como condição para adesão ao plano de auxílio aos Estados e ao Distrito Federal. Tais exigências incluem o corte de diversos direitos trabalhistas, incluindo a proibição da carga horária de 30 horas. “Se esse projeto passar, não teremos nada. Os terceirizados vão imperar. Lutamos contra essa maldade contra os servidores públicos. É uma proposta de legislação absurda”.

A presidente do Sisipsemg, Maria Abadia, também pediu melhoria salarial; concurso público para áreas que não o tiveram recentemente e que, em breve, terão grande número de servidores se aposentando, como a odontológica; e nomeação para 150 cargos previstos no último concurso realizado. “Para que os profissionais sejam chamados e fiquem, não desistam do emprego, a melhora salarial é fundamental”, explicou.

Já a diretora do Sisipsemg, Antonieta, falou da pressão sofrida pelos trabalhadores para não participarem de manifestações por melhorias para a categoria. “A pressão das chefias é muito grande, é preciso interferência da direção para liberarem servidores que desejam comparecer aos eventos”. Servidores presentes à reunião relataram o uso da avaliação de desempenho e de estágio probatório como instrumento de chantagem.

O vice-presidente do Ipsemg disse que a diretoria está atenta à recomposição do quadro dos servidores, tendo formado uma comissão para fazer levantamento dos funcionários que devem se aposentar em breve e verificar a necessidade de novos concursos. “Com a dengue e a H1N1, estamos mais demandados que nunca. Concursos e a nomeação de novos servidores são demandas constantes, estamos buscando concretizá-las”, completou.

Consulte o resultado da reunião.